4, 5 e 6 de dezembro

* Conforme publicado na edição 819, antes do adiamento da votação da reforma da previdência e da greve nacional.

A Câmara Federal acaba de aprovar a Me­dida Provisória 795, conhecida por MP da Shell, de benefícios fiscais para as multi­nacionais petrolíferas explorarem o Pré-Sal, provocando um rombo 1 trilhão de reais nos cofres públicos.

Agora, esta mesma Câmara se prepara para votar, em 6 de dezembro, o desmonte da Previdência. Preparação, se entenda, que é aumentar o preço da venda do voto de cada um dos 308 deputados, necessá­rios para garantir o quórum e avançar, em primeira votação, contra a aposentadoria dos trabalhadores.

Disposto a pagar com recursos públi­cos o que for preciso – como foi feito nas duas votações que o livraram de ser in­vestigado – Temer 3% tenta, aos trancos e barrancos, satisfazer o apetite do capi­tal financeiro entregando os recursos da Previdência à especulação.

O mercado, receoso de que o governo não consiga, pressiona com os índices da bolsa e o preço do dólar. Num jogo que inclui uma reu­nião do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com representantes do banco J.P Morgan dos EUA, no mesmo dia em que deve anunciar se mantém ou não a votação da contrarreforma da Previdência para 6 de dezembro.

Mas, na véspera da pretendida votação na Câmara, em 5 de dezembro, as centrais sindicais chamam um dia de greve nacional em defesa da Previdência. Uma mobilização em condições difíceis, é verdade, mas que aponta a via pela qual é possível obstruir o caminho traçado pelo golpe. Afinal a Previ­dência não foi destruída no primeiro semes­tre, como queriam os golpistas, por obra da resistência dos trabalhadores. Resistência, que impede que o golpe se estabilize e a crise política se aprofunda.

A combinação é essa, prosseguir na resis­tência e ir consolidando a perspectiva que abre a verdadeira saída política para o país, saída que nesta etapa começa por Lula pre­sidente.

Saída necessária para desfazer, uma a uma, todas as medidas já efetivadas. Como reto­mar o controle do Pré-Sal e usar sua riqueza em benefício da nação, recuperar os direitos trabalhistas inscritos na CLT, anular a PEC 95 que limita o teto dos gastos sociais, enfim todos os ataques golpistas. Saída política ne­cessária também para desmantelar as atuais instituições que promovem esta lambança contra o povo que é quem deve decidir, através de uma Constituinte Soberana, quais instituições o país precisa para promover as reformas necessárias e atender suas necessi­dades secularmente reprimidas.

É com esse anseio que o povo olha esperan­çoso para Lula, como mostraram as caravanas do Nordeste e Minas Gerais, o que deve voltar a se manifestar no Espirito Santo e Rio de Janeiro, onde Lula começa uma caravana no dia 4 de dezembro.

Esperança que, para ser correspondida, exige que o PT faça valer as resoluções do seu 6º Congresso. Para que não se repitam erros, como a participação nos governos do PMDB fluminense que jogou o Rio na grave crise que enfrenta o estado. Erros que fragilizaram o partido no combate para impedir o golpe.

Após o dia 5 de dezembro, seja qual for o alcance da greve nacional na qual estamos empenhados, após o dia 6 de dezembro, seja qual for o resultado na Câmara, se o governo conseguir colocar em votação a contrarrefor­ma da Previdência, a única coisa certa é que a luta vai continuar. Nesta luta os trabalha­dores precisam de um PT reconstruído para descontruir tudo que foi feito pelo governo golpista e construir um Brasil soberano.

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