A farsa que destrói a nação

Ao se fazer representar por um farsante fantasiado de presidente, diante do Palácio do Planalto, Bolsonaro se revela. Enquanto diverte sua plateia, que se anima com o circo, debocha e tripudia do resultado pífio do PIB em seu primeiro ano de governo (1,1%) com a segurança de quem cercou-se de generais para manter-se no cargo obtido pela farsa jurídica, midiática e parlamentar que desde 2016 corroem aceleradamente a soberania nacional e as condições de vida do povo trabalhador.

Pouco lhes importa – a ele, seus aliados, mesmo se tampam o nariz frente ao cheiro do esgoto que seu governo exala, e aos generais – que milhões de brasileiros estejam jogados no desemprego ou na informalidade. Pouco lhes importa se milhões de famílias estejam empurradas à fome com o corte do Bolsa Família ou se o feminicídio cresce exponencialmente no país, enquanto cortam gastos de políticas de proteção à mulher.

Pouco lhes importa – ao contrário há incentivos – que policiais amotinados e contaminados pela milícia coloquem em risco a vida do povo trabalhador ou se vão para o ralo os serviços públicos e as riquezas nacionais. Com a vulgaridade do atual presidente, ou com a “elegância” dos partidos e instituições que lá o puseram, foi para isso que vieram.

Os direitos e a soberania são os alvos a serem destruídos e a isso eles estão unidos.

Mal se esconde a hipocrisia dos que querem “civilizar” o presidente. De FHC a Rodrigo Maia, passando pela Globo, Estadão e toda grande mídia, é como se dissessem: tenha “bons modos” para prosseguir a tarefa de jogar o país e seu povo no abismo pretendido pelo capital financeiro.

Nesta tragédia planejada e anunciada uma questão se coloca: a eleição de 2022 está longe e, pior, pode não chegar! O plano do atual governo não é outro senão imperar sobre tudo e sobre todos, inclusive aos que lhe aconselham “bons modos”.

A situação é grave e vai passando a hora de deter este caminho ao abismo, tarefa para a qual a responsabilidade maior é do PT. Depois de rejeitar no seu 7º Congresso nacional a orientação política de lutar pelo fim do governo Bolsonaro (levando junto Mourão, Moro & Cia), o partido enveredou num perigoso caminho de “minorar danos” e “preparar-se” para 2022. Seus governadores atacaram direitos com suas reformas da previdência, a mesma que Dória aprovou em São Paulo, jogando a tropa de choque contra a massa de servidores. No Ceará Camilo Santana apela à Garantia da Lei e da Ordem (GLO), colocando na mão do Exército – o mesmo que protege o candidato a imperador – a solução, numa situação em que a militarização que avança no país é parte do plano de Bolsonaro.

É preciso reverter este curso e para isso há um caminho. Ele não passa, por exemplo, por enredar o partido, nas eleições deste ano, em alianças com os responsáveis de ontem e hoje, pela política que está destruindo o país.

O caminho é apontado pelos petroleiros que com uma greve tentaram reverter demissões e o desmonte da Petrobras, e seguem em luta. É apontado também pelos trabalhadores da educação e os servidores que convocam uma greve nacional. São demonstrações de resistência que precisam se unificar e ter um ponto de apoio que lhes abra uma perspectiva que ponha fim a este governo, antes que ele ponha fim ao pouco que foi conquistado em direitos e soberania.

Dia 18 de março pode ser um primeiro passo neste caminho, e assim deve ser assumido.

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