A fundação da IV Internacional, uma necessidade histórica

Por Lucien Gauthier

“A situação política mundial em seu conjunto se caracteriza, antes de tudo, pela crise histórica da direção do proletariado.” É assim que se abre o programa de fundação da 4ª Internacional, adotado em setembro de 1938.

Para Léon Trotsky, fundando a 4ª Internacional, se tratava da continuação do combate da 1ª, da 2ª e da 3ª Internacionais.

O método de Trotsky para construir um partido e uma Internacional é uma atualidade, porque ele demonstra que a defesa intransigente dos princípios e do livre debate, não são de nenhum modo contraditórios entre si. É neste método que se inspirará Pierre Lambert para começar a formular, em 1948, o que se definirá mais precisamente nos anos 60 em relação a construção do partido. As reticências e hesitações que surgiram nos anos 30, frente á orientação de L. Trotsky vão, com efeito, ressurgir com força, depois de seu assassinato e no pós-guerra. Os dirigentes da 4ª Internacional, não captaram o que significava a orientação da intervenção na luta de classes para construir o partido.

A fundação da 4ª Internacional há 70 anos, em 1938, não constata uma atitude autoproclamatória de Trotsky de que exista uma nova Internacional depois da falência da 3ª Internacional, mas, o resultado de um combate político no seio do movimento operário durante uma quinzena de anos.

A 4ª Internacional planta suas raízes no combate no combate contra a burocratização do partido russo pela oposição de esquerda, que viria ser a oposição de esquerda internacional (OGI), entendido seu combate no seio da Internacional comunista, para se transformar em seguida na Liga comunista internacionalista (LCI), depois do naufrágio da Internacional Comunista em 1933.

De 1923 a 1933, com a oposição de esquerda, Trotsky não vai cessar seu combate a burocratização do partido e da Internacional, para seu restabelecimento. A política antifrente única do PC alemão, sob a égide de Stálin, permitiu a vitória de Hitler e a derrota do mais potente proletariado. Fazendo referência à traição dos dirigentes da 2ª Internacional, em agosto de 1914, Trotsky concluiu: “O stalinismo na Alemanha, teve seu 4 de agosto.”

Desde 12 de março de 1933, numa carta à OGI, Trotsky afirma que é necessário construir um novo partido na Alemanha. Depois, num relatório com os desenvolvimentos na luta da classe operária mundial, ele escreve em julho de 1933: “É necessário construir o novo PC e uma nova Internacional.” Este é um giro maior para a oposição de esquerda que, até o momento, não havia sido mais que uma oposição lutando pelo restabelecimento da IC. Certo, a OGI estava constituída como uma organização internacional com os melhores elementos da IC que haviam combatido sua degeneração, mas eles não eram mais que alguns milhares, excluídos, perseguidos e reprimidos.

Trotsky tem consciência, e, além disso, lhes escreverá que sua principal tarefa será transformar o núcleo de militantes convencidos, melhor formados até então na oposição no interior dos PCs numa atitude propagandista, em militante intervindo na luta de classes, em quadros operários da onda revolucionária inevitável, preparados teoricamente e armados praticamente para enfrentar a gigantesca tarefa de construir o novo partido e uma nova Internacional.

Esta questão não é secundária, pois é esta incompreensão do bolchevismo por parte dos dirigentes trotsquistas franceses, que vai permitir a liquidação da 4ª Internacional em 1951-53, sob a orientação de P. Franck, M. Pablo. É esta crise de desagregação da 4ª Internacional que impediu a possibilidade dela  jogar um papel mais ativo no processo revolucionário destes 60 últimos anos. O pablismo tem a responsabilidade sobre os limites do desenvolvimento da 4ª Internacional pela contra-revolução.

Isso não teria acontecido, não fosse a incompreensão dos dirigentes do SI, notadamente os franceses do pós-guerra, do método bolchevique de construção do partido por Trotsky.

Em “Alguns Ensinamentos de Nossa História”,Pierre Lambert diz: “Uma clivagem começa a ser operada entre os que mais ou menos de forma confusa recusam intervir na classe – refugiando-se na atividade jornalista e numa política de contato com os intelectuais ideológicos, que pretendem forjar ‘a opinião pública de esquerda’ – e aqueles  que entendem conscientemente levar o Programa ás tendências operárias (…). E o PCI, que se quer partido dirigente, desenvolve uma política de prestígio, custosa em esforço militante e em dinheiro, uma política acima dos seus meios políticos, do lugar que ele ocupa realmente na luta de classes. Os dirigentes do PCI não compreenderam a diferença que existe entre o partido dirigente da luta de classes e o partido que se constrói pela intervenção na luta de classes. Esta política se transforma num fator suplementar de desorganização e de desmoralização.”

Pierre Lambert para demonstrar como a direção da seção francesa da 4ª Internacional substitui uma política autoproclamatória  nas tarefas cotidianas de construção do partido: “Portanto, os resultados nas eleições á Assembléia Constituinte de novembro de 1945: 10.817votos pelo PCI (8.000 em Paris, 2.700 em Isère), os grandes atos públicos testemunham as efetivas possibilidades que se abriram para os trotsquistas. A direção fixa então, o objetivo de 30.000 operários de vanguarda a ser recrutados no mais curto espaço de tempo, dos quais 3.000 de imediato porque ‘corresponde ás possibilidades de formação do partido (…).

E esses objetivos aberrantes, impossíveis de atingir, determinados por um voluntarismo estranho ao marxismo e pelo desejo de ver o partido já construído, introduzem no PCI ceticismo, desorganização e desmoralização.   

Para os dirigentes do PCI, o ritmo e os métodos de construção do partido não são mais determinados pela luta de classes (as relações existem em um momento dado na classe, entre classe e aparelho, entre classe e vanguarda, entre aparelho e vanguarda), mas pelas ilusões que encobrem o desejo de ser considerado um ‘partido como os outros’.” (“Alguns Ensinamentos de Nossa História”)

 “O SI, onipotente e onipresente, se recusou a refletir seriamente sobre o significado das relações entre vanguarda e classe, vanguarda e aparelhos, aparelhos e classe. O SI se recusa porque – ao menos estima – a direção da Internacional já é a direção do movimento operário mundial. Ele se recusa porque, como a maioria  dos militantes, ele aceitou sem discussão que ‘o PCI é o partido revolucionário’, que as ‘ligações entre o PCI e a classe são desde já  ligações de direção (…). Foi então, que ele apresentou uma emenda á resolução sobre a construção do partido. Esta emenda diz essencialmente: “Se, para os trotsquistas, é indiscutível que o Programa da 4ª Internacional é o único programa sobre o qual pode se construir o partido revolucionário, sobre o qual pode ser construído o partido mundial  da revolução socialista na França, não está  provado que este partido que a classe operária necessita para vencer, se construirá no quadro formal que representa hoje o PCI.”

“Esta emenda representa o primeiro momento do encaminhamento de um pensamento coletivo, que não encontrará uma expressão acabada, senão, bem mais tarde.

Nós não estamos aí. Em 1948, esta emenda exprime uma necessidade que não poderá se impor,o  fato para os trotsquistas, de começar a colocar fim nas pretendidas verdades prontas, e começar a estudar seriamente as condições reais da construção do partido revolucionário na França, se apoiando sobre o método vivo do bolchevismo, contra a repetição formal das frases do Que fazer?”

É precisamente a maneira como Trotsky aborda a questão da construção do partido, sobre a base de toda a experiência revolucionária, que inspirará P. Lambert a romper com o caráter autoproclamatório da direção francesa em matéria de construção do partido, e buscar as vias e os meios para ancorar os militantes da 4ª Internacional na classe operária.

Os quadros revolucionários implantados

Sobre a experiência revolucionária russa e a história do partido bolchevique, L. Trotsky escreveu: “A direção não é em nada o ‘simples reflexo’ de uma classe, ou o produto de sua própria potencia criadora. Uma direção se constitui ou através dos choques entre as diferentes classes, ou das fricções entre os diferentes extratos no seio de uma determinada classe. Mas, uma vez aparecida, a direção se eleva inevitavelmente acima e arrisca-se a sofrer a pressão e a influencia de outras classes. O proletariado pode ‘tolerar’ durante muito tempo uma direção que já sofre uma total degeneração interior, mas que não teve a ocasião de manifestá-la durante situações importantes. É necessário um grande choque histórico para demonstrar de maneira aguda a contradição existente entre a direção e classe. Os choques históricos mais potentes são as guerras e as revoluções. É precisamente por essa razão que a classe operária se vê com freqüência desprevenida frente à guerra e à revolução.” 

Mas, nesse “grande choque”, é necessária uma intervenção consciente e organizada dos revolucionários para ajudar a classe operária a se emancipar das direções fracassadas.

É por isso que ele sublinha: “Mas, mesmo nesses casos onde a velha direção revelou a sua falência interna, a classe, sobretudo se ela não herdou do período anterior, sólidos quadros revolucionários capazes de utilizar o desmoronamento do velho partido dirigente, ela não pode improvisar de repente uma nova direção.”

Para L. Trotsky, a construção da 4ª Internacional não resolverá com uma vara mágica a questão das direções oficiais do movimento operário.

“O” partido revolucionário não será construído antes da revolução (o “grande choque”), mas é necessário construir um partido revolucionário antes da revolução.

Trotsky se fixa chegar implantar na classe operária, previamente ao choque histórico, os militantes construindo a 4ª Internacional, recrutar, formar quadros revolucionários: “Bem entendido, antes da revolução, quer dizer, quando os acontecimentos marcham rapidamente, um partido frágil pode transformar-se rapidamente num partido forte, se compreende com clareza o curso da revolução e possui quadros provados que não se deixam intoxicar por palavras e não se aterrorizem pelas perseguições. Mas é necessário ter um partido desse tipo antes da revolução, pois o processo de educação dos quadros exige bastante tempo e a revolução já não deixa mais tempo.” (“Classe, partido, direção”, Obras, livro 20)

O giro para a intervenção direta

Em 1933, não se trata mais da Oposição de esquerda internacional concentrar-se apenas sobre os militantes dos PCs. Esses permaneceram, depois da falência da IC, nos partidos stalinistas, eles passaram para o lado da ordem burguesa, Trotsky acredita que um dia eles se voltarão contra a sua direção, para o seu lugar de militantes revolucionários. Mas, esse não é o caso hoje. Para ganhar-los novamente, é necessário a partir de agora, ser capaz de construir uma força combatente e organizada sobre um programa.

Em relação com os desenvolvimentos no movimento operário, Trotsky pensa que é tempo de voltar as forças concentradas em direção aos PCs, a outras formações também resultantes da crise dos PCs, ou aos grupos nascidos da social democracia durante os picos revolucionários e que se destacaram à esquerda mas que a política stalinista impediu que evoluíssem para o comunismo.

Com efeito, produto do desenvolvimento da luta de classes, um processo de recomposição se desenvolve. O RSP[1] de Sneevliet, veterano do movimento comunista nos Países Baixos, defensor de uma nova Internacional. O KPD da Alemanha, com Brandler e Walcher, companheiros de Rosa Luxemburgo, que era pelo “redirecionamento da IC”. Na Noruega, o DNA[2], que evoluiu à direita. Existiam igualmente reagrupamentos resultantes da social democracia. O ILP[3], na Grã-Bretanha, social democrata de direita, que havia recusado a adesão à IC. Na Holanda, a ala esquerda do PS rompe e funda o OSP[4]. Uma fração da esquerda alemã do PS foi excluída e funda o SAP[5], e é tomado por uma fração do KPD que rompe sob a direção de Walcher, que tomaram também a direção do SAP.

Em abril de 1932, se realiza uma conferencia internacional com o ILP, o SAP, o OSP, o DNA, na qual se constitui um comitê internacional, a IAG[6].

Nestas condições, L. Trotsky e a LCI[7] vai dirigir-se a esses reagrupamentos. Trotsky vai pessoalmente encontrar certo número de dirigentes desses grupos para avançar rumo à necessidade de uma declaração por uma nova Internacional.

Em uma carta da LCI ao SI, Trotsky expôs as razões deste projeto:

“A composição da Conferência de Paris tal como ela é projetada repousa incontestavelmente  sobre uma confusão entre duas tarefas distintas: a da construção de uma nova Internacional, e a da organização de uma frente única. Continuar sobre essa via, fechando os olhos não terá resultado, mais que a dissolução dos partidos revolucionários num conglomerado disforme de organizações  não sabendo claramente o que eles querem (…).

Para dar um pouco de clareza sobre a natureza das relações recíprocas entre as diversas organizações que participam na conferencia de Paris, o núcleo das organizações revolucionárias deve imediatamente se unir entorno de um documento programático preciso, que formulava os princípios que elas tinham em comum e colocava abertamente a tarefa da construção de uma nova Internacional. O projeto de uma declaração desse gênero devia ser discutido, revisado, redigido e assinado bem antes da abertura da conferencia. ‘Havia toda razão de pensar que ao menos quatro organizações poderiam unir-se em torno dessa declaração’.” (“A construção da nova Internacional e a política de frente única”, “Obras”, livro 2.)

Para Trotsky, a questão é claramente colocada, não se trata de uma política diplomática e de compromisso, nem de uma hábil manobra. Ele explica que não se trata de uma frente única de organizações, se trata de um combate por uma nova Internacional que exige discussão, confrontação e delimitação para avançar na implantação de um novo partido e de uma nova Internacional na classe operária.

A “declaração dos 4 sobre a necessidade e os princípios de uma nova Internacional” é assinada pelo SAP, o OSP, o RSP, e a LCI.

Nessa conferencia, a maioria dos grupos presentes, como o ILP ou o DNA, são hostis a esta declaração. Significativo é o voto da resolução geral desta conferencia, a propósito da qual os 4 se dividem, o SAP e o OSP votam a favor, o RSP e a LCI contra.

Se, para Trotsky, as hesitações de seus aliados são preocupantes, o essencial está, a “declaração dos 4” é uma conquista. É necessário consolidar, avançando rumo à fusão do SAP e do IKP (oposição de esquerda alemã) e do OSP com o RSP.

Mas Trotsky deverá responder ás inquietudes e á oposição de militantes de oposição que desaprovavam a constituição do bloco dos 4.

Essas reticências exprimem o peso do passado, o papel dos opositores puros e intransigentes. Assim, a maioria do pequeno grupo britânico protesta contra a proposta feita por Trotsky de entrar no ILP. Da mesma maneira, na França, se organiza uma oposição de velhos comunistas.

Produzem-se na Grécia baixas e as cisões. Uma minoria do grupo britânico, convencida por Trotsky, entra no ILP, o RPS holandês adere á LCI, uma comissão aparece pela fusão entre o RSP, o OSP, o SAP e o IKP. Mas o processo tarda. Essa deterioração das relações se manifestará claramente em 30 de dezembro de 1933, durante a “pré conferencia dos 4” onde serão levantados uma série de desacordos.

O centrismo e a 4ª Internacional

Esses desenvolvimentos, as evoluções, os retrocessos, são colocados em relação com a situação internacional, que se caracteriza por um Ascenso do movimento das massas, notadamente na França e Espanha.

Os aparelhos da 2ª e da 3ª Internacionais vão, contra a forte aspiração das massas à unidade, levanta o obstáculo da frente popular que utiliza a aparência de unidade para mascarar a colaboração de classes.

A questão da independência de classe do proletariado e dos grupos revolucionários vai, portanto, ser o centro da nova etapa do combate pela nova Internacional. O peso dessa nova situação, as ilusões das massas sobre a unidade realizada, a pressão dos aparelhos, vão fazer sentir não somente sobre as organizações “de esquerda”, mas também na LCI.

Para os marxistas, o centrismo é um grupo que oscila entre reforma e revolução. No caso de um grupo saído da social democracia pela esquerda, se caracteriza como de esquerda ou progressista, ao contrário, no caso de um grupo saído da IC ele se distingue por uma trajetória à direita.

  1. Trotsky decide então provocar uma polemica contra o centrismo, porque suas oscilações políticas, recuos hesitações são obstáculos às tarefas de construção de um partido e de uma Internacional.

Numa série de artigos, ele estabelece a distinção entre bolchevismo e centrismo, buscando clarificar o melhor do SAP, do ILP, etc.

A tendência à conciliação se manifesta também no seio da LCI. Os delegados desta à conferencia internacional da juventude adotam a palavra de ordem “Por uma nova Internacional”. Trotsky caracteriza esta formulação como uma recusa em formular a palavra de ordem de 4ª Internacional, resultado de uma adaptação ao centrismo. Trotsky está consciente do giro que se opera uma contenção movimento rumo à esquerda, de grupos como o SAP e o OSP, que sofrem a pressão dos aparelhos dirigentes do movimento operário. Mas, o movimento da classe prossegue, se aprofunda, busca sua via. Isso porque encontra condições favoráveis de construção.

O giro francês

Uns dias mais tarde, analisando as jornadas de fevereiro de 1934, na qual se viu as massas operárias forçarem a unidade numa única manifestação, espontaneamente, aos gritos de “Unidade!”, aos dirigentes reformistas e stalinistas. Trotsky escreve: “É a volta da França. Para a 4ª Internacional.”

De fato a recusa da política stalinista na Espanha e na França notadamente, uma onda de jovens operários juntam os partidos social democratas. Na França, os responsáveis dos jovens socialistas da região parisiense tiveram contato com os bolcheviques-leninistas.

Trotsky chama ao “giro na França”, à “entrada” no SFIO. Num artigo “A liga diante de um giro decisivo” (junho de 1934), ele indica o que fundamenta do ponto de vista da construção do partido a tático “entrista”:

“Recentemente, todavia, as lições dos acontecimentos, a análise marxista, a crítica dos bolcheviques-leninistas, militavam a favor da política de frente única. Agora, ele é na França um potente fator: a pressão ativa das próprias massas. Esse fator é hoje decisivo. Se exprime diretamente através das manifestações militantes de ruas, e indiretamente através do giro político dos dois aparelhos. É um enorme passo adiante. Mas, é precisamente porque ele é enorme que ele modifica em cheio a situação política.

(…) A tarefa dos bolcheviques-leninistas não consiste, a partir de agora, em repetir as fórmulas abstratas sobre a frente única (aliança operária, etc.), mas em formular as palavras de ordem determinadas, uma atividade concreta e as perspectivas de luta sobre a base de uma política de frente única de massa.

(…) O caráter irreconciliável do trabalho a princípio, não tem nada a ver com a petrificação sectária que sem prestar atenção ao desenvolvimento da situação ao estado de espírito das massas. Partindo da tese segundo a qual o partido proletário deve, rapidamente, ser independente, nossos camaradas ingleses concluíram que era inadmissível entrar no ILP. Desgraçadamente, eles só esqueciam que eles estão bem longe de ser um partido, mas que eles não eram mais que um círculo  propagandista, que um partido não cai do céu, que o círculo propagandista deve atravessar um período embrionário antes de vir a ser um partido”  (“Obras”, livro 4, páginas 104 a 107.)

Para Trotsky, com esse “giro”, se trata de buscar que os partidários da 4ª Internacional – como fez com o SAP – abram para reagrupar sob a bandeira da 4ª Internacional os setores operários desgarrados na nova situação. Mas, essa orientação voltada para as massas, para a implantação na classe operária, não deixa de encontrar resistências no seio da LCI.

Em julho de 1934, em “As tarefas da LCI” , L. Trotsky estabelece a continuidade do método e o vínculo com o “entrismo” e a luta pela 4ª Internacional.

“O bloco dos 4 enquanto tal, deu um passo indispensável  rumo a 4ª Internacional, passo que necessitará repetir e que será repetido a um nível superior (…).

Todo o nosso trabalho frutuoso deve repousar sobre uma ruptura total com nossos métodos do trabalho passado, aqueles de fração. O trabalho ideológico de fração era por excelência, de natureza crítica (…). Nossa atividade anterior estava conscientemente limitada à propaganda, já que a fração subordinava conscientemente sua ação à disciplina do partido. Agora, o nosso trabalho deve ter como centro o novo partido e a nova Internacional. Nosso trabalho deve  esforçar-se para ultrapassar os limites da propaganda em qualquer ocasião,  ter a seriedade e o valor da nossa determinação revolucionária, através da ação independente ou da participação na ação.”  (“Obras”, tomo 4)

Para Trotsky, a ruptura com o trabalho propagandista significa engajar-se plenamente nas tarefas de construção, que implicam a intervenção política na luta de classes.

Através da orientação da seção francesa se joga a sorte da LCI, e, portanto da 4ª Internacional, confrontada às resistências no seio da LCI que visam conservar-lhe um caráter de “clube de propaganda”.

O alemão Bauer se indigna: “Por que, se rompemos com o SAP, entrar no SFIO?”

O dirigente da seção francesa, P. Naville se opôs em nome dos princípios. Trotsky estabelecerá  a relação entre a adaptação política de Naville ao SFIO nas jornadas de fevereiro de 1934 e sua recusa de combater “entrando”.

“A intransigência” de certas máscaras busca a “conciliação” com o centrismo e a recusa em avançar praticamente na via da construção da 4ª Internacional. “O intransigente” Bauer, romperá com a 4ª Internacional para ir ter-se …no SAP!

Na França, Pierre Franck, com Raymond Molinier, constitui o grupo “A Comuna” “um jornal de massas”. Num artigo, L. Trotsky, sob o título “O que é um jornal de massas?”, escreve:

“Mas, muito frequente, a impaciência revolucionária – que se transforma muito facilmente em impaciência oportunista – leva a esta conclusão que as massas não afluem porque nossas idéias são bem complicadas e nossas palavras de ordem bem avançadas. É necessário, portanto, simplificar nosso programa, diminuir nossas palavras de ordem, sair pela tangente. No fundo, isto significa que nossas palavras de ordem devem corresponder, não à situação objetiva, não à situação de classes analisada pelo método marxista, mas às apreciações subjetivas – mais superficiais e mais insuficientes – do que “as massas” podem aceitar ou não. Mas que massas?  A massa não é homogênea (…).

Mas então, começa a parte mais importante: ‘A Comuna não vem ajustar-se à multiplicidade das tendências do movimento operário.’ Que desprezo soberano pela ‘multiplicidade’ das tendências existentes! Que quer dizer isso? Se todas as tendências são mas ou insuficientes, é necessário criar uma nova, a verdadeira, a justa. Se existe tendências justas e falsas tendências, é necessário que os operários aprendam distingui-las. É necessário chamar as massas a buscar a tendência justa para combater as falsas. Mas não, os iniciadores de A  Comuna, um pouco como Romain Rolland, se situam ‘acima do mal’. Este procedimento,  é indigno dos marxistas.”

O Manifesto pela 4ª Internacional

A ruptura com o SAP significa o fim do Bloco dos 4, mas, ao mesmo tempo, o OSP, livre de sua direita, se fusiona com o RST de Sneevliet, em março de 1935, para originar o RSAP (Partido Socialista Revolucionário Operário), com 5000 membros, dispondo de uma real base operária. Nos Estados Unidos, a seção de oposição de esquerda se fusiona com o American Workes Party, formação de quadros sindicais, para formar o Workes Party of the United States com mais de 2000 militantes entre os quais, muitos quadros sindicais.

Trotsky, em 1935, que agora vive na França, multiplica contatos, notadamente com os responsáveis sindicais da educação, para tentar convencê-los a se juntar aos esforços de seus camaradas na SFIO. Para Trotsky, é necessário combater as tendências pequeno burguesas do grupo francês mascaradas por querelas pessoais que destroçam a direção francesa. É necessário implantar a organização na classe operária. Assim, ele dá uma grande atenção aos desenvolvimentos nos sindicatos. Com um jovem camarada de Grenoble[8], Alex Bardin, ele prepara sua intervenção no Comitê de confederações da CGT em março de 1935. Essa mesma atenção aos problemas no movimento operário o leva a discutir de maneira mais detalhada com os camaradas americanos, os desenvolvimentos no movimento sindical, o significado do nascimento e sustentação de um novo sindicato, o CIO, a maneira de colocar a questão do Labor Party nos sindicatos.

É portanto, com o RSAP, o Workes Party, a LCI, o WP do Canadá e o GBL da França, que é adotado o “Manifesto pela 4ª Internacional” , cujo sub título é “Carta aberta às organizações e grupos revolucionários proletários”:

“Nós juntamos em anexo a “declaração dos quatro” sobre os princípios fundamentais da 4ª Internacional. Nenhuma linha desta declaração está desatualizada. A presente carta não é mais que uma reformulação da “declaração dos quatro” à luz dos dezoito meses passados. Nós apelamos a todos os partidos, as organizações, as frações, nos velhos partidos, assim como nos sindicatos, todas as associações e grupos operários revolucionários que estão de acordo  sobre os princípios fundamentais e sobre a grande tarefa que  temos anunciada – a preparação e a construção da 4ª Internacional – dar-nos suas assinaturas para essa ‘Carta aberta’, suas opiniões e críticas. Os camaradas isolados que, até o momento, não estão ligados ao nosso trabalho, poderão, se eles desejam seriamente, juntar-se às filas, entrar em contato conosco.” (“Obras”, livro 5, página 359.)

Trata-se para Trotsky de avançar com o mesmo método do Bloco dos 4, mas dando um passo na organização dos acontecimentos da luta de classes. Notamos, aliás, que o texto não fala da fundação ou criação da 4ª Internacional, ela existe virtualmente, politicamente ela não está mais que por se consolidar dotando-se de um quadro.

E como hoje, é sobre as questões práticas que se manifestam as hesitações. Trotsky critica o SI de ter proposto ao SAP ser co-signatário. “O Manifesto foi publicado por organizações que aceitam de maneira realmente ativa a 4ª Internacional. O SAP não pertence a esta  categoria.” Ele considera que esse texto, e a afirmação da 4ª Internacional, constituem uma base para atrair os novos grupos; mas isso exige clareza.

Em resposta a Morceau Pivert, (dirigente da ala esquerda da SFIO que romperá com ela por fundar o Partido socialista operário e campesino (PSOP), um grupo centrista, antes de voltar o pós guerra ao SFIO), que ironiza sobre a importância que Trotsky dá de falar da 4ª Internacional, um “número”, Trotsky escreve um famoso artigo, “Etiquetas e Números”: “Em política, o ‘nome’, é a ‘bandeira’. O que renuncia hoje a um nome revolucionário para satisfazer a Léon Blum e consortes, renunciará também facilmente amanhã à bandeira vermelha pela bandeira tricolor.

Pivert proclama o direito de todo socialista esperar uma Internacional melhor – com ou sem mudanças de ‘número’. Esta ironia um pouco deslocada sobre o ‘número’ representa um erro político do mesmo tipo que a ironia sobre ‘a etiqueta’. Politicamente, a questão se coloca assim: o proletariado mundial pode chegar á lutar com sucesso contra a guerra, o fascismo, o capitalismo, sob a direção dos reformistas ou dos stalinistas – quer dizer, da diplomacia soviética? Nós respondemos: ele não pode. A 2ª e a 3ª Internacionais esgotaram seu conteúdo e  se transformaram em obstáculos na via revolucionária. ‘Reformá- las’ é impossível, porque toda sua direção é radicalmente hostil às tarefas e aos métodos da revolução proletária. Ele não entendeu até o fim o derrocamento das duas Internacionais, ele não pode levantar a bandeira da Nova Internacional. ‘Com ou sem mudança de número?’ Essa frase é desprovida de sentido. Não é por acaso que as três antigas Internacionais se tornaram numeradas. Cada número corresponde a uma época determinada, um programa e um método de ação.” (7 de agosto de 1935, “Obras”, livro 6)

E a respeito de Pivert, ele explica como a 4ª Internacional pensa se construir: com clareza no debate político, a maior flexibilidade de organização visando o agrupamento. É por isso que se propõe a Pivert, sobre esta base, o trabalho comum: “Pivert se equivoca quando ele pensa que o bolchevismo é incompatível com a existência de frações. O princípio da organização bolchevique é o ‘centralismo democrático’ assegurado por uma completa liberdade de crítica e de agrupamento como por uma disciplina de ferro na ação (…). A 4ª Internacional, bem entendido, não sofrerá em suas filas do ‘monolitismo’ mecânico. Ao contrário, uma de suas mais importantes tarefas é regenerar a um nível histórico mais elevado a ‘democracia revolucionária da vanguarda proletária’. Os bolcheviques-leninistas se consideram como uma fração da Internacional que se constrói. Eles estão prontos a trabalhar ombro a ombro com as outras frações verdadeiramente revolucionárias.” (“Obras”, livro 6)

Frente Popular e centrismo

A pressão da pretendida “unidade” realizada pelas frentes populares, vão agora, se exercer com força. Para Trotsky, a linha de frente popular  levada adiante pelo aparelho stalinista, visa levantar um muro de defesa da propriedade privada contra o movimento das massas que buscam realizar sua unidade. As frentes populares, tanto na França como na Espanha, vão contribuir de maneira decisiva para estrangular a revolução que começa em 1936. Trotsky se apóia sobre toda sua experiência, que é a da Revolução Russa, do Partido Bolchevique de Lênin, que jamais desviou de uma linha de frente única, oposta à colaboração de classe dos mencheviques e dos Socialistas-Revolucionários no governo, preservando a independência do partido, ajudando as massas tomar o poder através dos sovietes.

Mas na Espanha, a “esquerda comunista” de Andrès Nin (a seção da OGI), que se fundiu com o Bloco Operário e Camponês de Maurin (os velhos do PC e os nacionalistas catalãs), para dar origem ao Poum, principalmente implantado na Catalunha, para não ficar “isolado” e “sectário”, para fundar um “partido importante”, vai rapidamente ser confrontado à revolução.

Denunciando a constituição da Frente Popular, o Poum se pronuncia pela autêntica Frente Popular, depois de assinar o acordo eleitoral da Frente Popular, que Trotsky denuncia como uma traição. Nin Explicou em 5 de abril de 1937 : “ O movimento pela Frente Popular exerce uma tal pressão que nosso partido foi obrigado a se juntar.”  Trotsky responderá: “A técnica eleitoral não pode justificar a política de traição consciente consistindo em propor um programa comum com a burguesia.”

Quando uma verdadeira revolução começava na Espanha, o governo de frente popular pretende conter o movimento das massas no quadro da “legalidade republicana”, quer dizer da propriedade privada, depois, a esgotar e a desmontar. Polemizando com Trotsky, Nin o ataca de ver nos sovietes a “panacéia universal”, ele afirma que, diferente da Rússia, os sindicatos não são “corporativos. Eles não foram jamais limitados à luta pelas reivindicações imediatas, essas são as organizações de tipo autenticamente político.” Ás costas do sindicato ligado ao PSOE, à UGT, há na Espanha o grande sindicato anarquista, a CNT, que sustem a frente popular. Os responsáveis da CNT-FAI, os dirigentes anarquistas de primeiro plano, se tornaram até ministros do governo de Frente Popular!

Em 4 de novembro de 1936, “Solidariedade Operária”, o jornal da CNT, justifica: “Desde sempre, a CNT foi  inimiga do Estado inimiga de toda forma de governo. Mas… o governo atual  deixou de ser uma forma de opressão… Tanto que o Estado não representa mais o organismo que separa a sociedade em classes!”

Muito mais tarde, e a título pessoal, Frederica Montseny, dirigente  da CNT e ministra do governo, escreverá, com uma lucidez amarga : “A verdade intocável: se o Estado recupera suas posições perdidas e nós, os revolucionários, integrados ao Estado, devíamos participar nele. Por isso, é necessário que estejamos integrados ao Estado.”

E a direção do Poum, em nome do fato de que os sovietes não são “a panacéia universal”, se agarrará aos bascos da direção CNT-FAI.

Nessa mesma resposta a Trotsky, Nin nega toda contradição entre comitê central das milícias e governo. Depois de ter alugado o lugar dos sovietes, ele conclui de maneira “realista” (sic): “Nós temos absoluta convicção de que a conquista do poder político pelo proletariado no nosso país é possível sem que de antemão existam os organismos de poder.”

Em 1º de outubro de 1936, o comitê central das milícias foi dissolvido! Em 9 de outubro, um decreto feito com o acordo de Nin e da CNT, dissolvia os comitês na Catalunha. O Estado “recupera suas posições”, como disse Montseney.

Em maio de 1937, o aparelho stalinista quer ir até o fim desta “recuperação”. Em 3 de maio, a polícia stalinista ataca o centro telefônico de Barcelona, sob controle dos militantes da CNT e do Poum. A classe operária de Barcelona se levanta. A insurreição toma conta da cidade. Os dirigentes nacionais da CNT intervêm para “negociar” um “compromisso”. As milícias operárias da CNT e do Poum, que chegavam a Barcelona, são detidas por seus dirigentes. A ordem é reinstalada. As milícias stalinistas podem então entregar-se ao assassinato dos militantes da CNT e do Poum. Apesar da colaboração ativa com a Frente Popular, os stalinistas não podem se esquecer que Nin foi partidário de Trotsky; eles o raptam, o torturam e o matam.

Mas o fim trágico de Nin não pode levar a esquecer que o proletariado espanhol foi entregue ao fascismo pela Frente Popular apoiada por Nin e pela direção do Poum.

A 4ª Internacional existe e luta

Mas, enquanto estes grupos se distanciam no pântano centrista, outros, na Tchecoslováquia, no Brasil, aderem à “Carta Aberta”, a seção dos Estados Unidos, “entrada” no OS, sai com os efetivos dobrados por fundar o Socialist Workers Party (SWP),  que tem uma real base operária. Reforça-se a seção soviética. Não se trata para Trotsky de uma questão numérica. Para ele, a “natureza da URSS” é decisiva para a fundação da 4ª Internacional. É nessa época que ele escreve “A Revolução Traída”, estabelecendo que a URSS é um Estado operário burocraticamente degenerado. Isto significa que a 4ª Internacional deve defender o Estado soviético contra o imperialismo e contra a burocracia, que para isso, é necessário uma nova revolução, uma revolução para expulsar a burocracia.

Os elementos de decomposição e recomposição levam Trotsky a avançar mais rapidamente na via da 4ª Internacional.

Ele precisa que não se trata de renunciar ao combate para agrupar amplamente, mas fazê-lo com toda clareza: “Lhes parece que o nome da 4ª Internacional impedirá as organizações simpatizantes, ou mais ou meio simpatizantes vão aproximar-se de nós. Isto é radicalmente falso. Nós não podemos atirar-nos mais que por uma política clara e justa. Por isso, é necessária uma organização, não uma nebulosa. A 4ª Internacional não sairá de nossas mãos toda acabada, como Minerva saiu da cabeça de Júpiter. Ela crescerá e se desenvolverá tanto na teoria como na ação.”

No “Programa de Transição” – que concentra toda a tradição marxista –, no qual ele trabalhou com afinco, Trotsky escreve:

“Os céticos perguntam: ‘Mas, é chegado o momento de criar uma nova Internacional?’ É impossível, dizem, criar uma Internacional ‘artificialmente’ só os grandes acontecimentos podem fazê-la surgir, etc. Todas essas objeções demonstram somente que os céticos não são bons para criar uma nova Internacional. Em geral, eles não são bons para nada.

A 4ª Internacional já é surgida de grandes acontecimentos: as maiores derrotas do proletariado na história. A causa dessas derrotas é a degeneração e a traição da velha direção. A luta de classes não tolera mais interrupção. A 3ª Internacional, depois da 2ª, está morta para a revolução. Viva a 4ª Internacional!

Mas os céticos não se calam: ‘Este já é o momento de proclamá-la?’ A 4ª Internacional, respondemos, não necessita ser ‘proclamada’. Ela existe e ela luta. Ela é frágil? Sim, suas filas são ainda pouco numerosas, porque ela ainda é jovem. Assim é até agora, sobretudo os quadros. Mas estes quadros são a única garantia de futuro. Fora destes quadros não existe sobre o planeta, uma única corrente revolucionária que mereça realmente esse nome.”

Após a Revolução de 1917, surgiu a 3ª Internacional; a 4ª Internacional surge dos fracassos infringidos  ao proletariado mundial pelo imperialismo e o stalinismo. Mas isso não é automático, porque se “a luta de classes não sofre interrupção”, depende da vanguarda revolucionária que ela não deixe interromper o combate pelo partido mundial.

Não obstante, contrariamente à imagem que alguns querem dar, a “fundação” da 4ª Internacional não teve uma transformação da Oposição de esquerda batizada 4ª Internacional. A 4ª Internacional de 1938 não é a Oposição de esquerda de 1928-1933. O nascimento da 4ª Internacional foi produto da maturação no movimento operário, de diferenciações e de clarificações, de fusões e de cisões, de crises e avanços, e nesse mesmo curso dos maiores acontecimentos da luta de classes. Não são mais os “propagandistas”  dos anos 20 que a compõem (mesmo se ainda estão presentes restos desses traços), nem os militantes todos que vieram todos dos PCs. Isso é a uma es           cala limitada, a fusão de gerações de experiência e origens diversas; e Trotsky, a quem se objeta o pequeno número de partidários da 4ª Internacional, explica: “Desde agora, eles constituem uma força incomparavelmente mais influente, mais homogênea que a ‘esquerda de Zimmerwald’ que no outono de 1915, tomou a iniciativa de preparar a 3ª Internacional.”

Certo, as forças são limitadas, pela situação internacional (e também os erros cometidos), mas, mesmo que não se trate ainda da fundação, é a 4ª Internacional que construímos. Para Trotsky, a 4ª Internacional está em construção desde que em 1933 os bolcheviques-leninistas decidiram se agarrar a essa tarefa. Estas são as razões materiais, assim como as hesitações políticas, que fizeram parte desta decisão. Mas para ele a questão é politicamente resolvida, a 4ª Internacional é ainda embrionária, mas, ela existe e ela é dotada de um programa, o mesmo que a IC de Lênin adotou e redigiu em 1922, integrando toda a experiência acumulada, e notadamente a degeneração da URSS.

Forjar os quadros de vanguarda, implantar a 4ª Internacional na classe operária, esta é a tarefa central de Trotsky. O revisionismo pablista, que desloca a 4ª Internacional, contribuiu a sua maneira para defender a ordem burguesa.

Mas, o combate contra o pablismo, a reproclamação da 4ª Internacional em 1993 não pôde se realizar sem operar uma ruptura com os métodos pequeno burgueses dos membros do SI após 1945. É a partir do método de construção defendido por Trotsky que Pierre Lambert desenvolve e generaliza e que está decidido chamar método de transição na construção da 4ª Internacional. Não é objeto desse artigo. Mas é necessário precisar que à maneira de Trotsky, não se trata nem de russos, nem de manobras ou de diplomacia, mas de uma orientação de ligar-se e implantar a 4ª Internacional na classe operária.

Julho de 2010

[1] RSP – Partido Socialista Revolucionário da Holanda.

[2] DNA – Partido Trabalhista (social democrata), fundado em 1887.

[3] ILP – Partido Trabalhista Independente.

[4] OSP – Partido Socialista Independente.

[5] SAP – Partido Socialista dos Trabalhadores.

[6] AIG – Congresso Internacional de Amsterdã.

[7] LCI – Liga Comunista Internacionalista.

[8] – Grenoble, cidade da França próxima à Suíça.

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