A VISITA DE OBAMA

Em 19 março Barack Obama chega ao Brasil. Entre suas atividades está previsto um discurso na Cinelândia (Rio), onde o presidente dos EUA pretende “falar aos brasileiros”. Hipocrisia! O que ele tem a falar?

Explicará o democrata Obama sobre o orçamento de seu governo para 2011, de “redução dos déficits públicos”? Redução de déficit que está servindo a uma ofensiva de vários governos estaduais, como o plano de brutal ataque aos direitos trabalhistas, apresentado pelo governo republicano de Wisconsin, em cuja capital, Madison, uma forte mobilização contra esse plano levou um parlamentar a declarar “crer que o Cairo foi transportado a Madison”.

O que tem a dizer o governo dos EUA que sustentou, por décadas, as ditaduras que são derrubadas pelo movimento revolucionário na Tunísia e Egito?

Os povos nesses países dizem o que querem: o desmantelado dos regimes apoiados pelo imperialismo estadunidense e o fim da política de exploração e opressão. “Agora a revolução vem para abrir um giro, radicalmente oposto. A terra deve ser dada a quem nela trabalha, aos camponeses pobres do nosso país”, exigem os tunisianos que se organizam nos Comitês de defesa da revolução.

Obama “falará aos brasileiros” que o governo da Líbia, cujas atrocidades contra o povo não começaram agora, foi aceito, no ano passado, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, com o voto de 155 países, inclusive dos EUA? ]

Diante do movimento revolucionário que abala toda “ordem mundial” imposta pelos governos dos EUA, seus porta-vozes falam, hipocritamente, em “respeito à vontade do povo”, para justificar ingerência nesses países e, inclusive, uma intervenção militar na Líbia, para recuperar o terreno perdido e sangrar as riquezas desse país.

Obama nada tem a falar aos brasileiros.

Norte da África e Oriente Médio são países distantes, é certo. Mas os problemas aqui colocados são muito diferentes?

As forças que sustentam a política dos EUA estão por trás dos que no Brasil pressionam por cortes de gastos e ajuste fiscal.

Como é possível que o governo de Dilma, em nome do ajuste fiscal, corte 50 bilhões do Orçamento da União, ameaçando os serviços e servidores públicos, para preservar o superávit primário que sustenta a especulação financeira?

Como pode um governo eleito pela maioria oprimida, em nome da “responsabilidade fiscal” impor o pífio aumento do salário mínimo? Não é hora do governo encabeçado pelo PT romper com essa política e atender as reivindicações do povo?

Numa reunião-debate “As revoluções na Tunísia e Egito”, organizada por O Trabalho, em Cuiabá, um dirigente petista, relacionando a discussão com o sucateamento dos serviços públicos na região, tirou uma conclusão: “aqui o PT não faz nada. Temos que chamar nossa responsabilidade, como partido e sindicalistas, e combater pela defesa da saúde, contra as Organizações Sociais…”

Esse é o objetivo do Encontro Nacional do Diálogo Petista em 2 de abril.

Integrando a nova situação mundial aberta pelo movimento revolucionário na Tunísia e Egito, uma tarefa imediata que se impõe é a luta contra qualquer ingerência contra os povos, que devem ter o direito de dispor de si mesmos.

Um dos principais pontos do Encontro, que contará com a presença de um dirigente sindical haitiano, é o reforço da campanha que exige da presidente Dilma a retirada imediata das tropas brasileiras da ocupação da ONU no Haiti.

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ATIVIDADES DE FIGNOLÉ NO BRASIL

28/03, São Paulo: ato no Sindicato dos Engenheiros

29/03, Brasília: audiência em Brasília com a Secretária Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário e debate na CUT DF

30/03, Salvador: atividade no auditório do Sindquímica

31/03, Recife: ato no Sindicato dos Servidores Públicos

01/04, Maceió: debate organizado pela Secretaria de Combate ao Racismo da CUT Alagoas no Sindicato dos Bancários

02/04, São Paulo: participação, como convidado, do Encontro Nacional do Dialogo Petista

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