Ainda não acabou

Citado numa delação premiada, caiu Henrique Eduardo Alves (PMDB), o terceiro ministro (do Turismo) do usurpador Temer, ele próprio, citado nesta delação de Sergio Machado (PMDB, ex-PSDB) na Operação Lava-Jato, além de várias outras.

E só completou seu primeiro mês, o governo do golpe!

Na verdade, é frágil, instável. Porque apesar da ampla coalizão golpista nacional e do capital financeiro internacional, é ilegítimo. Apenas “interino”, pelos meses de julgamento no Senado da presidente legitimamente eleita, Dilma, o usurpador quer aplicar um verdadeiro programa de guerra, com medidas para as próximas gerações.

Quem tem pressa em dar-lhe ares de governo efetivo é o “mercado”. Cínico, reconhece que seus ministros “políticos” não são flor que se cheire, ah! Mas os ministros da “área econômica” são o máximo! Quer dizer, se dispõe a arrancar o máximo do povo para entregar à acumulação privada.

Mas aí começam os problemas.

A resistência popular aberta não lhe permite, ao usurpador, até a resistência surda na coalizão golpista e na pelegada não o ajudam. As medidas saem pela metade, outras são adiadas, o “mercado” volta a se impacientar.

É por isso, não só pelos áudios e delações, que o pretensioso comandante já perdeu três generais. Ele é frágil e pode ser vencido à condição que a mobilização contra o golpe e em defesa dos direitos se estenda, não se divida, ao contrário, se enraíze e amplie.

Não pode agora, por exemplo, a presidente Dilma trocar de cavalo no meio da travessia do rio. Isto é, depois de defender tanto o mandato dos 54 milhões “até o fim”, não pode propor consultar o povo sobre se continua ou não.

Isso vai confundir e dividir.


 

A ÚLTIMA PALAVRA QUEM DEVE DAR É O POVO TRABALHADOR


Se for porque os áulicos e próximos a convenceram que tem uma dúzia de senadores adversários de coração-mole, ela se engana como se enganaram nas contas dos apoiadores na votação da Câmara. Eles só lhe dariam a maioria necessária no Senado para uma consulta, na certeza de que servisse à sua capitulação.

O que não quer dizer que não se possa completar, mesmo no Senado, o terço necessário para voltar. Mas com a disposição de tomar as medidas para poder governar depois, contra a elite, apoiando-se no povo trabalhador que desprezou com o ajuste, povo que quer sinais concretos agora – o próprio PT lhe pede uma carta de compromissos.

Compromissos em defesa do pré-sal e das estatais, em defesa do emprego e não do superávit fiscal, compromisso com a luta pela reforma política através de uma Constituinte que enterre a podridão – o que ela já falou em 2013, quando o vice Temer disse não e ela recuou, apesar de que 8 milhões no plebiscito popular retomaram votando que sim.

Ainda não acabou. Não apenas porque o julgamento no Senado ainda corre dois meses, mas, sobretudo porque a última palavra ainda não foi dada. A última palavra será o povo trabalhador quem irá dar.

A jornada de luta, convocada pela CUT, PT, pelas organizações populares e as frentes, do último dia 10 de junho, mostrou disposição de luta. Não é certo que a luta contra o golpe bateu no teto.

Não, se se lançar mão do recurso capaz de trazer para a rua a família trabalhadora. Esse recurso, não é a “queima de pneus” nem ações exemplares de pequenos grupos ou “culturais”. Esse recurso é o movimento da greve geral.

A greve começou a ser mais utilizada precisamente neste último dia 10 pelos bancários e petroleiros numa escala. Motivos concretos não faltam, diante das medidas anunciadas pelo governo ilegítimo.

A CUT tem um calendário de discussão nesse sentido, o PT apóia. É disso que se trata!

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