Efeito lava jato em Rio Grande: onde havia empregos, há desesperança

Há pouco mais de 3 anos, no dia 12 de fevereiro de 2015, a cidade de Rio Grande (RS) parou em defesa do polo naval. Milhares de moradores, sindicalistas e o pre­feito da cidade lançaram uma carta que alertava: “Cabe ao governo não vacilar diante de pressões indevidas, garantir o início imediato da cons­trução da P75 e P77, a manutenção da produção e conteúdo local, a garantia dos investimentos sociais e a destinação da riqueza oriunda do petróleo para a maioria do povo brasileiro, particularmente à saúde e à educação pública.”

À época, o governo Dilma, já sob pressão da operação Lava Jato e uma campanha visando à desmoralização da Petrobras, iniciava a redução do plano de investimentos da empresa. A Carta de Rio Grande afirmava “há poderosos interesses contrariados pelo crescimento da Petrobras. Há setores ávidos por se apossar da empresa, de seu mercado, suas en­comendas e das imensas jazidas de petróleo e gás.”

A luta em 2015 foi vitoriosa. A construção das plataformas P75 e P77 foi retomada. Em seu auge, o polo chegou a empregar 24 mil funcionários diretos. Em função da Lava Jato e do fim da exigência do conteúdo local, hoje o Sindicato dos Metalúrgicos calcula que são 400 funcionários. O governador Sartori (MDB) nada fez para que o polo tivesse outro destino.

Neste mês mais um capítulo da crise. O casco da P71, mesmo com 50% da estrutura pronta, será cons­truído na China. Seu esqueleto, bem como as peças da P72 serão vendidos como sucata. O presidente do Arranjo Produtivo Local (APL), vice-reitor da Universidade Federal do Rio Grande, Danilo Giroldo, denunciou o mau uso dos recursos públicos com essa decisão.

O fim da política do conteúdo local, onde as concessionárias de­veriam assegurar preferência à con­tratação de fornecedores brasileiros sempre que suas ofertas apresen­tarem condições de preço, prazo e qualidade equivalentes às de outros fornecedores, deu um golpe fatal nos empregos da região.

O fechamento de lojas, mercadi­nhos, restaurantes e hotéis ocorre em toda cidade. No último ano, a arrecadação da prefeitura perdeu R$ 70 milhões (10% do orçamento anual) em função da depressão da economia local.

Com Lula em defesa dos empregos e direitos

A defesa da política de conteúdo local, dos empregos e do parque industrial está na ordem do dia. A profunda crise da cidade de Rio Grande é apenas uma expressão da desindustrialização do país. Segundo dados do IBGE, somente em 2016 a atividade industrial re­cuou 3,8%, acima da queda do PIB, de 3,6%.

Dia 23 de março, Lula estará em São Leopoldo/RS, cidade da região metropolitana de Porto Alegre que concentra metalúrgicas e empresas do ramo do calçado. A convocatória do ato afirma: “Lula tem a força para revogar a reforma trabalhista, defen­der a aposentadoria, a indústria na­cional ameaçada por Temer e Trump e impedir que as riquezas do Brasil sejam entregues aos estrangeiros. Lula é quem tem o compromisso de salvar o polo naval, tirar a economia brasileira da crise e reerguer estados e municípios sufocados pela recessão.”

 Marcelo Carlini

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