França: “A hostilidade contra Macron se aprofunda”

Dando sequência à cobertura dos acontecimentos na França, publicamos abaixo o editorial de Informations Ouvrières nº 534, saído em 20 de dezembro, semanário do Partido Operário Independente (POI).

5º Ato…

Émilie Bartolo, do secretariado do POI

A cada ato da peça que é representada na França há cinco semanas, o governo e seus apoiadores tentam intimidar os coletes amarelos para impedir que se manifestem. Mas, apesar de uma repressão policial de brutalidade extrema, a determinação dos manifestantes permaneceu  intacta.

No último sábado (15 de dezembro, NDT) em todo o país, nas cidades, pedágios, rodovias, diante das garagens de ônibus e centros comerciais, nas rotatórias, os coletes amarelos expressaram que não se satisfazem com os anúncios feitos por Macron em 10 de dezembro. É uma questão essencial, eles querem viver e não se contentam com o que foi concedido por esse governo.

Depois de ter jogado muito tempo a estratégia do apodrecimento, Macron e seus apoiadores tentam retomar a cena assegurando o serviço, depois de terem vendido uma cortina de fumaça. Não há um só programa de TV ou de rádio onde não se viu um deputado do LREM (movimento de Macron, “República em marcha”, NDT) ou um ministro explicar que as “promessas” de Macron serão mantidas, mesmo se eles não sabem muito bem como. Por quem eles tomam os franceses?

Certamente eles tentarão nos explicar melhor por ocasião do “grande debate nacional”. Mas, os coletes amarelos aceitarão?

Há cinco semanas a sua mensagem é clara: ”Macron, demissão”. Com essas duas palavras eles demonstram que caracterizam perfeitamente a política desse governo. Ele está lá para destruir tudo: o código do trabalho, os serviços públicos, a Seguridade social, as aposentadorias, o alojamento, a escola, e a lista não termina, pois não nos deve sobrar nada.

Ao fazer o coro “Macron, demissão”, os manifestantes dizem: é ele ou nós, é uma questão de sobrevivência.

Depois de todos esses acontecimentos, poderá Macron continuar sua obra de destruição? Não de maneira fácil, certamente. Ninguém sabe qual será o desfecho dessa mobilização inédita, mas desde já ela demonstrou que o governo pode recuar.

Diante da barreira política de todos aqueles que deixaram Macron com as mãos livres desde a sua eleição, os coletes amarelos recolocaram os pingos nos is. O seu movimento coloca as questões políticas mais importantes.

É o debate que se trava nas reuniões dos comitês de resistência e reconquista. Todas as condições estão reunidas para que se amplifiquem em seu seio as discussões entre jovens, trabalhadores, militantes, eleitos de tendências diversas, com todos aqueles que querem viver e que escolheram o caminho da resistência

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