Não à dispersão, todos ao Dia Nacional de Greve em 11 de novembro

Calendário das centrais provoca confusão e encobre objetivos distintos

Após a jornada de 22 de setembro – o “esquenta da greve geral’ – a direção da CUT indicou o período de 8 a 10 de novembro para uma greve geral de 24 horas.

Reuniões com o setor de transportes de várias centrais e consultas feitas pelo seu Secretário Geral, Sérgio Nobre, levaram a CUT a convocar o Dia Nacional de Greve de 11 de novembro.

Mas, uma reunião das centrais sindicais em 19 de outubro, adotou outra “agenda de lutas” que, além do 11 como “dia nacional de greve e paralisações”, aponta o 25 de novembro para uma “jornada de mobilizações e greves”.

Ao final da reunião, o presidente da CUT, Vagner Freitas, disse: “Será uma jornada de acúmulo de forças, estaremos nas ruas dia 11 e 25 e seguir caminhando rumo à greve geral, se os governantes não entenderem que não podem retirar os direitos da classe trabalhadora” (site da CUT).

Assim a proposta de greve geral de 24 horas passou a ser de dia nacional de greve que, depois, vira uma das datas de mobilização das centrais. Para além da confusão que esse “arranjo” traz, ele encobre objetivos diferentes.

Força quer negociar direitos com Temer

Numa entrevista ao site “br2pontos”, Juruna da Força Sindical diz que no dia 11 haverá “protestos na área do funcionalismo”, agregando que “nós propusemos, e isso foi aceito, ampliar essa jornada para o dia 25 para podermos aproveitar toda a mobilização que está ocorrendo em grandes categorias profissionais da indústria”.

Para ele, o governo não teria ainda propostas para a Previdência e leis trabalhistas, logo, a hora é de negociá-las. A mobilização serviria de pressão “para apoiar o que for modernizante e rechaçar o que for contra o interesse e o direito do trabalhador”.

A luta contra a PEC 241 não é sequer mencionada na entrevista, enquanto o Paulinho da Força a apoia entusiasticamente como deputado.

Em segunda votação neste momento na Câmara, a PEC 241 deve ir ao Senado logo depois. Não seria essa a razão da Força insistir em fazer atos só no final de novembro, após o desenlace da PEC?

A Conlutas, que diz defender a greve geral, vai atrás da Força, afirmando que o 11 de novembro “foi incorporado ao calendário da jornada, mas com ressalvas por parte de várias centrais”. Já o dia 25 “será o ponto alto da jornada de lutas” (site da CSP-Conlutas), juntando-se à Força no esvaziamento do dia 11.

O que deve fazer a CUT?

Que a situação é difícil na indústria, todos sabem. Mas a decisão de mobilização da CUT, seus ramos e sindicatos para parar em 11 de novembro se deu em função da aceleração dos ataques do governo golpista (Pré-sal e PEC 241).

Jornadas de mobilização, já foram feitas várias. Não há nada a ser negociado com o governo Temer, como quer a Força Sindical, pois direitos são inegociáveis!

O que a CUT deve fazer, junto com a CTB, é concentrar todas as energias em paralisar locais de trabalho em 11 de novembro, levantando a exigência de “Não à PEC 241”, retirada da Medida Provisória do ensino médio e contra as propostas de contrarreforma da Previdência e trabalhista.

A direção da CUT, pelo lugar que ocupou nas mobilizações antes, durante e depois do golpe, não tem o direito de se deixar enrolar pelas manobras dos pelegos da Força e de outros. Fazer de 11 de novembro um forte dia nacional de greve e paralisações em todos os setores em que tem presença é o essencial para a CUT. Só após o balanço do dia 11 é que se deve abordar a questão de outra mobilização no 25.

Julio Turra

Artigo publicado na edição nº 797 do jornal O Trabalho de 27 de outubro de 2017

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