Pressões tentam desestabilizar a Argélia

Imperialismo quer fazer crer que o Estado argelino é incapaz de se defender do terrorismo

Há meses, a imprensa internacional especula sobre a possível crise aberta na Argélia e até mesmo sobre a explosão do país. Esses comentários se intensificam à medida que se aproxima a eleição presidencial de abril.

Os EUA reforçaram seu dispositivo militar na base de Moron (Espanha) a fim de intervir se necessário. A guerra e a desagregação da Líbia e do Mali ameaçam diretamente a Argélia que partilha seis mil quilômetros de fronteiras com esses países. É bom lembrar que em janeiro de 2013 quando ocorreram ataques terroristas na usina de gás Tigantourine, as grandes potências, com os EUA à frente propuseram enviar seus comandos antes mesmo da intervenção das tropas argelinas. As potências criticaram o exército da Argélia em vez de condenar os terroristas responsáveis pelas mortes ocorridas.

Nesse contexto, no último dia 3 de fevereiro, Amar Saadani, secretário-geral da Frente de Libertação Nacional (FLN, ex-partido único) atacou violentamente o chefe do Departamento de Informações e de Segurança (DRS, na sigla em francês do organismo encarregado da luta contra o terrorismo) acusando essa instituição de haver falido. O ataque provocou uma vigorosa reação em todo o país. A imprensa publicou editoriais contra a declaração, ex-generais do exército protestaram, políticos e partidos além de militantes dos direitos humanos a condenaram. Para os que se manifestaram independentemente das divergências que mantêm entre si ou com a instituição militar, o que está em jogo é outra coisa. Eles entendem que um ataque ao Exército Nacional Popular – um dos pilares da república argelina desde a luta pela libertação nacional – só pode levar à desestabilização do Estado.

Candidatura do PT

O jornal “El Watan” (13/2) publicou declaração de Louisa Hanoune, secretária-geral do Partido dos Trabalhadores (PT) da Argélia: “Com as acusações gravíssimas contra o DRS Amar Saadani visa atingir a integridade do Estado-nação, a soberania do país e sua estabilidade”. Para ela, Saadani “desculpa os grupos terroristas e absolve os corruptos de seus crimes econômicos”. Os militantes do PT estão engajados na campanha para coletar 60 mil assinaturas necessárias à candidatura de Louisa Hanoune à eleição presidencial. A candidata do PT propõe uma plataforma em torno do tema da Segunda República, ou seja, dar a palavra ao povo “para acabar com os resíduos do regime do partido único”.

Entre os pontos que levanta, estão: defesa das empresas públicas e nacionais, satisfação das reivindicações sociais e econômicas dos trabalhadores e da juventude, reconhecimento da língua tamazight como a segunda língua oficial e nacional (ao lado do árabe), defesa da soberania e da república argelina, contra qualquer ingerência estrangeira e qualquer manipulação interna.

No discurso de lançamento de sua candidatura, Louisa, lembrando as condições nas quais as eleições se realizam, afirmou: “Esta crise tem relação com a aproximação da eleição presidencial. Existe uma conspiração criminosa manipulada contra a integridade nacional para assegurar o saque de nossas riquezas, especialmente mediante o reforço operado pelo Pentágono das Bases Militares de Sevilha (no sul da Espanha) e sul da Sicília para uma possível intervenção no norte da África e em nosso país”. (ver o discurso na íntegra em: www.otrabalho.org.br.

Correspondente

Artigo originalmente publicado na edição nº 744 do jornal O Trabalho – 12 a 26 de março de 2014

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