Está começando a campanha oficial, para a qual se voltam as atenções do povo brasileiro, que enxerga na candidatura de Lula a única forma, hoje, de derrotar o insuportável Jair Bolsonaro e sua patota de generais que ameaçam o que resta de democracia.
Mas Bolsonaro ataca a democracia, não esqueçamos, para continuar destruindo os direitos dos trabalhadores, a educação, a saúde, o conjunto dos serviços públicos e entregar o patrimônio nacional para as mãos da iniciativa privada.
Duzentos anos depois da declaração formal de independência, o Brasil ainda não é uma nação independente, no sentido pleno da palavra (ver pág. 10). A subordinação ao capital internacional e a interesses privados é enorme. Agora mesmo o governo incluiu no programa nacional de desestatização o Porto de Santos, o maior da América do Sul.
Enquanto 33 milhões passam fome e o endividamento das famílias cresce, o governo não só autoriza que bancos concedam empréstimos consignados para as famílias em extrema pobreza que receberam o auxílio emergencial, cobrando juros escorchantes, como reduz o repasse da merenda escolar. O Congresso Nacional se apressa em votar medidas que retiram direitos de trabalhadores (ver pág. 8).
A esses e outros ataques a reação das organizações populares não está à altura. A maioria delas diminuiu a sua capacidade de mobilização, porque estão, nos fatos, embarcando numa política de “capital e trabalho juntos” como anunciou orgulhoso o ex ministro da Justiça de FHC, José Carlos Dias, quando da leitura do manifesto em defesa da democracia que incluía a FIESP, a Febraban e até a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, mas também a CUT, a UNE e outras centrais sindicais.
No entanto, os trabalhadores não estão interessados em abrir mãos dos seus direitos. A democracia não pode ser uma casca vazia. Para o trabalhador, os direitos sociais são o conteúdo da democracia.
Talvez por isso os atos do dia 11, incluindo aí o da Carta aos Brasileiros no Largo São Francisco, na USP, não empolgaram, apesar de toda a repercussão midiática (ver pág. 9).
E não falta disposição de resistir da parte do povo quando estão em questão os seus direitos. É isso que mostram os agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias em todo o país, na luta pela aplicação do piso salarial nacional, conquistado a duras penas. É isso também o que mostram os moradores de ocupações na luta contra os despejos, pelo direito a moradia digna, com acesso a saneamento (ver pág. 6 e 7).
De nossa parte, com o Diálogo e Ação Petista e os candidatos a deputados federais e estaduais que apoiamos, somos pela mais ampla unidade em defesa da democracia. Mas sem que para isso, deixemos de lado a luta por um único direito sequer. É o que defendemos para a campanha Lula, a única que, neste momento, pode unificar ao seu redor o conjunto de forças populares capazes de resistir às manobras golpistas de Bolsonaro – sem depender da confiança em supostos generais legalistas, ou em declarações do imperialismo dos EUA, ele próprio enredado numa crise sem precedentes (ver pág. 12) – e abrir caminho para as transformações de fundo, que exigirão uma Assembleia Constituinte Soberana. Para isso é necessário mobilizar, nos próximos 45 dias, pelo voto em Lula, e pelo respeito ao voto popular, começando pelos comícios de rua, em BH, São Paulo e outros que virão.