O PT está atrelado a uma aliança eleitoral com o PDT, da família Ferreira Gomes (do eterno presidenciável Ciro Gomes), desde 2006. São 15 anos de um acordo em que o partido se coloca como elemento submisso às necessidades eleitorais da família. A subordinação do PT tem sido, inclusive, um entrave ao crescimento partidário em importantes municípios do estado, inclusive Sobral (terra dos Ferreira Gomes) onde, no âmbito da aliança, o PT tem participado continuamente da prefeitura, inclusive elegendo o prefeito, mas tem progressivamente desaparecido do horizonte político.
Hoje o governador Camilo Santana exerce o segundo mandato, desde que foi indicado pelos Ferreira Gomes para disputar o governo em 2014, mesmo sendo na época um deputado do PT. Naquele momento, o Diretório Estadual do PT tão somente homologou a escolha da família. Desde então, o governador vem sendo um importante ponto de apoio para o pedetismo local. Ele, por exemplo, jamais apoiou uma candidatura majoritária do PT em escala nacional ou em Fortaleza. Nas disputas pela prefeitura da capital tem sistematicamente apoiado o PDT contra os postulantes do PT e, em 2018, foi de Ciro Gomes no 1º turno, tendo apoiado Haddad apenas no 2º.
Um processo que alija a base
É um quadro semelhante o que se desenha para 2022. A imprensa fala de uma chapa em que o PDT indicaria candidato a governador e o PT a Senador (Camilo). No partido não há nenhuma discussão organizada. O Diretório Estadual não se reúne há quase 2 anos, mas as tratativas estão avançadas. A militância petista não tem voz neste processo.
Foi neste cenário que dirigentes, parlamentares e correntes do PT iniciaram um movimento interno ao partido, que vem sendo chamado de PT Lá, PT Cá, que batalha por uma candidatura própria ao Governo estadual em 2022. O movimento levanta ao mesmo tempo a necessidade de dar voz à militância e defende que as instâncias abram o debate sobre o tema já que, de sua parte, a direção majoritária não pede licença a ninguém para tocar as negociações com os Ferreira Gomes.
Em 13 de outubro o movimento PT Lá, PT Cá realizou uma plenária na sede do partido, em Fortaleza, que mesmo com medidas de restrição sanitária, reuniu mais de 100 petistas de diferentes correntes, inclusive companheiras e companheiros da CNB. O tom foi a necessidade de afirmar a cara própria do PT e de, assim, assegurar que a campanha presidencial de Lula tenha um ponto de apoio no Ceará. O DAP enfatizou que não se trata apenas da necessidade de haver um candidato petista, mas de recuperar o terreno próprio do PT no estado, que vem se desfigurando na aliança subalterna com os Ferreira Gomes. Ademais, com a proporção dos ataques ao PT e a Lula por parte de Ciro Gomes, seria incompreensível ao povo que o partido oferecesse palanque a ele no Ceará, como propõe o deputado Acrísio Sena, defensor da chamada “solução de dois palanques”.
O próximo passo será a realização de plenárias regionais pela candidatura própria do PT no Ceará.
Correspondente