O governo segue e o povo sofre

Maioria da população, os negros são vítimas de mais uma barbaridade. No mês em que se comemora o dia da Consciência Negra, mais uma chacina. No Complexo do Salgueiro em São Gonçalo (RJ) oito corpos de pessoas assassinadas foram encontrados por parentes. Mais uma chacina que, assim como o massacre do Jacarezinho em maio, deve ficar impune.

Apesar do Supremo Tribunal Federal (STF) ter limitado as operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro até o fim da pandemia da Covid-19, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado, 766 pessoas foram mortas pela polícia em favelas do Rio.

Dados recentes mostram que o número de pessoas que possuem renda do trabalho caiu ao menor nível dos últimos 10 anos.

A inflação segue solta, a fome se alastra e cada vez mais famílias juntam-se embaixo de viadutos porque não podem pagar aluguéis.

Os jovens, filhos das camadas oprimidas, sofrem a maior taxa de desemprego e têm cada vez menos direito à edução básica, enquanto o governo faz lambança no ENEM e o ensino superior vira algo inalcançável.
Já, no andar de cima…vai tudo bem, obrigado!

O STF, que limitou operações da polícia nas favelas do Rio de Janeiro, faz o que diante destas 766 mortes? Ah, vai tirar dois meses de férias. Vida boa!

Os patrões são beneficiados com a exoneração da folha de pagamento, aprovada no Congresso. E por falar nisso: enquanto o povo negro é assassinado à luz do dia, e nada acontece, nas trevas do Congresso os parlamentares se lambuzam nas emendas bilionárias e nada acontece. Lira vai ganhar mais um pedido de impeachment para sentar em cima. E nada acontece.

Por estas e outras, o governo segue e o povo sofre.

Motivos para lutar pelo fim deste martírio a que o país foi submetido não faltam.

Uma pergunta então se coloca. Por que a luta pelo Fora Bolsonaro arrefeceu? No último 20 de novembro, dia da Consciência Negra, os atos organizados pelo movimento negro, com o apoio da campanha Fora Bolsonaro foram pequenos. Menores que os já minguantes atos de 2 de outubro.

Isto quer dizer que o povo desistiu de lutar? Mil vezes não! Quem está com a barriga roncando de fome e as panelas vazias. Quem está vendo o bolso minguar, sem poder pagar as contas e comprar alimentos. Quem está indo para debaixo das pontes e viadutos. Quem está vendo seu direito à educação virar poeira, quem está vendo seus direitos trabalhistas serem moídos, estes precisam de confiança para lutar.

Depois de maio, quando as ruas foram tomadas pelo Fora Bolsonaro, em junho e julho também, começou o zum zum zum de atos pelo impeachment, com todo mundo, inclusive com os patrocinadores do impeachment, não do Bolsonaro, mas da Dilma! E o esvaziamento começou. Afinal, quem está disposto a ir às ruas, lutar pela miragem que hoje é vislumbrar Lira e o centrão dando um “chega prá lá” para Bolsonaro? Pesa também a ausência nos atos de quem aparece como o principal depositário, Lula, de uma esperança para o povo.

Em meio a esta difícil situação, o Diálogo e Ação Petista luta e discute. Luta, integrando mobilizações locais, em bairros e mais gerais, como o combate à Reforma Administrativa. E discute, com o ciclo de debates em curso sobre a crise das instituições e a Constituinte. A Constituinte, na atual correlação de forças, não é um prato para hoje. Seu preparo passa por ajudar a mobilização popular. Para que na luta pelo fim deste governo o povo seja capaz de tomar as rédeas nas mãos e livrar-se dos torniquetes que esmagam a nação.

Artigos relacionados

Últimas

Mais lidas