Qual é o futuro reservado para o Brasil?

A hora é de disputar o voto, não é hora de balanço. Mas todo trabalhador consciente se pergunta aonde vamos. Melhor perder um minuto, do que deixar o tema para a Folha e a Globo News.

Se Bolsonaro ganhar virá uma escalada reacionária com características autoritárias. A crise fiscal será despejada no lombo do povo, mas os interesses do agronegócio e das multinacionais serão preservados. Crescerá o obscurantismo e a repressão. Até que o povo, cedo ou mais tarde, coloque freio nisso e ponha em marcha a roda da história.

Mas sejamos lúcidos da realidade e não cedamos ao impressionismo. Quem ganhou o 1º turno foi Lula, com quase o dobro dos votos de Haddad no 1º turno de 2018. Enquanto que Bolsonaro teve a mesma porcentagem sobre o total.

O 1º turno mostrou também o tombo dos partidos da direita tradicional e do “centro” (PSDB, PP etc.) engolidos pela extrema-direita nos parlamentos. Mas o PT cresceu no Senado (28%), na Câmara (20%) e nas Assembleias (38%). Elegeu 3 governadores e disputa outros 5 no 2º turno. 

É por isso que cresceu como nunca a polarização eleitoral, agora entre o bolsonarismo e a esquerda, liderada por Lula e pelo PT, que ainda são o esteio nacional que os trabalhadores têm na tormenta.

Cenário
Falou-se pouco na campanha, mas há uma guerra na Europa (Ucrânia) que vem da disputa dos monopólios pelos mercados. Ela acentua a pressão pelo rebaixamento do custo do trabalho. As consequências nos atingem: na escalada dos preços de insumos, na desorganização de cadeias produtivas, e pela recessão das maiores economias que afetará a demanda de commodities em 2023, justo quando aparecerá o desequilíbrio fiscal legado pelo governo, ganhe quem ganhar o 2º turno.

Se Lula ganhar – e trabalhamos nas ruas para que ganhe com propostas populares e não com alianças “sem programa” – aí, então, a situação será desafiadora para Lula, para o PT e os verdadeiros aliados. Espera-se que Lula e o PT estejam à altura do desafio.

Primeiro, será preciso garantir o reconhecimento da eleição e a sua posse. Bolsonaro não desistiu de brutalizar, tanto que volta e meia retoma o discurso golpista. O bolsonarismo continuará, enraizado nas instituições, no Exército, no Congresso e na Justiça, com a sua turba financiada pelo agronegócio e por empresários, ancorada nos pastores e padres em certas igrejas, e com ligações internacionais.

Depois, com a composição mais reacionária do Congresso, ficará bem visível para a massa popular o obstáculo dessas instituições podres. Não deverá haver “estado de graça” como em 2002, é improvável com este “bolsonarismo raiz”. Por isso, é possível prever contestação institucional, até para algumas das simples medidas do novo governo para aliviar a fome, criar empregos e reajustar os salários. 

Não há outro caminho
Esse problema da conturbação bolsonarista será muito maior para reformas que realizem as aspirações de justiça social e soberania nacional que dão a Lula a maioria dos votos, pois terão larga oposição no seio da classe dominante e do capital financeiro internacional. 

Lula terá pela frente um obstáculo no sistema do Congresso-Judiciário-Exército. As instituições de Estado necessitarão de uma reforma radical de cabo a rabo, para sintonizar com a vontade soberana do povo.

Por isso, no momento oportuno, o novo governo de Lula terá que, num prazo dado pela luta política, se apoiar na mobilização popular para desembocar numa Assembleia Constituinte Soberana. Simplesmente não há outro caminho. Um governo de amplíssima coalizão não é uma alternativa, nem pra ganhar tempo. 

Com a força do povo 
A única alternativa é ampliar e centralizar a mobilização popular na luta pela conquista e pela reconquista de direitos dos explorados e oprimidos, como a revogação da Reforma da Previdência e da Reforma Trabalhista.

Por isso, desde já, nosso compromisso é disputar o voto em Lula, especialmente combatendo a alta abstenção.

Como? Sem abaixar a cabeça nem baixar a guarda, não se intimidar, e ir discutir com o povo que Lula de novo com a força do povo, é a via para alcançar a dignidade, comida na mesa, emprego, salário, terra, saúde e educação.

Markus Sokol

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