No 2º turno na França: “nenhum voto para os candidatos da reação!”

Declaração do secretariado nacional do Partido Operário Independente (POI)

Nenhum voto para Macron e Le Pen!

RESISTÊNCIA!

24 de abril de 2017, 17 horas

O 1º turno da eleição presidencial confirma uma vez mais a gigantesca vaga que atravessa toda a sociedade. Depois de Hollande, Sarkozy e Valls, foram derrotados Fillon e Hamon.

Todos aqueles que encarnam o exercício do poder nas instituições da 5ª República há anos, particularmente nos últimos dez anos, foram ejetados.

A esmagadora maioria dos trabalhadores, jovens, militantes, sindicalistas que combateram e combatem cotidianamente contra a Lei El Khomri, os agrupamentos hospitalares de território da Sra Touraine, a desagregação da escola dos Vallaud-Belkacem, Peillon, Hamon, a Lei NOTRe (1) expressou sua vontade de ir o mais longe possível na via da ruptura com todo o sistema e suas políticas de rigor, de austeridade que desagregam tudo.

Eles manifestaram claramente isso ao votar por Jean-Luc Mélenchon, com oito pontos a mais em relação ao seu percentual nas eleições de 2012.

Outros se abstiveram. Outros ainda pensaram expressar sua rejeição desses últimos dez anos votando pelo Sr. Macron ou Sra. Le Pen. Mas seria esse o caso?

O Sr. Macron e a Sra. Le Pen reivindicam abertamente as instituições antidemocráticas da 5ª República, o 49.3, os decretos, o Parlamento fantoche, o artigo 16 (2), o estado de emergência repetido… O Sr Macron defende a Europa e a OTAN a serviço dos capitalistas. Para além das palavras, a Sra Le Pen está instalada nas instituições europeias das quais retira vantagens e sua imunidade.

  • Macron é a CICE (3) e seus milhões para os patrões do CAC 40 (4), é a Lei Macron e a uberização da sociedade; é o trabalho aos domingos, é a destruição do Código de Trabalho através de decretos imediatos e a luta contra os sindicatos independentes. Ele é, como diz François Hollande, “o filho que eu gostaria de ter tido”. Naturalmente ele recebeu o apoio imediato de Fillon, Hamon, Valls e até Pierre Laurent (5). Sob a cobertura do anti-Le Pen, várias vezes usada e uma vez mais repetida, eles chamam a votar por Macron. Como combater a Sra Le Pen votando a favor da política que é responsável pelo surgimento de sua Frente Nacional?
  • Le Pen, é sobretudo a tentativa de jogar os trabalhadores uns contra os outros. É a hostilidade contra as organizações sindicais independentes. É a preferência nacional e a vontade reafirmada de desviar a rejeição ao rigor e austeridade contra os trabalhadores imigrados, tornando-os responsáveis.

Macron e Le Pen são a continuidade e ampliação das políticas reacionárias e anti-operárias contra a República, a democracia, a laicidade e contra todas as conquistas sociais, contra os serviços públicos e as comunas. E seria necessário votar por isso?

NENHUM VOTO PARA A REAÇÃO! NENHUM VOTO PARA MACRON E LE PEN!

Na nossa declaração de 12 de abril, reafirmando o que já havíamos escrito na nossa resolução de 18 de março, dizíamos: “quaisquer que sejam os votos dados, para a esmagadora maioria da população trabalhadora é na unidade dos trabalhadores com suas organizações independentes que será preciso agrupar-se para bloquear os objetivos destruidores dos patrões, por via da União Europeia, com a continuidade das mobilizações que não diminuem apesar do período eleitoral”.

Chegamos nesta situação. Quaisquer que sejam os resultados do 2º turno, eles já são conhecidos: a reação. O Partido Operário Independente não pretende impor os seus pontos de vista, cada qual fará o que julgar melhor no quadro decomposto desta eleição. Mas, mais do que nunca, seja o que cada um votou ou votará, a questão é e continuará sendo: Resistência! Mais do que nunca, a questão é e será: agrupar-se e unir-se, com as organizações independentes, com clareza e honestidade, sem espírito de “igrejinhas”, para discutir, organizar-se para defender as conquistas sociais, a República, a democracia e a laicidade.

É por isso que o POI, consciente dos perigos que virão, vai ajudar a concretizar a proposta feita a todos pela conferência nacional de 23 de março de constituir um “Comitê Nacional pela defesa das conquistas e direitos arrancados em 1936 e 1945”.

Notas:

1) A Lei NOTRe visa provocar o desmantelamento do sistema de organização administrativa do território que tem por base as comunas.

(2) Os Artigos 16 e 49.3 da constituição francesa dão poderes excepcionais ao Presidente da República.

(3) CICE (crédito fiscal para a competitividade e o emprego) é uma medida implementada em 2016 por Macron, quando era ministro da Economia do governo de Hollande.

(4) CAC40 é o índice correspondente às 40 empresas mais cotadas da Bolsa de Paris.

(5) Atual Secretário Nacional do Partido Comunista Francês (PCF).

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