8 de maio de 2017
Dezasseis milhões…
O aparente alívio do patronato e dos grandes deste mundo, Juncker, Merkel, Renzi, Trump,… no seguimento da eleição de Macron não pode mascarar o verdadeiro sismo que atingiu o país: 25,4% de abstenção, 8,56% de votos brancos e nulos (dezasseis milhões). Uma rejeição gigantesca.
Apesar da matracagem e da chantagem sobre “a subida da extrema-direita”; apesar das ameaças e dos insultos contra todos os que recusavam votar Macron; apesar de todas as invectivas – ilustradas pela fórmula inacreditável “Abster-se, é votar Le Pen”; dezasseis milhões recusaram esta armadilha, abstendo-se, votando branco ou nulo.
Esta rejeição é a expressão da cólera que se alarga no país contra a política conduzida pelos sucessivos governos, à conta dos ditames da União Europeia, do FMI e do capital financeiro. Uma cólera que se exprimiu, nomeadamente, durante os cinco meses de combate contra a lei El Khomri.
É a cólera dos operários das fábricas e de todos os sectores produtivos (Whirlpool, STX, Vivarte, SFR…), confrontados com os planos de deslocalização, com os planos de encerramento e de venda por lotes, e aos planos de despedimentos.
É a cólera da população assalariada, no desemprego ou aposentada, confrontada com o desmantelamento dos hospitais públicos, das escolas e do conjunto dos serviços públicos. É a cólera dos camponeses que já não conseguem viver com o produto do seu trabalho. É a revolta de toda uma juventude, confrontada com a destruição dos diplomas e a quem Macron e os seus apoiantes dizem hoje: “Não existe outro futuro para vocês senão a Uber, as start-up (empresas emergentes) ou a emigração.”
E Macron queria, de imediato, aproveitar-se da sua eleição para acabar o trabalho iniciado por El Khomri e dar um novo golpe crucial no Código do Trabalho, recorrendo aos decretos presidenciais.
A população adulta e os jovens aspiram a viver tendo um verdadeiro trabalho, um verdadeiro salário e a conservar os seus direitos através da defesa da Segurança Social, do Código do Trabalho, das Convenções colectivas nacionais e do Estatuto da Função Pública. Estas aspirações ir-se-ão chocar, frontalmente, com a política que o Sr. Macron – apoiado desde o início pelo Medef – procurará impor por todos os meios.
Desde há meses que a classe operária, com as suas organizações, resiste às contra-reformas do Governo, manifestando a sua vontade de não perder nada. É inevitável que haverá uma confrontação. Ela exigirá, mais do que nunca, que seja preservada a independência das suas organizações sindicais de classe.
“Informations ouvrières” (Informações Operárias), tribuna livre da luta de classes e semanário do Partido Operário Independente (POI), abriu as suas colunas à preparação da Conferência de 25 de Março de 2017, que submeteu à discussão dos militantes de todas as tendências a proposta de constituição de um Comité nacional de defesa das conquistas de 1936 e 1945.
Fiel à sua orientação de livre debate, “Informations ouvrières” convida a participarem nesta discussão todos quantos consideram necessário debater sobre os meios a implementar para ajudar os trabalhadores, a juventude e o resto da população a resistir, a defender os seus direitos, a organizar-se e reagrupar-se para abrir uma saída de acordo com os seus interesses.
É por isso que nós vos fazemos um apelo a participarem nas reuniões e assembleias abertas do POI. A gravidade da situação e o que está em jogo, a nível da História, exigem que a discussão prossiga.
Secretariado Nacional do POI