Em menos de um mês de governo de Javier Milei, que adotou uma “terapia de choque” a serviço do capital financeiro com seu Decreto Nacional de Urgência (DNU) e em seguida com a “lei ônibus”, já se anuncia um confronto de envergadura nacional no próximo dia 24 de janeiro.
A partir da iniciativa da central sindical CGT, imediatamente acompanhada pelas duas CTAs, foi convocada e está sendo preparada em todo o país uma greve geral a partir do meio dia do dia 24, com concentração principal diante do Congresso argentino em Buenos Aires. A paralisação vai ocorrer em todas as províncias do país e já conta com o apoio militante de inúmeros movimentos populares e de forças políticas que vão da Frente de Esquerda dos Trabalhadores (FIT-U) até os distintos setores do peronismo que se unificaram detrás da convocatória da CGT de derrubada do DNU e da “lei ônibus”.
Desde o anúncio, ao final de dezembro, da paralisação para barrar os “pacotes” de Milei, a CGT e a CTA dos Trabalhadores obtiveram na Justiça a suspensão das medidas trabalhistas neles embutidas.
A cada dia que passa novos setores, movimentos e organizações somam-se à preparação do 24 de janeiro, que se anuncia com muita força, pois aumenta a consciência que as medidas de ataque à economia popular, aos direitos sociais e trabalhistas, as privatizações, vem acompanhadas da tentativa de impor um “regime de exceção”, que concentraria o poder na presidência da República até 2025, podendo ser estendido até o final do mandato de Milei.
A mobilização por baixo
Assembleias em todos os sindicatos das três centrais em todas as províncias, reuniões com parlamentares para rechaçar os “pacotes”, movimentos populares – mulheres, “piqueteros”, moradores, estudantes – que se preparam para ajudar na paralisação geral, é o clima social na Argentina faltando poucos dias para o “paro”.
Na capital federal e província de Buenos Aires começaram a surgir assembleias populares nos bairros que preparam a greve geral e discutem a sua continuidade.
Em 13 de janeiro, no parque Centenário em Buenos Aires, ocorreu um segundo encontro da “Assembleia das assembleias” com 400 participantes onde falaram 30 representantes de assembleias de bairros. A mesma dinâmica de organização por baixo inicia-se também nas demais províncias.
Nessa mobilização por baixo, além da derrubada pelo Congresso do DNU, da “lei ônibus” e do protocolo de repressão baixado pelo governo Milei, aparecem exigências tais como: suspensão do pagamento da dívida externa e anulação do acordo com o FMI; para combater a inflação, congelamento de preços de alimentos, energia e transporte; recuperação da soberania sobre os bens comuns e controle do comércio exterior; recuperação imediata de salários e aposentadorias, contra as demissões, a lei de aluguéis e os despejos.
Claro está que tais demandas só serão possíveis com uma derrota contundente do governo Milei. Em 24 de janeiro terá início um processo de luta decisivo para o futuro imediato da Argentina.
Todo apoio e solidariedade internacional à luta do povo trabalhador argentino!
Julio Turra
A preparação da greve geral de 24 de janeiro na Argentina
Um primeiro choque entre Milei e as organizações sindicais e populares