A presidente fala: ” Não mudei de lado”. A dúvida vem da situação.
No “Diálogo com os movimentos sociais” – 1000 dirigentes de 50 organizações populares, no Palácio do Planalto, dia 13, a presidente Dilma ouviu vários recados.
“‘A pauta do Brasil não é a pauta do Renan, presidente. Esta pauta é dele e não interessa aos trabalhadores'”, criticou o presidente da CUT, Vagner Freitas. “A pauta dos trabalhadores precisa andar de forma mais consistente”, reclamou. “Queremos voltar a dialogar com a agenda que venceu as eleições”, disse Alexandre Conceição, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em coro, os presentes à cerimônia gritaram: “Fora já, fora já daqui. Eduardo Cunha, junto com o Levy” (site Ultimo Segundo, 13/8).
Infelizmente, a fala da presidente não foi muito além do “não mudei de lado”. De fato, dúvidas vem da própria situação!
Como é possível que Dilma recolha como “muito bem vindas” 43 propostas que seu ministro Levy, inspirado pelo vice Temer (PMDB), foi buscar nas mãos do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), propondo reduzir ainda mais direitos e agora quebrar garantias constitucionais sociais, ambientais e indígenas, só para atender a pauta dos patrões e do PSDB ?!
Como é possível que a direção da Petrobras que Dilma nomeou, aplique um plano de mercado de desinvestimento, comprometendo o futuro de gerações!?
É inaceitável!
Uma “estabilidade”, assim, não interessa à base social que elegeu Dilma. Não se combate o golpismo assumindo o programa econômico do golpe, ao contrário, isso desmobiliza a única força capaz de derrotá-lo, que são os trabalhadores.
É verdade que o imperialismo dos EUA, há anos quer retomar posições perdidas no continente para se safar da sua própria crise. Vários dos governos chamados “progressistas” estão sendo pressionados e até desestabilizados por uma combinação com as forças locais mais reacionárias. Mais recentemente, uma crise brutal se abateu sobre a América Latina que sofre os efeitos da queda dos preços dos produtos exportados.
Por tudo isso, movimentos de greve geral eclodiram estas semanas no Peru, no Uruguai e no Equador, além da dramática situação na Venezuela: os povos não aceitam pagar a crise que não criaram. E se titubeiam os governos cuja eleição algumas vezes eles apoiaram, os trabalhadores resistem igualmente, vão à greve com suas organizações para construir uma saída positiva.
E os governos que antes pensavam se equilibrar contornando um choque com o capital financeiro, agora são desafiados a se deslocar – para um lado ou outro.
Dilma vai ter que definir um lado muito rápido, assim como a direção do PT. Não só nos discursos, mas em medidas consistentes. A partis daí, cada força sindical e política vai se determinar, igualmente.
Os trabalhadores e a maioria oprimida do povo, eles só tem um lado e uma opção, resistir.
Interessa-lhes defender o mandato popular do 2º turno, e também se defender do golpismo político, social e econômico, venha de onde vier: de Aécio-Cunha como de Renan-Levy.
A corrente O Trabalho se engaja decididamente ao lado dos petroleiros, e dos trabalhadores, com todos os oprimidos.
Juntamente com os companheiros e companheiras dos grupos de base do “Diálogo e Ação Petista”, vamos às ruas dia 20 defender o mandato popular, não as metas de superávit primário, lutar pela unidade das organizações sindicais e populares para derrubar o plano Renan-Levy.