Equador: Jorge Glas está em liberdade!

No dia 10 de abril, depois de quatro anos e meio, o ex-vice-presidente do Equador, Jorge Glas, foi libertado da prisão de Latacunga, situada a cerca de 100 km de Quito, em cumprimento a um habeas corpus concedido no dia anterior. O governo direitista de Guillermo Lasso, subordinado ao tacão do Departamento de Justiça dos EUA, vai apresentar recursos para cassar essa decisão.

Vítima dos mesmos métodos de “lawfare” do lavajatismo brasileiro, Glas foi condenado sem provas por suborno, associação ilícita e peculato em casos de corrupção envolvendo a filial equatoriana da Odebrecht. Ele passa a cumprir em liberdade o restante de sua pena, mas está proibido de sair do país e terá de se apresentar periodicamente à justiça.

Numa postagem pelo twitter, o ex-presidente Rafael Correa, também ele perseguido judicialmente, comemorou afirmando que “começa a desmoronar-se a injustiça; os corruptos sempre foram eles”.

Além da condenação injusta Glas sofreu outras perseguições. Foi-lhe negada a redução da pena, como garante a lei a prisioneiros com bom comportamento. E, desde dezembro de 2021, em virtude do tempo decorrido em prisão fechada, ele já poderia estar cumprindo a sentença em liberdade o que também foi negado.

Uma consistente campanha internacional pela liberdade de Jorge Glas foi desenvolvida pelo “Comitê 2 de Outubro – Verdade, Justiça, Solidariedade”, antena equatoriana do “Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio” (CILI). Durante os anos em que Glas esteve encarcerado o Comitê manteve plantões dominicais diante da penitenciaria, sem falhar uma única semana.

No domingo em que ocorreu a libertação, centenas de outros militantes também compareceram a Latacunga. Formou-se uma caravana para acompanhar Glas até Guayaquil, onde ele reside. Nas cidades por onde passou, durante o percurso de pouco mais de 400 quilômetros, a caravana foi festejada por inúmeras manifestações populares.

Na chegada a Guayaquil mais de mil pessoas, entre as quais militantes identificados com o CILI, acolheram Glas no Coliseu de River Oeste. Ele fez um pronunciamento em que reafirmou sua inocência e lembrou seu trabalho para a construção e fortalecimento de estatais equatorianas, bem como as obras no setor elétrico realizadas sob sua direção.

Os sindicalistas que atuam no Comitê 2 de Outubro – nome que faz referência ao dia da prisão, em 2017 – consideram que com Glas em liberdade fica fortalecida a campanha contra a privatização das estatais, um dos pontos chave da ofensiva do governo Lasso contra o povo equatoriano.

Essa luta, que já estava em curso, teve um momento importante num seminário sindical que ocorreu em Quito, no último dia 21 de abril, e que será reportado em nossas próximas edições.

Edison Cardoni

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