Na maior cidade do país, São Paulo, a volta às aulas é um caos. Escolas abrem e fecham em função do contágio de profissionais e estudantes, a presença em sala de aula é facultativa e em turmas reduzidas, o ensino remoto continua enganando alunos (os que tem acesso) e professores sobrecarregados.
A responsabilidade por isso é dos governos e razões existem para uma greve com exigências claras para a volta às aulas presenciais. Mas tem prevalecido nas entidades sindicais uma orientação de “volta às aulas só com vacina” e de “greve sanitária” – que na verdade não é greve, pois propõe manter o trabalho remoto – em nome da “defesa da vida”. O resultado pode ser visto na baixa adesão na base da Apeoesp (rede estadual) ao chamado à greve, com confusão na categoria.
Já na rede municipal, a direção do Sinpeem, que não realiza assembleia desde março de 2020, ao lado de outras entidades, decretou greve inclusive com paralisação do teletrabalho, afirmando que os trabalhadores “querem a volta das aulas presenciais” e exigindo negociações para uma “volta com segurança sanitária, testagem em massa e vacinação para toda/os”. Nesse caso há um movimento de greve real, mas, na pauta de reivindicações de 10 pontos das entidades, os três primeiros são para manter ou ampliar atividades remotas.
A situação não é muito diferente em outras cidades e estados, dada a linha geral da CNTE-CUT de “volta às aulas só com vacina”, o que, além de dificultar o diálogo com as famílias pobres que vivem um drama com as escolas fechadas, muitas vezes aparece como defesa do ensino remoto, que é um engodo para os alunos, esfola os professores e destrói a educação.
Vacinar só os profissionais do ensino não resolve o contágio, daí ser correto exigir “vacina para todos” e um calendário concreto de vacinação. Mas é preciso que as entidades sindicais exijam dos governos testagem, condições sanitárias básicas, contratação de profissionais, EPIs, sob pena de condenar toda uma geração de estudantes a escolas fechadas por um longo tempo, comprometendo o seu direito ao ensino público.
Lauro Fagundes