Face aos atentados da Catalunha

Divulgamos a posição do Comitê Executivo do Partido Operário Socialista Internacionalista (POSI, seção espanhola da IVª Internacional) sobre os atentados de 17 de agosto, na Catalunha.

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A violência cega atingiu a Catalunha, afetando cidadãos de muitos países. Sejam quais forem os responsáveis reais e os seus objetivos, expressamos a nossa dor e indignação perante estes atentados, que se somam à larga lista contra as populações inocentes em Paris, Nice, Berlim, Londres,… e às matanças diárias no Iraque, na Síria, no Afeganistão e em todos os povos do Médio Oriente que sofrem os bombardeios assassinos da chamada “coligação internacional”, em que participa o governo da Monarquia espanhola.

Estes atentados inscrevem-se no caos reinante à escala internacional, produto da política do imperialismo em crise, que não hesita em agredir, ocupar, desmantelar ou destruir os povos, como está fazendo na Venezuela. Política a serviço dos interesses ilegítimos do capital financeiro. Do mesmo modo, os governos e instituições – tão intimamente ligados aos promotores de bandos terroristas – também não hesitam em utilizar a pretensa luta antiterrorista para acentuar a opressão contra os povos e a exploração contra os trabalhadores.

Queremos sublinhar a imensa solidariedade da população de Barcelona, dos trabalhadores dos estabelecimentos das Ramblas, dos taxistas, dos serviços de urgência, da rede de hospitais públicos – que trabalham em condições limite, devido aos cortes do Governo central e do Governo da Catalunha – bem como de todos os outros serviços públicos, que responderam com abnegação, entrega e sacrifício pessoal.

Indignamo-nos perante o espetáculo de hipocrisia do dia 18 de Agosto, na Praça da Catalunha, em torno do Rei – amigo íntimo da Monarquia saudita, conhecida por proteger o financiamento dos grupos terroristas. E também em torno de Rajoy (primeiro-ministro), cujo Governo é o primeiro obstáculo para defender os povos e trabalhadores do Estado espanhol das ameaças constantes contra a paz, a convivência e a fraternidade. E isto continua com a pretensa colaboração institucional antiterrorista e a aplicação de medidas que prejudicam a população e não garantem a sua proteção. Poderemos nós esquecer que, na origem da barbárie que golpeou Barcelona, está a barbárie que golpeia todos os dias a Palestina, que golpeou o Iraque e o Afeganistão, que golpeia a cada dia a Síria? Barbárie impulsionada pelo imperialismo e a sua agência militar – a OTAN – e pelos aliados e colaboradores do mesmo, como a Rússia de Putin, a Arábia Saudita, os Emiratos Árabes…

E devemos interrogar-nos: a quem serve o crime e quem quer aproveitar-se dele?

Mariano Rajoy exigiu a unidade institucional, ou seja, pôr de lado as reivindicações dos trabalhadores e dos povos, nomeadamente do povo catalão, ao qual quer intimar que abandone o referendo convocado, legitimamente, pelo Governo da Catalunha e a sua maioria parlamentar. Tal como quer impor aos trabalhadores do Eulen e da AENA (1) – atualmente em luta pelos seus direitos – o abandono das suas reivindicações.

É deste modo que o regime monárquico, sem vergonha, quer utilizar o crime contra os trabalhadores e os povos.

Os grandes órgãos da Comunicação social (a começar pelo El País, ABC, El Mundo, La Vanguardia,…) matraqueiam a população com as imposições do Regime de que seja abandonada a luta pelas reivindicações e os direitos – em particular, a exigência quase unânime do povo catalão de realização de um referendo livre para decidir sobre o seu destino.

O povo catalão, todos os povos do Estado espanhol e os trabalhadores não têm como inimigos os outros povos. Os seus inimigos residem nos governos que aplicam a política do capital financeiro de demissões, austeridade, baixos salários, precarização, privatização da Saúde, do Ensino e do restante dos serviços públicos, e o anunciado ataque às pensões dos aposentados. A isto junta-se o ataque ao direito de greve e de negociação colectiva, a perseguição dos sindicalistas e da juventude, e a ofensiva contra o conjunto das liberdades conquistadas na luta contra o Franquismo.

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A paz a que aspiram todos os povos – desde Gaza, Bagdá, Damasco a Barcelona – só será possível quando for imposto o respeito pela liberdade de cada povo decidir o seu destino por si próprio, sem ingerências nem intervenções externas.

Mais que nunca, o povo catalão necessita de um referendo, livre e massivo, para se erguer como povo, estendendo a mão aos restantes povos do Estado espanhol para se libertarem conjuntamente da Monarquia, do seu jugo e do conjunto das instituições herdadas do Franquismo, e primeiro que tudo do governo de Rajoy.

Garantir este referendo, satisfazendo as aspirações da população, exige a mobilização unida dos trabalhadores e dos povos de todo o Estado espanhol com as organizações que dizem representá-los. Uma mobilização baseada em todas as reivindicações dos trabalhadores e povos.

É esta aliança que é necessário forjar. Todos os partidos que se reclamam da defesa dos trabalhadores e dos direitos dos povos devem ocupar o seu lugar nesta batalha, cujo primeiro passo deve ser acabar com qualquer apoio ao governo de Rajoy, governo da corrupção e dos cortes, suporte da Monarquia amiga dos ditadores e inimiga dos povos.

 

(1) Eulen é um Grupo empresarial que presta serviços às outras empresas, que vão da segurança à limpeza e ao paisagismo, em mais de 30 países. Por outro lado, AENA é a empresa gestora dos aeroportos do Estado espanhol

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