Lula Livre avança no mundo

Seminário internacional ecoa opinião pública e forças políticas

A Fundação Perseu Abramo, do PT, realizou no dia 14, o Seminário internacional “Ameaças à democracia e a ordem multipolar”, num hotel em São Paulo.

Foi um evento inédito com essa amplitude no Brasil: três ex-primeiros ministros europeus e intelectuais (Noam Chomski dos EUA, Marilena Chauí e Bresser Pereira do Brasil). Ele acabou evoluindo como um ato por Lula Livre, mesmo se não podia legalmente ser convocado como atividade eleitoral.

O seminário foi aberto por Gleisi Hoffmann, presidente do PT, que a propósito da democracia alertou os convidados de que “não estamos totalmente certos de que essa eleição ocorra em ambiente normal, vai depender muito do desempenho que o PT vai ter.”

Pierre Sané, senegalês ex-secretário da Anistia Internacional, analisou o “neoliberalismo”, inclusive nos partidos socialdemocratas, o que, segundo ele, leva muita gente “a buscar soluções fora, mesmo na xenofobia, parecido como aqui buscam na volta ao regime militar”, numa alusão à extrema-direita. Mas ele lembrou o caso do Partido Trabalhista inglês que passou de “160 mil para 500 mil membros, com grande afluxo jovem, e é hoje o maior partido da Europa”, para ressalvar, “então, não é inevitável!”, encorajando, assim, a trajetória de resistência do PT.

O ex-ministro de Relações Exteriores da Argentina, peronista, foi o primeiro a chamar o Lula Livre, respondido pela plateia. Ele pontuou a atual de crise do multilateralismo – a ideia de algo como uma ordem compartilhada sem guerras -, a partir da Conferência da ONU Contra o Racismo (2001, Durban, África), que terminou sem acordo a respeito da xenofobia.

Massimo D’Alema, ex-primeiro ministro da Itália, que conduziu a transformação do PC, hoje desaparecido, em Partido Democrático, além de deplorar a crise do multilateralismo, ainda lamentou a “falência do projeto europeu” para a qual “não temos resposta”.

Dominique de Villepin, ex-primeiro ministro da França, não é um homem de esquerda, mas acentuou que “o mundo continua unipolar”, o que atribuiu à determinação dos EUA não aceitarem outro modelo e fazer fracassar as tentativas de reforma da ONU: “não é o jogo de um homem, Trump, começou antes e continuará; atacam as regras porque acham que o caos os beneficiará”. Villepin lembrou sua aproximação do ex-ministro de Lula, Celso Amorim (que conduzia os trabalhos), contra a invasão estadunidense do Iraque (2003).

José Zapatero, ex-primeiro ministro da Espanha, fez um apelo a votar no PT e Haddad, e ouviu aplausos ao denunciar as “sanções dos EUA que bloquearam a Venezuela”, uma injustiça que provoca migrações. “Como socialdemocrata”, apelou “à direita entender, ou em parte, que democracia com desigualdade não dá”.

Solidariedade

Muitas páginas poderiam ser escritas sobre limitações ou incoerência dos líderes políticos. Por exemplo, seu compromisso com a OTAN em guerras de tipo imperialista.

Mas o momento era sobretudo para registrar a solidariedade com Lula de personalidades de origens diferentes.“Todos criticaram o processo judicial que mantém Lula preso e o impede de concorrer à Presidência”, a Folha de S. Paulo teve de reconhecer.  

Cuauhtemoc Cárdenas, ex-governador do Distrito Federal do México (ligado a Obrador, o novo presidente eleito), foi junto com D’Alema, à Polícia Federal de Curitiba na véspera, e contou emocionado como “Lula nos animou na cadeia!”.

É uma via de duas mãos. Agora, a luta no Brasil de Lula pelos direitos democráticos e a soberania popular, vai repercutir ainda mais no exterior, reforçando a luta dos trabalhadores brasileiros, do PT e de Lula.

Markus Sokol

 

Artigos relacionados

Últimas

Mais lidas