México: na perspectiva de uma explosão social?

Em 1º de agosto foi realizada, por proposta do governo Obrador, uma consulta sobre processar (por corrupção, crimes…) os últimos cinco presidentes da República (três do PRI e dois do PAN).

Seis milhões e meio (97,7% dos votantes) aprovaram submetê-los à Justiça. Entretanto, a porcentagem de participação foi de apenas 7,1%. A abstenção (92,9%) é sem precedentes.

A consulta ocorreu dois meses após as eleições nacionais “intermediárias” de deputados federais e de 15 governadores (de um total de 32), e as respectivas Câmaras de deputados locais.

Nestas eleições (4 de julho) houve um rechaço dos partidos históricos do velho regime (PRI-PAN perderam 11 dos 15 governos), mas também uma séria derrota de Morena (partido de Obrador) na Cidade do México e a perda de cinco milhões de votos em relação a 2018.

Há algumas semanas da consulta, López Obrador, diante da resistência dos professores de volta às aulas presenciais declarou: “faça chuva, trovões ou relâmpagos”, as aulas presenciais serão retomadas em 30 de agosto. A reação a esta declaração o obrigaram a recuar, deixando aos professores e pais de família a liberdade de decidir, o que aumentará o caos na educação.

Trabalhadores exigem mesa de negociação
Diante das demandas dos trabalhadores, o presidente adota cada vez mais uma posição não só de rechaço, mas de denúncia dos dirigentes que as encabeçam.

O caso mais notório foi o dos professores organizados na Coordenadora Nacional de Trabalhadores de Educação (CNTE) que pediam a abertura de uma mesa de negociação para discutir a revogação da contrarreforma do governo de Peña Nieto (PRI). Obrador concedeu a reintegração de professores demitidos, mas manteve o fundamental da contrarreforma.

Em recente visita ao estado de Chiapas, centenas de trabalhadores da educação, saúde e outros setores fecharam a passagem do veículo de Obrador exigindo a mesa de negociação. Diante dos gritos dos trabalhadores “Venceremos, venceremos!”, respondeu dizendo: “Nem Frena, nem CNTE, detém o presidente.” Mas a Frena é um agrupamento de extrema direita! Foi um grito calunioso e desesperado.

Este governo, “progressista”, quer manter o povo nos limites de seus “programas de bem-estar”, em uma situação em que a pandemia e a crise econômica aumentou os índices de pobreza e extrema pobreza de uma forma sem precedentes, ao que se soma mais de cinco milhões de novos desempregados.

Hoje foram centenas de professores, médicos e enfermeiros os que pediram atenção às suas reivindicações. Temos em perspectiva uma explosão social?

Correspondente

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