Não à repressão, perseguição e discriminação aos migrantes!

Barbárie na fronteira México-EUA contra haitianos e outros que buscam refúgio

Reproduzimos artigo publicado no jornal “El Trabajo” nº 305 (setembro), tribuna livre animada pela OST, seção mexicana da 4ª Internacional.

Imagens de perseguição e repressão sofridas por migrantes que buscam refúgio nos Estados Unidos foram vistas por todos. No México, autoridades do Instituto Nacional de Migração, a Guarda Nacional e a polícia estatal agridem e humilham centenas de trabalhadores e suas famílias. Não há direito humano que valha, pois o propósito é deter os migrantes a todo custo.

No final de agosto, migrantes, desesperados pelo confinamento em Tapachula, a “cidade cárcere” no estado de Chiapas e a negativa das autoridades de dar permissão de trânsito legal, decidiram romper o cerco e iniciar uma marcha, mas se chocaram com o muro de contenção da política anti-imigrante de López Obrador. Milhares de refugiados se encontram nessa fronteira sul (haitianos, hondurenhos, guatemaltecos, salvadorenhos, cubanos, venezuelanos, equatorianos etc).

O novo governo dos EUA, presidido por Joe Biden, expulsou milhares de refugiados. Segundo a revista “Proceso”, entre março de 2020 e março de 2021, foram mais de 530 mil pessoas as que foram “devolvidas” ao México.

É notável o ódio contra os refugiados haitianos, vindos da nação mais pobre da América Latina. O imperialismo estadunidense agrediu o Haiti através de ocupações militares e protege a sua elite política e empresarial corrupta e assassina. Para desgraça maior, a natureza açoitou os haitianos com furacões e terremotos que aprofundaram as já muito difíceis condições de vida. É de tudo isso que eles fogem.

EUA exigem bloquear o fluxo migratório
A política de Obrador de aceitar as exigências do imperialismo dos EUA equivale a fazer o “trabalho sujo”. Sua política de contenção é uma nova versão do programa “Fique no México” e incrementa a violência como método para dissuadir os refugiados, violando o direito internacional. Este programa foi criado no governo Trump para barrar o fluxo migratório procedente de nosso país.

Desde janeiro de 2019, o Protocolo de Proteção ao Migrante (nome oficial do programa) determina para quem solicita asilo nos EUA desde o México que deve esperar a solução do seu caso em território mexicano. Em janeiro de 2021, o governo Biden suspendeu o protocolo temporariamente. Em 13 de agosto, um juiz federal do Texas ordenou a sua volta a partir de 20 de agosto, no que foi apoiado pela Suprema Corte em 24 de agosto.

López Obrador insiste em repetir que a solução do problema dos migrantes está na atuação junto ao governo dos EUA para melhorar a situação nos seus lugares de origem. Para tanto sugeriu a Biden instituir programas como “Semeando vidas” e “Jovens construindo o futuro” nos países centro-americanos. Mas nas duas reuniões de “alto nível” – a primeira com a vice-presidente Kamala Harris – com altos funcionários dos EUA, tais propostas foram ignoradas. O que eles querem é que o México bloqueie o fluxo de refugiados.

Basta de repressão, perseguição e discriminação contra os migrantes.
Que o governo legalize a estadia dos refugiados no México e lhes garanta livre trânsito.
Fim da repressão aos migrantes nos EUA!

El Trabajo


Renúncia-denúncia

Em 23 de setembro, Daniel Foote, enviado do Departamento de Estado dos EUA no Haiti, renunciou numa carta em que denuncia as ações do governo Biden contra refugiados haitianos como “desumanas”. Nela se critica o apoio dos EUA ao primeiro-ministro Ariel Henry, que assumiu após o assassinato do presidente Jovenel Moïse em julho (do qual Henry é suspeito): “A arrogância que nos faz acreditar que devemos escolher o vencedor – mais uma vez – é impressionante”.

Foote conclui que os EUA não aprenderam com os erros das “intervenções políticas internacionais no Haiti”. Lembremos que generais brasileiros, hoje aboletados no governo Bolsonaro, estiveram no comando de tropas da ONU (Minustah) que ocuparam o país entre 2004 e 2017.

Dentro do sofrido Haiti, dezenas de forças políticas, sindicais e populares se somaram na exigência de “fora Ariel Henry”, por uma solução haitiana para a crise, sem ingerência externa, a partir de eleições livres e democráticas. O que está expresso no Acordo de Montana (nome do hotel onde essas forças se reuniram). Todo apoio à luta do povo haitiano por sua soberania!

Artigos relacionados

Últimas

Mais lidas