O Brasil depois do 15 de março

Trabalhadores entram em cena; começa uma virada. É possível derrotar o golpe!

A principal lição do que se viu no país de norte a sul, de leste a oeste, nas capitais e interior, onde greves, paralisações e manifestações marcaram o dia 15, foi que a classe trabalhadora está de pé. E, apoiada nas suas organizações, é a força capaz de liderar a luta para derrotar os golpistas e sua política de regressão social, econômica e política.

A contrarreforma da previdência (PEC 287) acendeu o pavio. A classe trabalhadora não vai abaixar a cabeça e entregar de mão beijada suas conquistas.

A começar por seus sindicatos, integrando o partido que construiu para representar seus interesses, o PT, mais do que nunca as organizações estão chamadas à responsabilidade de avançar, após a porta aberta por um milhão de trabalhadores do campo e da cidade, de várias categorias, no dia 15.

Com uma força ainda não vista desde o início do golpe, na luta para derrotar a contrarreforma da previdência, com o Fora Temer ecoando em todas as manifestações, o dia 15 começa uma virada na situação, é possível derrotar os golpistas!

Agora é não deixar a peteca cair. As condições se reúnem para convocar a greve geral.

Do lado de lá, a burguesia e o governo golpistas sentiram o baque. Enredados numa crise institucional que só se aprofunda, desnudando o caráter podre das instituições, essa força que se colocou em marcha no dia 15 pode amadurecer a luta para que uma Assembleia Constituinte ponha abaixo as atuais instituições e libere as reformas populares na via da soberania nacional, portanto da satisfação das necessidades da maioria oprimida do país.

Os golpistas não darão trégua, pois sabem que o chão lhes faltará se não entregarem ao capital financeiro a encomenda feita. Seguirão em frente nos ataques e buscarão os meios de realizá-lo.

Três dias depois do 15 de março, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, liga ao usurpador Temer para parabenizá-lo pelas contrarreformas. Recado dado.

Porta-vozes dos golpistas, os jornais da imprensa burguesa quiseram apagar o dia 15, mas alertam para o rastro que ele deixou.

O jornal Valor Econômico, falando para seu público empresarial deu o recado: “Manifestações da semana passada foram expressivas, mas devem ser encaradas com naturalidade: em qualquer parte do mundo o tema reforma da Previdência provoca protestos. A oposição deve ser ouvida e considerada, a proposta deve sofrer mudanças, desde que não inviabilizem seu objetivo, mas a reforma precisa ser aprovada, sob pena de decretar o fim precoce do já curto mandato de Temer”. (Editorial, 20/03)

Temer e sua política não sobreviverão se as organizações dos trabalhadores, a CUT em primeiro lugar, tirarem do dia 15 a lição que deve ser tirada.

Também a direção do PT e sua bancada de deputados federais.

Em relação ao embate contra a PEC 287, o que deve ser levado em conta não é a correlação de forças no Congresso Nacional golpista, esmagadoramente desfavorável ao povo trabalhador e aos interesses nacionais, e entrar na via de buscar o “mal menor”, com emendas à contrarreforma.

A responsabilidade do PT é ajudar a construir, fora das paredes da Câmara Federal, com o passo dado em 15 de março, a correlação de forças capaz de travar os golpistas, impondo a retirada da PEC, e derrotar o golpe.

Na preparação do 6º Congresso do PT, com vistas ao Processo de Eleições diretas (PED) de 9 de abril, as chapas “Unidade pela Reconstrução do PT”, estarão em campanha para conquistar os votos dos filiados e chamá-los à luta por “Fora Temer, nenhum direito a menos”, ponto que encabeça os cinco pontos das chapas, para engajar o PT no apoio à preparação da greve geral.

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