Podres poderes, cada vez mais podres

“Se houver repetição do que foi feito em 2018, o registro será cassado e as pessoas que assim o fizerem irão para a cadeia por atentar contra as eleições e contra a democracia no Brasil”. Com esta frase, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, expôs de maneira cristalina o que representam as atuais instituições.

A frase foi dita depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 28 de outubro, votou unânime (7 a 0) contra a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. É como se dissesse a um assassino: não assassine de novo, se não terá consequências, hein? Eis o explícito conluio com este governo que ajudaram a emergir.

A cada dia se sente o odor fétido exalado pelo apodrecimento das instituições. A aprovação em primeiro turno, pela Câmara dos Deputados, na noite de 3 de novembro, da PEC dos Precatórios é só mais um exemplo. Dane-se que calotes serão dados, dane-se que programas sociais consolidados, como o Bolsa Família, sejam destruídos. Dane-se que a proposta do Auxílio Brasil vai excluir 22 milhões de brasileiros. O que importa é que os deputados do Congresso – eleitos em regras herdadas da ditadura e, por isso mesmo, majoritariamente representante das oligarquias – tenham garantido seu direito a saquear o dinheiro público.

O que importa se o povo passa fome? A ponto de uma cadeia de supermercados (Extra, SP) discriminar compradores em bairros pobres, impedindo-os de levar a carne na bandeja até o caixa onde o pagamento é feito, como é padrão. Segundo funcionários, porque “teria crescido o número de furtos famélicos”. Uma situação que atinge em cheio a maioria negra, 56% da população brasileira. Até código de alarme foi criado (loja Zara, Fortaleza), para prevenir quando entra um consumidor ou consumidora negra!

Sim, cresce o número de famélicos que disputam ossos e carcaças, que são discriminados porque passam fome, porque são negros. Com o atual governo e sua política – apoiada pelo pessoal que se diz terceira via, entre Bolsonaro e Lula – só os espera uma situação cada vez pior.

Até quando tal degradação na vida do povo será suportada?
A depender das atuais instituições, até que as condições se reúnam para trocar seis por meia dúzia nas eleições de 2022. E, enquanto estão neste “compasso de espera”, deleitam-se, como a grande mídia, em criticar e debochar do “desempenho” de Bolsonaro (feito sob medida para sua torcida brasileira) no G20, onde estavam os governos que, com mais elegância, desenvolvem a mesma política de jogar nas costas do povo trabalhador o preço da crise do sistema capitalista, agravada pela pandemia.

O desastre humanitário e social provocado por este sistema, além da ameaça do desastre climático, já é uma realidade. E em cada país é aprofundado com a alta de preços de combustíveis e gêneros alimentícios. O Equador foi sacudido por uma mobilização contra a alta dos combustíveis. No Haiti, uma greve geral parou o país por três dias (ver páginas 10 e 11).

Aqui a fórmula Bolsonaro + Instituições + Mídia uma hora terá que ser detonada. Este é o objetivo da discussão aberta pelo Diálogo e Ação Petista com o ciclo de debates sobre a Constituinte, uma perspectiva que vai depender da ação direta das massas, que devemos ajudar a preparar.

Afinal, com tudo que ocorreu depois de 13 anos de governo do PT, é cristalino, como a votação do TSE, que estas instituições, se preservadas, estarão de botuca para solapar qualquer coisa que contrarie o interesse do capital.

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