Somos a Corrente O Trabalho, do PT, expressão organizada no Brasil do combate internacional pela construção da direção revolucionária do proletariado mundial: a Internacional Operária. Somos a seção brasileira da IV Internacional, fundada em 1938 e reconstruída como organização mundial democraticamente centralizada na Conferência Mundial de Seções de Junho de 1993.
Nossa atividade está baseada no programa da IV Internacional, o Programa de Transição. Na atual situação de crise do movimento mundial do operário organizado, combatemos em cada país para agrupar militantes e trabalhadores, em torno de uma política que preserve a independência de classe para a constituição de poderosos partidos operários independentes.
No quadro dessa orientação, como seção brasileira da IV Internacional, desenvolvemos nossa atividade no interior do Partido dos Trabalhadores. Somos militantes do PT; atuamos nos marcos dos seus Estatutos e do seu Manifesto de fundação do PT cuja atualidade defendemos.
Um breve relato sobre as internacionais e da IV Internacional no Brasil
A IV Internacional foi fundada em 1938 para dar continuidade à luta pelo socialismo, empreendida desde o século 19 por Marx, Engels, Lênin, Rosa Luxemburgo e tantos outros. Sua criação foi impulsionada por Leon Trotsky.
E para que serve uma Internacional?
Desde a origem do seu movimento, os trabalhadores buscam se organizar em partido próprio.
Em 1864, no momento em que o movimento operário começava a se desenvolver e a se separar do campo republicano, com participação direta de Marx e colaboração de Engels, foi criada a I Internacional, . Ela se desagregou com a repressão que se sucedeu após a Comuna de Paris (1871).
Em 1889, com Engels ainda vivo e em meio a um grande crescimento dos partidos socialistas baseados no marxismo, foi criada a II Internacional (social-democracia). Mas, em 1914, a social-democracia deixa de ser instrumento da revolução socialista no momento em que sua direção apoia a deflagração da Primeira Guerra Mundial de 1914. Lênin, Trotsky, Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht rompem com a social-democracia e organizam a luta contra a guerra.
Em 1919, dois anos após a vitória da Revolução Bolchevique na Rússia, Lênin e Trotsky participam da fundação da III Internacional. Os violentos ataques sofridos pela Revolução Bolchevique e as derrotas sofridas pelos trabalhadores em outros países da Europa impõem um recuo na sua construção. Na Antiga URSS a propriedade dos grandes meios de produção continuava a ser coletiva, mas a direção política do Estado passou a ser exercida por uma burocracia extemamente violenta dirigida por Stalin que também assumiu o controle a III Internacional. Em 1933, a política stalinista dividiu a classe operária alemã e permitiu ao nazismo chegar ao poder e jogar o mundo na Segunda Guerra Mundial.
A partir da derrota provocada pelo stalinismo na Alemanha, Trotsky e seus companheiros se lançaram à construção da IV Internacional preparando um programa político conhecido como “Programa de Transição – A Agonia do Capitalismo e as Tarefas da IV Internacional”.
No seu Congresso de Fundação, em 1938, havia um delegado brasileiro: Mario Pedrosa que, em 1980, foi o filiado nº 1 do PT. A III Internacional foi dissolvida por Stalin em 1943.
No seu período inicial, a IV Internacional no Brasil combateu agrupando militantes como o próprio Mario Pedrosa, Lélia Abramo, Manoel Medeiros, Lívio Xavier e Fúlvio Abramo. Fúlvio foi secretário da Frente Única Antifascista, uma liderança fundamental da luta para barrar o crescimento do fascismo em nosso país, notadamente no episódio que ficou conhecido como “Revoada dos galinhas-verdes”, na Praça da Sé, em São Paulo, 1934.
Nos final dos anos 1930 a degeneração stalinista do PCB provoca uma crise. Em São Paulo, setores liderados por Hemínio Sacchetta, Alberto da Rocha Barros e Patrícia Galvão (Pagu) rompem com o stalinismo para se manterem fieis aos ideais da Revolução de Outubro de 1917 e se juntam a militância na seção brasileira da IV Internacional.
Nos anos 1953/1954, durante o período Pós-guerra, desenvolve-se uma grave crise no interior da IV Internacional. No Brasil o resultado é uma dispersão dos militantes trotskistas. Apenas em 1976, três organizações brasileiras que lutavam clandestinamente contra a ditadura unificaram-se para formar a Organização Socialista Internacionalista (OSI), hoje Corrente O Trabalho. A OSI nasceu levantando a bandeira de construção de um Partido Operário no Brasil e uma Central Sindical independente do Estado.
Em 1978, a OSI começa a editar o jornal O TRABALHO, um jornal auto-sustentado que desde sua primeira edição é mantido pela contribuição dos próprios trabalhadores, mantendo o princípio de independência financeira diante da classe capitalista.
Em 1980, a OSI integra-se na construção do PT desde a batalha pela sua legalização e participa ativamente das lutas que marcaram o seus primeiros anos de vida. O OSI sustenta firmemente (e inicialmente, praticamente sozinha) o boicote ao colégio eleitoral da ditadura (janeiro de 1985) e joga papel decisivo para a fundação da Central Única dos Trabalhadores – CUT, em 1983.
Nós desenvolvemos toda essa luta como internacionalistas que somos. Como parte do movimento pela reconstrução da IV Internacional (reproclamada em 1993), combatemos sob a orientação da luta pela construção de partidos operários independentes e de ajuda à centralização da luta internacional dos trabalhadores contra o imperialismo. Combate esse que deu origem à constituição do Acordo Internacional dos Trabalhadores (AcIT) em 1991.
No mês de março de 2016, a IV Internacional realizou seu IX Congresso Mundial (clique aqui e leia o Manifesto)
Nosso combate no PT, nos sindicatos, na CUT e nos movimentos populares é a defesa da unidade dos trabalhadores em seu terreno independência de classe na contra o imperialismo.
O jornal O TRABALHO
Sua edição número zero foi no 1º de maio de 1978, em plena ditadura militar. Desde o início O TRABALHO foi um jornal a serviço da luta dos trabalhadores e da construção de suas próprias organizações: SEU partido político próprio e uma central sindical independente dos patrões e de qualquer governo.
Por isso, em todos esses anos e de maneira ininterrupta, o jornal O TRABALHO participou, e reportou em suas páginas o movimento da classe trabalhadora brasileira contra a ditadura militar que deu origem à construção do PT, como um partido sem patrões e da CUT, como uma central sindical independente.
Em nossas páginas reportamos a luta dos trabalhadores em todo mundo. Isso porque defendemos o princípio de que, a luta dos trabalhadores é nacional na sua forma e internacional em seu conteúdo.
Em toda sua história, o jornal O TRABALHO manteve o compromisso assumido no seu lançamento “um jornal independente dos patrões, de seus partidos e governo” porque se sustenta, exclusivamente, pela venda militante junto aos trabalhadores e jovens e com o apoio dos nossos leitores porque reconhecem no jornal um instrumento de ajuda na luta da nossa classe.
Como explicava o bônus da campanha financeira pelo lançamento do jornal, abril de 1978:
“No Brasil, desde sempre, a classe dominante tem seus arautos, para quem estão abertas as imprensas e fechados os cárceres. E também no Brasil, os trabalhadores sempre tiveram seus porta-vozes e defensores, para quem estão fechadas as imprensas e aberto os cárceres. O TRABALHO nasce da luta dos trabalhadores contra as mordaças e esses mesmos cárceres.
Nossa vitalidade nasce da força que sustenta este país nas fábricas e no campo. Nossa decisão e firmeza são apenas uma pequena parcela daquilo que começa a surgir com o despertar democrático brasileiro. O TRABALHO nasce assim, das entranhas da luta pela democracia que está hoje em andamento nas fábricas, nos sindicatos, no campo, nas escolas e nos bairros.
É a luta que cresce de toda a nação, de todos os trabalhadores, contra a miséria e a opressão das grandes empresas estrangeiras, dos grandes bancos e de suas marionetes brasileiras.”
Em diferentes momentos e de diferentes formas, são esses os compromissos que se expressam em nosso jornal que se mantém fiel à convicção de que a abolição do regime da propriedade privada dos grandes meios de produção, a emancipação dos trabalhadores, será obra dos próprios trabalhadores.
A corrente O Trabalho é responsável pela editação da Revista A VERDADE, órgão teórico da 4ª Internacional, na lingua portuguesa. “A Verdade” é publicada trimestralmente em diversas línguas.