Para ajudar nos debates no partido dos próximos dias, publicamos quatro artigos desta edição. São eles:
- “Três chaves para o 5º Congresso do PT”
- “Patrus pede o fim do PED”
- “O que discutirá o 5º Congresso do PT?”
- “Oportunistas abandonam o PT”
Três chaves para o 5o Congresso do PT
É necessário defender o PT da ameaça de “extinção”
O PT lançou um manifesto no dia 30 de março denunciando a ofensiva de “cerco e aniquilamento”. Mas depois, sem reação à altura, veio a prisão do tesoureiro, Vaccari, e a escalada com a ameaça de “extinção do PT” pelo PSDB e outros.
A crise no PT depende de responder a três questões:
- Acusar o acusador da corrupção, o juiz Moro e o Judiciário, rompendo com o regime;
- Mudar a política econômica – o Plano Levy – para recuperar a base social do PT (o que revisará a “coalizão”);
- Reconstruir o PT de baixo para cima, convocando os encontros de base para eleger direções no lugar do PED.
Sem isso, a direção e Lula – o último panelaço mostrou que não será poupado – arriscam serem levados ladeira abaixo, arrastando o partido.
A situação é muito grave!
Houve um anúncio positivo de que o PT não mais receberia financiamento empresarial.
Mas seguiu-se um passo em falso no programa de TV, a “expulsão dos condenados na justiça”. Se deveria então expulsar Zé Dirceu, Genoino, João Paulo e Delúbio, injustamente condenados pelo STF no “mensalão”!? E como juiz da Lava Jato, Sérgio Moro com o STF e o Procurador Geral, estão extrapolando nas “delações premiadas” manipuladas contra o PT, teríamos que expulsar parlamentares e dirigentes, tornados bodes expiatórios da corrupção nacional?
É o contrário. É preciso a coragem de romper o “cerco”, questionar a manipulação, questionar o próprio Judiciário na linha da Constituinte.
O 5o Congresso, de 11 a 13 de junho, em Salvador, é o quadro que existe para reagrupar na defesa do PT.
Sindicalistas da CUT falam em “tomar o PT de assalto”, um sinal oposto à debandada oportunista, que conflui para não deixar os trabalhadores desabrigados. Mas para dar rumo é preciso uma nova direção, convocar encontros de base e acabar o PED, face sensível da adaptação às instituições corruptas.
Markus Sokol
Patrus pede o fim do PED
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, fundador e líder histórico do PT mineiro, defende que a proposta de que o PT não aceite mais doação de empresas valha também para os candidatos.
Coerentemente, defende também o fim do PED: “O PT teve uma experiência negativa com o tal do PED, com a eleição direta para presidente. Acho muito ruim, porque o partido levou para dentro essas práticas relacionadas com uso e abuso do dinheiro, do poder econômico, nos processos eleitorais internos”.
Ex-presidente em disputa de chapas no PED, um dos principais quadros do CNB (Articulação) em Minas, hoje defende a volta à eleição em encontros de base: “Com o PED houve práticas lesivas, inclusive com filiação em massa, disputa de eleitores, pessoas que vão votar sem ter nenhuma consciência com o que estão fazendo. Cada vez mais me convenço que a democracia participativa é o melhor caminho. Tenho minhas ressalvas com a democracia direta, cada um no seu computador votando sozinho. A democracia pressupõe o encontro, o debate de ideias para você criar consensos. O PT fazia isso. Com o PED, acabaram os encontros partidários, que deveriam voltar” (OESP, 3/05).
Patrus tem razão e sabe do que está falando.
O que discutirá o 5o Congresso do PT?
A maioria das plenárias municipais do 5o Congresso do PT (Salvador, 11-13 de junho) não votaram resoluções ou emendas. Até porque as 7 Teses nacionais são desconhecidas. Elas sequer foram citadas no lançamento do Congresso pela Fundação Perseu Abramo dia 16, um debate com supostas “personalidades” onde a mesa pediu para não falar de conjuntura.
O congresso de Zonais, em SP terminou sem acabar: a direção não conseguiu sistematizar as emendas dos grupos de discussão. Todas as emendas do Dialogo e Ação Petista foram aprovadas; num grupo a Retirada das MPs 664-665 foi aprovada por 27 a 1! Em outras cidades foi tudo remetido para o Nacional.
Os líderes falam muito, mas a angustia da militância é a crise que ameaça destruir o PT. O Congresso deve regulamentar o não recebimento mais pelos diretórios de recursos das empresas. Mas e os candidatos? Poderão rececer esses recursos?
A verdade é que o PT não sairá da crise sem girar sua orientação, exigir do governo que mude a política econômica e formar uma nova direção eleita pelos encontros de base e não mais pelo famigerado PED.
Abaixo, algumas propostas do DAP para discutir nas etapas do Congresso:
8 propostas
1 não ao Plano Levy! Retirada das MPs 664-665 e não ao PL 4330. Fim do superávit primário, Derrubada dos juros e controle do câmbio;
2 Só uma Constituinte exclusiva e soberana fará a verdadeira reforma política;
3 Fim do PED, volta dos Encontros de base para eleger as direções;
4 Campanha em defesa da Petrobras;
5 Revisão da “política de alianças” nas eleições de 2016;
6 Desmilitarização das PMs e revogação da Lei de Anistia;
7 Democratização dos meios de comunicação;
8 Retirada das tropas brasileiras do Haiti.
Oportunistas abandonam do PT
Nesta safra, Marta, Vacarezza e Serge
Na crise, muitos oportunistas estão abandonando o PT. Estes três saem agora, junto com muitos vereadores pelo país afora, quando as expectativas eleitorais da legenda estão caindo.
Marta Suplicy, senadora, estava de saída faz tempo. Imbuída da ambição carreirista de sair candidata a prefeita da capital em 2016. Vai para o PSB, em SP, coligado ao PSDB no governo Alckmin para bater no PT, está claro.
Candido Vacarezza, ex-deputado federal, deve ir para o PMDB, partido com o qual se diz “hoje mais identificado”. Ninguém ficou surpreso. Ele foi o relator da PEC 352 da contrarreforma política na Câmara.
Serge Goulart, ex-membro do Diretório Nacional pelo grupo Esquerda Marxista (EM) explica a saída: “o rompimento da classe trabalhadora com o PT” (site EM 27/4). Sem provas, afirma, e afirmado fica: a classe rompeu, não aconteceu nada, resistência ou diferenciação, apenas a EM arruma as malas.
A “análise” tem que falsear a realidade de uma plenária convocada pela CUT em 31 de março em São Paulo, quando Lula defendeu o ajuste. Diz a EM: “nenhuma fala contra as MPs 664 e 665 que retiram direitos, nem mesmo do presidente da CUT” . Três mil presentes sabem que é mentira!
Aonde vai a EM?
O site fala numa “”frente de esquerda”, mas não diz frente com quem, nem para que. O mistério se desvanece quando anunciam “seguir debatendo até setembro os próximos passos a partir da decisão de saída do PT”. Setembro… seria porque outubro é o prazo para filiação a uma legenda para disputar as próximas eleições?
Roberto Robaina, dirigente do PSOL convidado ao evento da EM que decidiu a saída, resumiu no seu site: “ficou evidente que a campanha de Luciana Genro foi um impacto nas fileiras desta corrente. A opção de entrar no PSOL após sair do PT é a preferencial. Solicitaram reunir com a direção e farão este pedido formal em seguida”.