55º Congresso da UNE: Diretas Já e Constituinte!

Defesa da educação pública e dos estudantes das privadas integram decisões.

O 55º congresso da UNE (CONUNE) ocorreu de 14 a 18 de junho, marca uma nova etapa da luta do movimento estudantil, pois adotou resoluções que permitem o necessário enfrentamento do governo golpista e sua política de retirada de direitos e de investimentos da educação.

A tese “A Une é pra Lutar”, impulsionada pela Juventude Revolução (JR) credenciou 64 delegados garantidos com arrecadação independente, e jogou um papel fundamental para as vitórias obtidas no Congresso que contou com 4.795 delegados e mais de dez mil estudantes.

Saída política e pauta estudantil
A resolução de conjuntura foi aprovada com muita empolgação por ampla maioria do plenário: “a UNE deve defender as Diretas Já também para que o povo eleja um presidente que possa convocar uma assembleia constituinte soberana, eleita sob novas regras, única forma de anular as medidas dos golpistas (PEC do limite de gastos, reforma do ensino médio, entrega do Pré-Sal) e abrir caminho para as reformas populares, e as mais profundas demandas da juventude como a desmilitarização da polícia, a retomada da expansão das universidades públicas…”.

A resolução de educação coloca no centro a defesa da educação pública, ampliação de 2,5 bilhões para Assistência Estudantil e combate ao teto de gastos. Defende também os estudantes do Fies e do Prouni ameaçados pelos cortes.

O Congresso decidiu defender Lula contra perseguição, no momento que aparece como favorito pelas pesquisas como candidato do PT, além de condenar abusos do judiciário.

 

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imagem: Veridiana Santana

 

Direção com política
Com base nesta plataforma, uma chapa com diversos setores foi construída. Com a iniciativa determinada dos delegados da tese “A UNE é pra lutar”, se constituiu uma chapa composta pela JR, UJS, correntes petistas (como CNB, EPS e DS), Levante Popular e setores do PSB e PDT.

Uma unidade construída ao redor de posições políticas comuns, ao contrário da Oposição de Esquerda que se dividiu, e a chapa do PSDB saiu derrotada. Tal unidade serviu para desconstruir a lógica dos “campos”, como o chamado Campo Popular (ao qual pertencia o Levante), um passo à frente para romper a lógica da “guerra de torcidas” que em geral marcam os congressos da UNE.

Castelo de Areia
Nos escombros do Campo Popular a Articulação de Esquerda insistiu em juntar os cacos, não aderindo à chapa vitoriosa e saindo sozinha para disputa da direção. Mas foi por causa da unidade dos setores petistas (exceção da AE) que o Levante Popular da Juventude, principal força do falecido campo, na última hora abandonou o campo e foi conduzido a construir com a chapa vencedora.

A Oposição de Esquerda por sua vez, se esfarelou. Não entrando em consenso (unidade) nem nas resoluções de Conjuntura nem de Educação. Sem coesão, a Oposição de esquerda diminuiu e insistiu nos erros de sempre. O apoio à Lava Jato, a falta de firmeza no apoio as eleições diretas e pobreza nas propostas de saída para crise, marcaram a intervenção da dividida Oposição de Esquerda.


Entrevista: “Agora é o dia a dia da luta estudantil”

 

Wesley Rage é estudante do Instituto Federal de São Paulo e foi eleito para a diretoria executiva da UNE. Rage participou do movimento de ocupações de escolas em 2016, é coordenador da Juventude Revolução em São Paulo. Rage falou a O Trabalho.

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Wesley Rage, eleito 3º Vice-Presidente da UNE | Imagem: Veridiana Santana

Qual sua avaliação geral sobre o 55º Conune?Foi um congresso que aconteceu numa situação muito complicada no nosso país, que a juventude e a classe trabalhadora veem seus direitos, conquistados com muita luta, serem retirados pelo governo golpista. Nesta situação foi importante a unidade que ocorreu no congresso ao redor de uma linha política comum, que arma os estudantes para a luta que deve ser travada daqui pra frente em conjunto com a classe trabalhadora, que é pelo Fora Temer, pelas diretas já e por uma constituinte para que possamos reverter os ataques já aprovados e abrir caminho para as reformas populares.

Como vai ser sua intervenção na direção da UNE ?
Será um combate para que as resoluções aprovadas pelo congresso sejam cumpridas nas universidades e faculdades. Combatendo ombro a ombro com os camaradas da Juventude Revolução e da tese “A Une é pra lutar”, por uma UNE presente no dia a dia dos estudantes, que ajude a resolver suas pautas concretas e ajude também na construção de suas entidades de luta (DA’s, CA’s, DCE’S, etc)

Que perspectivas o Conune abre?
As resoluções aprovadas no Congresso reforçam a necessidade de cada delegado e estudante que esteve presente, de retornar para sua universidade e ajudar a organizar e mobilizar os demais estudantes para derrotar o governo golpista e construir mais uma greve geral no dia 30 de junho.

Por Washington Alves

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