Em 16 países de todos continentes, em 17 capitais e outras cidades, dezenas de milhares pediram a libertação de Lula.
Destacam-se o ato de Paris, com 300 pessoas, onde falaram Jean Luc Melenchon, da França Insubmissa, principal líder da esquerda, o Partido Comunista e o Partido Operário Independente (um dos coordenadores do Acordo Internacional dos Trabalhadores), além de outros grupos convocados pelo Comitê Lula Livre local. Na Cidade do México o ato reuniu 200 pessoas, sindicalistas, OST (Organização Socialista dos Trabalhadores) e associações, também puxado pelo Comitê Lula Livre local, e o ato de Lisboa com mais de 100 presentes, PCP, POUS e comitês de brasileiros. Como em outros países (Espanha, Venezuela etc.), as forças do Acordo Internacional dos Trabalhadores (AcIT) estavam presentes.
No Brasil, os Atos foram em geral puxados pelo PT, cada vez mais engajado nesta luta, junto com Comitês Lula Livre que se formam. O Diálogo e Ação Petista, membro do AcIT, marcou presença dia 7.
A justa decisão do Diretório Nacional do PT de ligar a luta por Lula Livre com a campanha contra a Reforma da Previdência, ajuda a dar amplitude e, também, concretude aos olhos do povo, para a exigência democrática de libertar Lula, preso político condenado sem provas. Preso para impedir sua eleição e a classe dominante aplicar um programa de destruição.
Justamente, a campanha de massas para derrotar a reforma da Previdência é o caminho mais curto para criar outra relação de forças no país e tirar Lula da cadeia!
Mais de 10 mil em Curitiba!
A Caravana Lula Livre pelos estados do Sul, organizada pelo PT, teve como fechamento o ato do dia 7 de abril em Curitiba, em frente à Polícia Federal, local onde Lula é preso político há exatamente um ano. Mais de 10 mil militantes de vários estados do país foram lá exigir a liberdade de Lula e manifestar a disposição de continuar a luta até conseguir o objetivo.
A Caravana e os atos realizados em todo o Brasil no dia 7 de abril representaram um reforço auspicioso da campanha Lula Livre, que teve um momento importante no Encontro Nacional realizado em São Paulo dia 16 de março. Agora, é construir os comitês e levar a campanha para as ruas.
Em Porto Alegre, dia 5, a primeira manifestação foi um debate com Fernando Haddad e centenas de estudantes, chamado pelo DCE da UFRGS. Haddad denunciou o apoio de Bolsonaro à ditadura militar e condenou a proposta de reforma da previdência. Ao final da tarde, uma caminhada em direção ao auditório da Assembleia Legislativa, animada pelo bloco de carnaval “Ai, que saudade do meu ex!” reuniu mais de 1.500 pessoas. Num auditório lotado, diversas falas de sindicalistas, dirigentes do PT, PCdoB e Psol. Diversas vezes os oradores foram interrompidos pela palavra de ordem: Lula Livre! Lula Livre!
Claudir Nespolo, presidente da CUT/RS, ligou a defesa da liberdade de Lula à luta contra a proposta de “Nova Previdência” de Bolsonaro, chamando a atenção da necessidade de uma grande greve geral. Militantes do Diálogo e Ação Petista e estiveram presentes na atividade com faixas e cartazes dizendo Lula Livre! Tirem as mãos da previdência!
Em Florianópolis no dia 6, mesmo com um pouco de chuva, a escadaria do Rosário ficou lotada, com a presença de mais de 2.500 pessoas. Muitos gritos de Lula Livre. Alguns pediam Haddad presidente, outros retrucavam com “Lula presidente”. Os discursos focaram na denúncia da política atroz do governo Bolsonaro e da necessidade de derrotar a reforma da Previdência. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, sublinhou o processo golpista da Lava Jato e sua vergonhosa proposta de financiamento pela Petrobrás e reforçou em seu discurso a entrega da soberania do país. Haddad falou dos ataques quase diários aos direitos e da situação da educação. Também demonstrou preocupação com a comemoração do golpe de 64 e as tentativas de alterar a história a partir dos livros didáticos. Também em Florianópolis o DAP teve participação destacada, com suas faixas, pirulitos e palavras de ordem.
Defesa dos direitos e da soberania
Em Curitiba, no domingo, era o 365º dia da prisão de Lula. Delegações de todo o Brasil começaram a chegar na véspera e na manhã do dia 7. Milhares de pessoas fizeram uma caminhada de 2,5 quilômetros até a Polícia Federal, onde entoaram o “Bom dia, presidente Lula”. Em seguida teve início o ato, com dirigentes de partidos políticos de esquerda, centrais sindicais e movimentos sociais. As ruas tomadas quase não permitiam que as pessoas se movimentassem.
O ex-senador paranaense Roberto Requião afirmou que “não houve processo contra Lula, o que houve foi uma manipulação judiciária”, e concluiu: “Lula Livre é Brasil livre”, referindo-se à retirada de direitos e aos ataques à soberania nacional. Gleisi leu a carta de Lula dirigida aos manifestantes, onde ele afirma que é preso político, “exilado no próprio país”.
Haddad fechou o ato, chamando a atenção para “o que está em jogo: os direitos do povo e a soberania nacional”.
Correspondentes
“O QUE TEMEM É A ORGANIZAÇÃO DO POVO”
Em artigo publicado na Folha de São Paulo, quando completou um ano de sua prisão, com o título “Por que têm tanto medo de Lula livre?”, Lula escreve: “Faz um ano que estou preso injustamente, acusado e condenado por um crime que nunca existiu (…) me condenaram numa farsa judicial.
O que mais me angustia, no entanto, é o que se passa com o Brasil e o sofrimento do nosso povo (…) Os direitos do povo e da cidadania vêm sendo revogados, enquanto impõem o arrocho dos salários, a precarização do emprego e a alta do custo de vida. Entregam a soberania nacional, nossas riquezas, nossas empresas e até o nosso território para satisfazer interesses estrangeiros. (…) O Supremo negou-me um justo pedido de habeas corpus, sob pressão da mídia, do mercado e até das Forças Armadas, como confirmou recentemente Jair Bolsonaro, o maior beneficiário daquela perseguição (…).
Na verdade, o que eles temem é a organização do povo que se identifica com nosso projeto de país. Temem ter de reconhecer as arbitrariedades que cometeram para eleger um presidente incapaz e que nos enche de vergonha. Eles sabem que minha libertação é parte importante da retomada da democracia no Brasil. Mas são incapazes de conviver com o processo democrático.”