Guerra e paz?

A aproximação das eleições presidenciais nos Estados Unidos acelera todas as contradições em escala internacional. A decisão de Biden de não se candidatar à reeleição é apenas um dos fatores que agravam a situação. Recordemos que Trump havia declarado que em dois meses conseguiria a paz entre a Ucrânia e a Rússia. A escolha do republicano JD Vance como vice-presidente de Trump está preocupando as cúpulas na Ucrânia. Ele tem defendido por vezes uma redução drástica da ajuda financeira e militar a Zelensky.

Zelensky, confrontado com o avanço russo no leste da Ucrânia, mas também com uma resistência crescente na Ucrânia, busca criar uma porta de saída. Em 15 de julho, referindo-se a uma próxima cúpula de paz, Zelensky declarou – o que ele havia recusado até agora: “Acho que os representantes russos deveriam estar presentes nessa segunda cúpula”. Alguns dias depois, ele reafirmou: “Podemos pôr fim à fase mais quente da guerra até o final do ano”.

Mas, por trás da retórica, há a realidade: todos os dias, milhares de ucranianos e russos são mortos e feridos; é uma enorme carnificina que atinge os dois países e principalmente a sua juventude, esses jovens de ambos os lados que, em sua maioria, recusam a guerra. Haja vista os 600 mil jovens ucranianos que fugiram do país para evitar o recrutamento e o milhão de jovens russos que deixaram o país pelo mesmo motivo.

O maior medo dos Estados Unidos

Os EUA forneceram à Ucrânia novas armas de longo alcance. Mas advertiram os ucranianos a não atacar fortemente os territórios russos. O porta-voz do Pentágono disse: “Acho que é importante entender que não queremos ver consequências inesperadas, uma escalada que possa transformar esse conflito em um conflito mais amplo que vá além das fronteiras da Ucrânia”.

O maior medo dos Estados Unidos seria o colapso do regime de Putin, abrindo caminho não apenas para as mobilizações de cidadãos, mas também para as mobilizações nacionais nos diferentes territórios da Federação Russa. Uma queda de Putin teria consequências em toda a Europa, mas também em escala mundial. 

Colocar a Rússia de joelhos sem derrubar Putin é uma forma de exercer pressão direta sobre a China, porque para os Estados Unidos isso é o mais importante. Aliás, o novo candidato à vice-presidência, Vance, disse que a China é questão prioritária para os Estados Unidos.

Lucien Gauthier
Jornal francês  Informations Ouvrières ed.818

Tradução: Adaias Munis

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