Covid 19 atinge mais pobres e negros

Mais de 30 mil mortos e a doença se espalha nas periferias, favelas e comunidades. Mais pretos e pardos vão a óbito segundo boletins dos órgãos de saúde.

Em São Paulo, em oito dos dez bairros com mais mortes, vivem mais negros. É o retrato da desigualdade social no Brasil. Nele, jovens negros são diretamente impactados com aumento do desemprego e a violência.

A juventude negra em idade de trabalhar se expõe mais ao vírus porque não tem condições de ficar em casa sem renda e se arriscam nos empregos informais, muitas vezes sem proteção. É difícil seguir orientações sanitárias com moradias apertadas e falta de água e sabão. Isso não permite o isolamento de qualquer integrante da família que seja acometido pela Covid-19.

Negro com máscara de proteção é suspeito!
Até mesmo a recomendação básica do uso de máscara é um verdadeiro perigo quando se é preto e jovem. Carlos Falcão, estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi abordado aos gritos pelo segurança das Lojas Americanas por estar de gorro e máscara.

A queixa foi cancelada pela delegacia que justificou “não ser fato policial”. A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade denuncia em cartilha de prevenção nas favelas que a máscara de proteção usada por homens negros entrou na lista de acessórios “suspeitos” pela polícia.

Grafiti de Tody One em SP
Grafiti de Tody One em SP

Essa violência segue vitimando a juventude negra. Na favela do Areião (24/04), zona norte de São Paulo, David, de 23 anos foi colocado na viatura da Polícia Militar e horas depois apareceu morto. No Complexo do Alemão (16/05) a polícia do governador Witzel matou 10 pessoas, tocando o terror na comunidade. Enquanto hospitais são insuficientes, o Estado se faz presente com mais violência nas comunidades pobres.

No dia 18 de maio, a comunidade de Paraisópolis, onde ocorreu a chacina de 9 jovens em dezembro de 2019, manifestou-se em caminhada até o Palácio dos Bandeirantes, em um ato com distanciamento social exigindo do governo medidas básicas como agua, alimentos, etc. Um bom caminho de resistência para, defender a vida dos jovens negros da periferia, do vírus e da violência do Estado que fez, no dia 18 de maio mais uma vítima. João Pedro, negro, de 14 anos, foi assassinado quando, dentro de casa, brincava com amigos!

Dino

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