Recuperar a CUT para a luta de classe

“A classe trabalhadora e suas organizações sindicais no Brasil vêm sofrendo ataques incessantes desde a “reforma trabalhista” de Temer e durante todo o governo Bolsonaro, a serviço dos patrões e seus lucros”, assim inicia uma Carta Aberta que começa a circular no movimento sindical, pois a situação é dramática para a classe trabalhadora e o movimento sindical está aquém do que necessita para fazer esse enfrentamento.

É preciso colocar no centro: revogação da reforma trabalhista de Temer, revogação da reforma previdenciária de Bolsonaro, não às privatizações das estatais e serviços públicos, fim do teto de gastos imposto pela EC 95, aumento emergencial de salários no combate à fome e à inflação, tabelamento dos preços dos itens da cesta básica.

“Ataques que exigiriam uma atuação intensa dos sindicatos junto às suas bases e que as centrais sindicais, em particular a CUT, cumprissem o papel de centralização das lutas de resistência que existem, de modo a unir os distintos setores numa luta conjunta contra os patrões e o governo Bolsonaro, que empurrou 33 milhões de brasileiros e brasileiras à fome, enquanto o agronegócio bate recordes de lucros. Entretanto, os fracos atos de 1º de Maio deste ano mostraram a fragilidade do movimento sindical brasileiro para enfrentar essa situação”.

Mas isso se dá porque, em especial a CUT, não coloca em prática o que foi decidido na Plenária nacional de 2021. “A CUT decidiu colocar no centro de sua plataforma a revogação das reformas trabalhista de Temer e previdenciária de Bolsonaro. Mas em abril deste ano, o arremedo de “CONCLAT” do Fórum das Centrais (500 participantes via internet), adotou não a revogação, mas a “revisão” da reforma trabalhista, que para dirigentes da UGT e da Força Sindical, dependeria de um “acordo tripartite” com os patrões e o novo governo a ser eleito. E a CUT, principal central sindical, acaba prisioneira desses acordos e não joga o papel que poderia e deveria jogar na mobilização de suas bases na luta pelas reivindicações imediatas e inadiáveis de nossa classe”.

Temos claro a necessidade e importância para o país de se livrar o quanto antes de Bolsonaro e a importância de eleger Lula presidente em outubro, para reconstruir e transformar o Brasil, pois isso vai abrir o caminho para reconquistar cada direito retirado desde o golpe contra Dilma, mas isso não pode significar que os sindicatos abandonem a luta do dia a dia para ser apenas “cabos eleitorais” nas chamadas brigadas digitais ou comitês de luta. É preciso a ação sindical para desde já forjar essa vitória.

A Carta Aberta tem esse objetivo, pois o que está em jogo é o futuro da CUT e das organizações sindicais. “Organizemos em conjunto reuniões e plenárias de sindicalistas nos estados desde já, apontando para uma reunião nacional no 2º semestre para construir uma força capaz de reverter a paralisia na luta de classe direta pelas reivindicações que estamos atravessando no movimento sindical brasileiro”.

João B. Gomes

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