Colômbia: “Fazia falta o povo nas ruas!”

Petro chama a mobilização por reformas populares

Há muitos paralelos entre as situações vividas hoje na Colômbia e no Brasil. Gustavo Petro ganhou as eleições a partir do Pacto Histórico que reuniu partidos da esquerda e centro-esquerda, mas, para obter maioria no Congresso, ampliou a aliança para partidos de direita (liberais e conservadores).

Mas a oposição de direita, ligada aos últimos presidentes, controla a grande mídia e segue presente nas instituições policiais e judiciárias. Diante das reformas pretendidas pelo novo governo, iniciou-se uma campanha acusando o governo Petro de uso ilegal de “escutas” contra adversários.

Petro, ao invés de procurar o “centrão” colombiano para negociar, rompeu o acordo parlamentar com a direita e demitiu seis ministros (ver OT 917), convocando, no ato de 1º de maio, a mobilização popular em defesa das reformas da saúde, trabalhista e das aposentadorias.

“Contundente resposta popular”

É o título do artigo do site da Rede Socialista da Colômbia (larosaroja.org) sobre a jornada de 7 de junho que, superando todas as expectativas, reuniu mais de 200 mil pessoas em Bogotá, assim como em outras 200 cidades do país, contra as tentativas de “golpe brando” da Fiscalía e da Procuradoria Geral da Nação e em defesa das reformas populares.

Em seu discurso, Petro inaugurou uma nova fase de seu governo popular, segundo ele próprio. Ao lado de sua vice-presidente, Francia Márquez, ele afirmou:

“Nosso governo tem que estar nas ruas, não nos palácios, deve estar rodeado de gente simples. De agora em diante, deve haver assembleias populares em todos os municípios, e que tomem decisões em seus territórios. Todo ministro ou ministra deve obedecer ao mandato popular, senão ir embora”.

Sobre as ameaças de “golpe brando”, Petro lembrou o que ocorreu no Peru para advertir que “se eles se atrevem a violar o mandato popular, o povo da Colômbia sairá de cada rincão, rua e município a defender, com suas mãos limpas, alegres e sem violência, o triunfo e o mandato popular. Aqui não vai passar o que houve com Pedro Castillo”, referindo-se ao presidente do país vizinho, vítima de golpe e hoje, preso.

Do Congresso, Petro solicitou: “Aprovem as reformas que garantem os direitos do povo colombiano, as reformas que o povo aprovou nas urnas”, as mesmas que nasceram da “base da nação colombiana”, disse o presidente, “é um mandato popular de trabalho digno, saúde gratuita e para todos, aposentadoria decente”.

Ao final de seu discurso, Petro sublinhou: “Fazia falta o povo nas ruas. Pensavam que ele estava adormecido depois de ganhar as eleições, agora vão sentir o povo com mais decisão. Os governos decidem sobre a terra, a água, os recursos públicos. Que o povo fale, tome decisões, que o governo estará a serviço de vocês. Não tenham preguiça de sair às ruas. A Colômbia será do povo trabalhador, sem intermediários para estreitar uma aliança do governo com o povo.”

Um exemplo para o governo Lula, hoje, refém das tramóias do “Centrão”, e também para partidos e organizações populares e sindicais que parecem estar com preguiça de sair às ruas no Brasil.

Julio Turra

Artigos relacionados

Últimas

Mais lidas