O novo Diretório Nacional eleito no 7º Congresso foi empossado em 17 de janeiro. Pela chapa do DAP entraram Misa Boito, Luiz Eduardo Greenhalgh e Markus Sokol, este último na Executiva Nacional.
O debate político foi aberto pela filósofa e fundadora do PT Marilena Chauí, seguido de uma relação de oradores, e encerrado por Lula. Reproduzimos abaixo um trecho da fala de Sokol:
“França, Chile e Brasil”
Marilena sacou bem a relação entre a democracia e os direitos sociais, dando os exemplos da explosão no Chile e da greve na França. Não por acaso, se destaca em ambos a questão da Previdência Social ameaçada pelo que ela chama de “totalitarismo neoliberal”. Podemos discutir o nome melhor, mas os dois casos exigem realmente a nossa atenção. E quero complementar aqui a questão cara para nós, da representação.
Sim, porque na França, chegamos a esta longa e inédita greve, um ano depois do movimento dos “coletes amarelos” que se deu fora e rejeitando inicialmente partidos e até os sindicatos. E essa greve chamada de início para o dia 5 de dezembro pelas centrais sindicais – CGT, FO e outras, mas não a CFDT (favorável ao princípio da reforma) –, se estendeu depois como “greve reconduzível” arrastando as centrais, por decisão de assembleias diárias de base “até a retirada” do projeto. Quer dizer, não houve recuo de Macron, como disse a imprensa, e continua um movimento “de baixo” com certo esgotamento das representações tradicionais de classe.
No Chile é uma dinâmica parecida. Houve uma explosão social, após 30 anos de continuidade das instituições da Constituição de Pinochet. O que foi possível graças à alternância dos governos da direita (como o atual Piñera) com os da “concertacion” (PS-DC) acompanhada pelo PC, sem mexer no essencial, como é Previdência privatizada (as AFPs). De modo que hoje, nos atos e marchas que continuam há três meses, nem o PS ou o PC se apresentam como tais, tamanho o seu desgaste. E não fico satisfeito por isso, pois na falta da representação política dos trabalhadores, a situação fica muito perigosa, como sabemos, um aventureiro pode vir.
O que nos traz ao Brasil. Não que os governos Dilma ou Lula (que conhecem as críticas que fizemos), fossem iguais aos de Bachelet. Aqui não houve “alternância”, tiveram que derrubar Dilma e prender Lula.
Mas nós do PT não estamos infensos ao problema da conciliação e da representação, não!
Os governadores do PT estão aí, fazendo reforma das Previdências Estaduais e reduzindo os direitos dos servidores, como os outros do sistema. Que mensagem queremos passar, aonde vamos parar assim? Porque não terminou e vão continuar pressionando para nos adaptar ao ajuste e a Bolsonaro, ao invés de combater o sistema”.