A campanha nas ruas e locais de trabalho

Em feiras, fábricas, pelas ruas de bairros populares, em banquinhas e comitês nos locais de movimentação de diferentes cidades. A campanha dos candidatos do PT se espraia, e vai além dos comícios.

O Trabalho conversou com companheiros que estão em campanhas de candidatos a deputados em quatro estados, para saber como está o sentimento do eleitor, e de quem pede o voto, a duas semanas da eleição.

Na Bahia, Davi Romão coordena a campanha de Marize Carvalho, candidata a deputada federal, e diz que a experiência tem animado o pessoal. “A receptividade tem sido muito positiva, inclusive pela esperança de mudar as coisas a partir dessas eleições. Nossa campanha cresceu em alguns setores populares, temos feito reuniões nas casas das pessoas que nos encontram pelo caminho.”

Ele explica que, no estado, a receptividade a Lula e ao PT é muito alta, tanto na capital quanto no interior. “Nós estamos com comitê num lugar central e popular, com materiais e músicas com Lula, as pessoas entram, acenam, então há um movimento positivo.”

Em Minas Gerais, Glaucio de Almeida, o Mestre Cuité, está fazendo campanha para o candidato a deputado estadual Betão e vê um cenário um pouco diferente. Ele tem panfletado em portas de fábricas, e também fica em banquinhas de distribuição de material, e vê muita gente esperançosa, mas também muita gente apática. “Está tudo meio morno, ainda que Lula paire acima disso, e há manifestações das pessoas quando vêem a imagem dele.” Quanto ao Betão, Glaucio diz que tem sido um prazer ver como ele é respeitado pelas pessoas.

O apelo de Lula pode trazer manifestações de apoio de onde menos se espera. Alexandre Linares, que está na campanha de Lili a deputada federal e Bebel a estadual em São Paulo, conta que estava panfletando na feira no último domingo (18), quando um grupo de panfleteiros contratados por candidatos a deputados do partido do Bolsonaro pediram material do PT. Uma moça explicou: “estou aqui trabalhando pra comer. Mas meu voto é 13, não para esses safados”.

Trabalho e renda, comida e moradia
Os anseios do povo são os mesmos em várias partes do Brasil. “No geral, os trabalhadores estão descontentes com a situação do país, e querem mudança.

Nas reuniões, eles colocam reivindicações básicas e práticas, como a necessidade de moradia, emprego, comida e segurança”, conta Jaqueline Albuquerque, coordenadora da campanha a deputada estadual de Erika Suruagy, em Pernambuco.

Na Bahia, a principal questão é o desemprego e a fome, tanto entre os jovens quanto entre as mulheres. Em Minas também. “O que eu sinto hoje é uma angústia muito grande com o futuro, aquele receio de ‘daqui a pouco vai chegar até a mim o desemprego’, ‘daqui a pouco não vou conseguir vender o meu produto’. Isso é o mote principal”, explica Glaucio.

Dificuldades e obstáculos
O baiano Davi explica que não tiveram, até o momento, nenhum caso de reação violenta à campanha. Mas vê um receio das pessoas de se deslocarem com material do PT. Em outros locais, há relatos de dificuldade de adesivar carros de apoiadores que temem reações violentas ou depredações de bolsonaristas.

O principal obstáculo tem sido, no entanto, a falta de orientação partidária, a partir da coordenação nacional da campanha de Lula, para colocar a militância em marcha.

Em Minas, a reclamação pela falta de adesivos e panfletos de Lula é generalizada. “Algumas pessoas que vêm pedir material falam do orgulho que têm de já ter feito militância pelo partido, espontânea, de pegar material para levar para seu bairro e seu lugar de trabalho. Mas essas pessoas esperavam mais motivação e movimento por parte do partido para seguirem fazendo isso. A campanha ficou despolitizada”, avalia o mineiro Glaucio.

Priscilla Chandretti

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