EBC: resistência contra ameaça de demissão

Cerca de 230 trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) realizaram uma mobilização relâmpago na sexta-feira, 9 de setembro, às 13h, nas portas das três praças da empresa (DF, RJ e SP), em protesto contra a ameaça de demissão de Kariane Costa, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da empresa.

É mais um ataque da cúpula bolsonarista da EBC contra os direitos dos radialistas e jornalistas e contra o caráter público da emissora. Os sindicatos das três praças e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) posicionaram-se imediatamente em repúdio ao ataque e ajudaram na organização das manifestações, juntamente com a Comissão de Funcionários.

O móvel do ataque foram as denúncias de assédio contra integrantes da cúpula da EBC. Como representante dos funcionários, Kariane recebeu as denúncias e encaminhou-as pelos canais internos da empresa, como é sua obrigação, cobrando apuração e punição dos responsáveis. Isso foi ainda em 2021. Em vez de apuração, o que se viu foi uma farsa! Das 38 testemunhas indicadas por Kariane, apenas uma foi ouvida. Ela mesma depôs duas vezes. Há dois meses, porém, foi “avisada” de que tinha virado ré, sob acusação de calúnia feita pelos chefes alvos das acusações de assédio.

Em 8 de setembro, tornou-se público que a comissão feita para investigar as denúncias de assédio decidiu recomendar a demissão por justa-causa de Kariane Costa. A reação das entidades e dos trabalhadores em defesa de sua representante foi imediata. No dia seguinte, as manifestações tornaram claro o descontentamento em massa dos funcionários, que decidiram entrar em “estado de greve”, exigindo o fim da ameaça ou a empresa pode parar.

Os trabalhadores da EBC estão também em alerta em defesa de seu Acordo Coletivo, que não foi renovado pelo governo Bolsonaro a partir de 2020, e está em dissídio no TST. O julgamento marcado para 12 de setembro acabou adiado, e prossegue a luta por todos os direitos conquistados.

Desde Temer, há uma ofensiva brutal para anular o caráter público da EBC, transformando-a em mero puxadinho do Planalto. Para um futuro governo Lula, coloca-se a reivindicação de retomada dos mecanismos de autonomia da empresa (Conselho Curador, mandato do presidente, e outras medidas), bem como a sua ampliação para todos os Estados brasileiros. Afinal, o acesso a informação correta e de utilidade pública e a bons programas educativos é um direito e um interesse de todos os brasileiros, em todos os pontos do país.

Paulo Zocchi

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