Seminário de Organização do PT discute, discute e discute…
Mais de uma centena de quadros dirigentes estaduais e de capitais, além de nacionais, vieram ao Seminário Nacional de Organização do PT, em São Paulo, dias 27 e 28 de agosto.
A idéia vem do 5o Congresso do PT, em Salvador, em junho, que rejeitou por maioria do fim do PED (processo eleitoral direto). Para acomodar o mal-estar e as críticas abertas ao viciado PED, mas sem voltar à eleição de direção em encontro de delegados, a cúpula, estão, improvisou esta proposta: o filiado-padrão não precisa mais pagar para votar no PED, só os dirigentes, comissionados e parlamentares, e um Seminário de Organização discutiria “como fica”.
Dois meses após o Congresso do PT, não era para rever a decisão, Seminário não delibera. Mas com 5 mesas e 2 sessões de grupos – com os problemas candentes do aprofundamento brutal da ofensiva reacionária contra o PT -, a cúpula que organizou o evento, poderia dar mais espaço a abordagem política, não só “organizativista” dos problemas.
Rui Falcão, presidente do PT, na abertura, até advertiu para a conjuntura que “aliviou um pouco para o governo, mas aumentou a pressão sobre o PT”, explicando como a representação da oposição no Tribunal Superior Eleitoral não foca “tanto nas contas de Dilma, mas mais sobre o PT, se não for para proscrever o partido com base no artigo 31 da Lei Partidária, é ao menos para asfixiar financeiramente com multas e cortes do Fundo Partidário”.
A arma da direita
Logo na primeira mesa, Carlos Árabe, da Executiva, desenvolveu uma linha torta. Elogiando o partido pela história “socialista”, o líder da Mensagem (DS) engatou que “a corrupção é hoje a única bandeira da direita para nos atacar”.
“Nem única, nem principal”, contestou Markus Sokol, do Diretório Nacional, “pois as pesquisas remetem à economia a queda de popularidade do governo e do PT, após a adoção do programa dos derrotados, quando a vaca tossiu com as MPs 664 e 665 que a direita explora”. Sokol lembrou: não tolerar a corrupção, “é imoral tudo que confunde e enfraquece a coesão dos trabalhadores”, mas “o problema principal está no programa do governo arrastar o PT”.
Retomou que “há uma debandada de prefeitos e vereadores, como relatou Emídio” (presidente do PT-SP), e propôs uma campanha nacional de defesa do PT, afirmando o partido, com “atos e caravanas das cidades convergindo, como lembrou Rui que discutimos na Executiva”.
Defesa do PT
De fato, o presidente tinha citado o Ato Em Defesa do PT, em São Bernardo do Campo, com caravanas de vários Estados, aprovado na Executiva e depois na bancada estadual paulista, mas que parou no Instituto Lula com outras prioridades.
No fechamento desta edição, se discutia, a alternativa de realizar na Praça da Sé, em SP, sábado 26 de setembro, com apoio da Executiva, do Diretório paulista e da CUT-SP, um ato chamado de “primavera da democracia” contemplando a “defesa do PT”, “como instituição”, diz o presidente do Diretório da Capital, Paulo Fiorillo, que convoca.
É simples, em geral é visto com muita simpatia, mas apesar das bombas e invasões, ainda não se chamou os petistas à rua para defender o seu partido. Incomoda alguns “aliados” e não entusiasma o governo.
Mas enquanto é atribuída ao PT a política econômica suicida do governo que choca sua base, a defesa do PT é uma necessidade urgente.
Há o risco de deixar suspensas, num partido ameaçado na existência, as 202 propostas para “reorganizar o PT” – algumas boas, como a eleição de delegados em encontros na base não no PED, fundo eleitoral comum e exclusivo na eleição interna e autonomia política da JPT, entre outras – que foram coletadas no Seminário.
Artigo originalmente publicado na edição do jornal O Trabalho nº 772 de 4 de setembro de 2015.