A Reforma Política e os Presidenciáveis: Debate revelador na TV Aparecida

Artigo de Markus Sokol originalmente publicado na página do Diálogo e Ação Petista

Desde 2013 levantamos a luta pela Constituinte através do instrumento que veio a ser o Plebiscito Popular onde milhões confirmaram a vontade de reformar o sistema político para destravar as reformas populares paradas no Congresso.

Na discussão no PT e com milhares que organizaram o plebiscito popularizamos quatro pontos para a reforma:

  • Proporcionalidade na representação na câmara, (um eleitor = um voto);
  • Extinção do Senado oligárquico;
  • Voto em lista partidária;
  • Trocar financiamento empresarial pelo público exclusivo.

Estas e outras questões seriam debatidas num plebiscito oficial formal que proponha ao povo convocar a Constituinte da reforma política.

Todavia, a “Coalizão Democrática” composta pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Ordem dos Advogados do Brasil entre outras entidades tem outro projeto completo de reforma que, por meio de iniciativa popular, propõe debater no recinto do Congresso, sem plebiscito nem Constituinte.

“A Igreja não pode ignorar a política”

Assim, o presidente da CNBB, o cardeal Damasceno, justificou a utilização da TV Aparecida e uma rede de emissoras católicas, para o debate de presidenciáveis deste dia 16, onde lhes submeteu seu projeto.

A primeira pergunta era que “opinião cada um tem dos pontos: impedir financiamento de campanha por empresas privadas, eleições em dois turnos, maior participação das mulheres e regulamentação do voto universal e secreto”.

Seguiu-se um “beija-mão” da autoridade espiritual dos bispos sobre questões terrenas, medieval!

Com algum prurido, o site da TV registra que os candidatos “se mostraram favoráveis e receptivos ao projeto”.

Aécio abriu saudando a padroeira e apoiando “uma reforma política que enxugue o quadro partidário, instaure o voto distrital misto e ponha um fim à reeleição” inventada pelo mesmo PSDB.

Marina faturou, citando junho de 2003 para corroborar a “forte impressão que os políticos não representam o povo”, declarando apoio à iniciativa da CNBB, e ficou assim na foto.

Já Dilma apoiou os quatro pontos da CNBB – pelo menos a eleição parlamentar em dois turnos é uma novidade no PT. Uma novidade discutível, pois acaba valendo o voto nominal no segundo turno sobre a escolha de uma lista no primeiro turno. Dilma apenas agregou “um plebiscito”. A hesitante candidata não explicou plebiscito de quê: dos quatro pontos, da Constituinte?

E Luciana Genro (PSOL) superou-se: “não só o PSOL concorda como foi parceiro da elaboração dessa proposta de reforma política da CNBB”!

Nem ela nem os bispos explicaram que o resto do projeto dá poder às ONGs no Congresso igual aos dos partidos, os quais ainda teriam a vida interna totalmente judicializada, um absurdo!

santa de pau oco

No dia seguinte, a grande mídia ignorou o tema central do debate, talvez por influencia dos que não querem nem ouvir falar de reforma política.

Para Dilma do PT, após o debate da Band, foi outra oportunidade perdida de revelar que Marina é santa de pau oco e que a sua “nova política” é uma contrarreforma de voto avulso, distritão e eleição só de cinco em cinco anos.

A questão continuará posta no 2o turno, com ainda mais urgência!

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