Pedimos a Pablo Micheli, secretário geral da Central de Trabalhadores da Argentina – Autônoma (CTA-A), um balanço da greve geral de 36 horas ocorrida no país vizinho contra a política de ataques aos direitos da classe trabalhadora do governo Macri.
Micheli, que foi um dos signatários da convocatória da 9ª Conferência Mundial Aberta contra a Guerra e a Exploração realizada em Argel em dezembro de 2017 por iniciativa do Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos (AcIT), tal como Roberto Baradel, um dos principais dirigentes da CTA-T, na qual ambos não puderam estar presentes, nos enviou o balanço de sua organização sobre a mobilização.
Para compreender a situação, é importante assinalar que o movimento sindical argentino se encontra bastante dividido. A histórica CGT “peronista” está dividida, inclusive com setores que apoiam o governo Macri.
A CTA, surgida em 1992 a partir da separação de um grupo de sindicatos da CGT, descontentes com o alinhamento de sua direção com o governo de Carlos Menem (peronista de direita, que adotou políticas de privatização), desde 2010 está dividida entre a CTA-T (de trabalhadores), dirigida por Hugo Yaski, e a CTA-A, dirigida por Pablo Micheli. Ambas decidiram em seus congressos deste ano iniciar um processo de reunificação, o que provocou uma cisão na CTA-A ao redor de dirigentes da ATE (trabalhadores do Estado), conhecida como CTA-A Perón (do nome da rua de sua sede).
Balanço da greve geral
O comunicado da CTA-A, firmado por Micheli, destinado “ao movimento operário internacional, centrais sindicais, sindicatos, organizações e movimentos do campo popular”, tem a seguinte introdução:
“A greve geral de 36 horas que começou com uma grande marcha em direção à Praça de Maio (onde fica a Casa Rosada, sede presidencial, NdT) na segunda-feira dia 24 e terminou na terça, dia 25, com uma grande paralisação nacional, foi um grande êxito, demonstrando que este povo segue e continuará lutando em rechaço à política econômica do governo neoliberal de Maurício Macri e contra o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Nesse marco, é doloroso ver como há companheiros e companheiras que insistem no sectarismo, quando a forma de enfrentar as políticas de ajuste, fome e empobrecimento é construindo a máxima unidade. Oxalá, algum dia, esses companheir@s que hoje se equivocam deixem de ser funcionais ao governo e somem-se ao caminho de todos os que lutam para terminar com essa tragédia que significa a gestão de Macri”.
As fotos e relatos que se seguem, indicam que o setor da CTA-A dirigido por Godoy (da ATE), optou por manifestar-se em separado e não participou da coletiva de imprensa dos dirigentes das duas CTAs e dos setores da CGT que também convocaram a greve geral, o que, sem entrar no mérito das posições de uns e outros, explica a referência à “máxima unidade” feita na introdução do informe.
Certamente a unidade na ação é necessária para enfrentar e derrotar a política pró-FMI de Macri, que guarda identidade com a política do golpista Temer no Brasil, unidade que se deu na paralisação total dos transportes, educação, sistema bancário e fábricas de todo o país, embora não tenha se refletido nas marchas e palanques. Mas não basta para abrir uma saída política, conforme os interesses do povo trabalhador e da nação.
Por certo, a questão da unidade e autonomia sindical na Argentina está ligada à ausência de uma representação política própria da classe trabalhadora no país vizinho, o que compete aos próprios trabalhadores argentinos resolver, apoiando-se na experiência de trabalhadores de outros países que buscam dar passos nesta direção.
Correspondente