Um grupo de garimpeiros, com armas de grosso calibre, invadiu a aldeia de Waiãpi, em Pedra Branca do Amapari, no Amapá, entre os dias 22 e 23 de julho, ampliando o clima de terror que tomou conta da comunidade nos últimos meses. O cacique da aldeia, Emyra Waiãpi de 62 anos, foi morto. Segundo laudo preliminar da polícia militar a vítima “estava com marcas de perfurações e cortes na região pélvica”. Acuados e com medo de novas retaliações, os índios se refugiaram na comunidade vizinha Aramirã, para onde crianças e mulheres foram levadas. Sitiados na mata, os índios prometeram retomar a aldeia caso as autoridades não adotem providências. Desde janeiro houve expansão dos focos de garimpo ilegal no Norte, assim como o aumento do desmatamento, como constatou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Membros da aldeia declararam CNTE que as incursões de bandos armados se tornaram mais comuns desde o início do ano e que as queixas dos indígenas pouco são ouvidas pelas autoridades.
Bolsonaro quer entregar Amazônia
É evidente, desde a campanha, o compromisso de Bolsonaro com o latifúndio e sua total subserviência aos EUA. Por essa razão, não mede esforços para mostrar ao patrão, Trump, que é seu capacho. Para Bolsonaro a divulgação de dados de desmatamento pode “prejudicar o país em negociações internacionais”. Por isso ele vem contestando o trabalho do Inpe. Após a invasão e o assassinato do cacique no Amapá, ele declarou, sem constrangimentos, em 27 de julho, durante cerimônia de formatura de paraquedistas no Rio de Janeiro, que a exploração da Amazônia é um dos motivos de sua relação próxima com os Estados Unidos: “Estou procurando o primeiro mundo para explorar essas áreas em parceria e agregando valor. Por isso, a minha aproximação com os Estados Unidos”.
No dia 29 de julho declarou, também, que tem a intenção de legalizar o garimpo no país, plano que inclui a liberação da atividade em terras indígenas. Também chamou as reservas indígenas de “zoológico” e os povos que ali vivem de “animais pré-históricos”, ao criticar quem defende a existência das reservas e das nações nativas. Fica claro que a garantia do direito à nação e à terra aos povos originários do Brasil é um empecilho para atender ao intento dos latifundiários e do imperialismo.
Sem-terra morto em Valinhos
No dia 18 de julho, em Valinhos, interior de São Paulo, uma manifestação de membros da ocupação Marielle Vive do MST, com mais de mil famílias, que pedia à prefeitura o fornecimento de água e assistências escolar e de saúde, acabou em morte. O agricultor Luís Ferreira da Costa, de 72 anos, foi atropelado e morreu pouco depois. Outras cinco pessoas ficaram feridas. Os manifestantes entregavam folhetos a quem passava para expor a situação dos habitantes e distribuíam alimentos produzidos no local. Foi quando uma caminhonete preta se aproximou pela contramão em alta velocidade. Os manifestantes tentaram ir atrás do assassino, mas ele teria mostrado que estava armado. O motorista, Leo Luiz Ribeiro, fugiu do local, mas foi preso em Atibaia (SP) no fim da tarde e confessou o crime. Disse não ter percebido que havia matado alguém. O jornalista Carlos Felipe Tavares, que estava a serviço do MST, afirmou que o motorista “fez o que queria fazer”.
Tiago Maciel