Bolsonaro prepara reajuste zero a servidores

Enquanto isso militares de alta patente e juízes enchem os bolsos

O prazo para reposição salarial dos servidores federais, ainda em 2022, está se aproximando do fim. A lei eleitoral e a lei de responsabilidade fiscal (LRF) proíbem aumentos de despesa após o dia 4 de julho. Pela imprensa, Bolsonaro falou em 5%, reajuste do vale-alimentação, promessas para 2023 e zero, o que prepondera hoje.
Os servidores federais reivindicam 19,99% de reposição emergencial relativos aos primeiros 3 anos de governo, contudo, a previsão do acumulado da inflação até o final do mandato já beira os 30%.

Arrocho salarial não é para todos
Enquanto a maioria dos servidores amargam duras perdas inflacionárias, no governo Bolsonaro os militares receberam 76% de reajuste que serão pagos até 2023, fora inúmeros benefícios, como os generais que ganharam até R$ 350 mil a mais por ano acumulando salários e aposentadorias acima do teto.

A magistratura federal e estadual vai no mesmo caminho. Um acordo entre governo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM) e o presidente do STF, Luiz Fux, busca aprovar ainda em 2022, um projeto de emenda constitucional (PEC 63) que garantiria 35% do subsídio do cargo a título de indenização por tempo de serviço para juízes e membros do Ministério Público, extrapolando o teto e sem incidência de imposto de renda.

O zero que Bolsonaro tenta aplicar se apoia na ação limitada dos sindicatos pelos efeitos da política do “fique em casa”. Mais de dois anos fora dos locais de trabalho afetaram a capacidade de reação das categorias. O remoto foi um bom negócio para o governo, que economizou R$ 1,5 bilhões em diárias, passagens e energia elétrica no período.

Até julho, os servidores lutam para arrancar a reposição. No último dia 31, trabalhadores dos três poderes organizaram uma manifestação em Brasília.

Apesar da crise aprofundada pela política do governo Bolsonaro, há recursos para atender às reivindicações. No acumulado de janeiro a abril, o saldo nas contas públicas foi positivo em R$ 79,2 bilhões, dinheiro que está sendo sugado para o pagamento de juros da dívida pública.

Marcelo Carlini

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