Bolsonaro quer entregar o país numa bandeja

O governo Bolsonaro anunciou uma lista de 17 empresas a serem privatizadas que inclui estatais conhecidas como os Correios, a Telebras, a Eletrobras, a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), a EBC e até a Lotex.

Além dessas há empresas com importantes funções sociais e econômicas, como é o caso da Trensurb (trens urbanos de Porto Alegre), o CEAGESP, o maior centro atacadista de alimentos do país, fundamental para o abastecimento de milhões de pessoas, e sua equivalente mineira, a CEASAMINAS e as Companhias de Docas de SP e Espirito Santo (CODESP e CODESA), responsáveis pela gerência dos portos de Santos e Vitória.

A lista se completa, por fim, com outras menos conhecidas mas estratégicas para a soberania nacional. Entre elas a Casa da Moeda, que tem como principal função imprimir o papel moeda do país, o Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO), com mais de 10 mil trabalhadores espalhados por 330 municípios e que tem a função de cuidar dos programas de processamentos de dados em todas as esferas da União, incluindo por exemplo o IRPF, o Renavam entre outros; a DATAPREV, outra gigante do processamento de dados responsável pelo processamento do pagamento de mais de 34 milhões de benefícios previdenciários, pelo processamento do seguro-desemprego, pelo banco de dados do Sistema Nacional de Emprego (SINE), entre outras funções; o Centro de Excelência em Tecnologia Avançada (CEITEC), empresa brasileira fundamental para a indústria microeletrônica do país.

Petrobras na mira
Embora não figure na lista, Paulo Guedes já anunciou que pretende vender a Petrobras assim que possível e o governo deu início ao processo colocando à venda diversos campos de Petróleo, refinarias e ativos da TransPetro, que diminuirão a capacidade produtiva de petróleo do Brasil, fazendo com que o país passe a produzir exclusivamente petróleo bruto, deixando para multinacionais a função do refino.

A Federação Única dos Petroleiros (CUT) e os sindicatos da categoria têm denunciado o desmonte em curso. Só na Bahia o governo decidiu transferir mais de 1600 trabalhadores e fechar unidades inteiras preparando a privatização, além de demitir cerca de 2500 terceirizados com a desocupação do edifício Torre Pituba, em Salvador.

Resistência em curso
Apesar das intenções o governo não terá vida fácil. Mesmo defendida a exaustão pelos partidos da classe dominante e apoiada unanimemente pela grande mídia, a política de privatizações é amplamente rechaçada pelo povo, como confirmou pesquisa do Datafolha, em que 67% se pronunciaram contra a venda das empresas nacionais.

A resistência, inclusive, já começou. Trabalhadores dos correios, em campanha salarial, realizaram greve, incluindo na pauta luta contra a privatização, já os petroleiros se mobilizam com assembleias lotadas por todo o país.

No dia 4 de setembro uma frente em defesa da Soberania foi lançada com a participação de diversos partidos como PT, PSOL, PDT, PSB, PCdoB, de entidades como CUT, MST, MTST e personalidades que incluem representantes da CNBB e parlamentares de outros partidos como PROS e do MDB.

Em carta dirigida a essa frente em que denuncia as privatizações, Lula fez um alerta e um chamado: “O povo brasileiro há de encontrar os meios de recuperar aquilo que lhe pertence. E saberá cobrar os crimes dos que estão traindo, entregando e destruindo o país. É urgente enfrentá-los, porque seu projeto é destruir nossa infraestrutura, o mercado interno e a capacidade de investimento público – para inviabilizar de vez qualquer novo projeto de desenvolvimento nacional com inclusão social. O povo brasileiro terá mais uma vez que tomar seu próprio caminho. Antes que seja tarde demais para salvar o futuro”.

A Frente adotou um extenso calendário que inclui uma caravana em defesa de Alcântara, atos em defesa da Amazônia, atos em defesa de estatais e, inclusive, um ato pela reestatização da Vale em Brumadinho no dia 25 de outubro.

Luã Cupolillo

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