Um pequeno grupo de operários organizou uma manifestação em frente à Jasic Technology, em Shenzhen, na manhã de 24 de julho para pedir sua reintegração. Eles foram demitidos e agredidos por capangas por tentarem criar um sindicato. “Nós queremos ser reintegrados! Queremos nos sindicalizar!”, diziam os operários, enquanto os guardas de segurança impediam sua entrada.
O protesto foi mais uma ação na campanha dos operários contra a proibição à criação de um sindicato. A campanha começou em maio, depois que as condições de trabalho na fábrica se deterioraram visivelmente. Eles disseram que a empresa os tratava “como escravos”.
Entre outros abusos, a direção deixou de pagar aos trabalhadores centenas de yuans (moeda chinesa – NdT) todos os meses e pagou a menos a seguridade social. Os trabalhadores levaram suas queixas à federação sindical de Pingshan, onde lhes foi sugerido que se sindicalizassem como um meio de resolver suas questões com a direção da Jasic. No entanto, ela já havia instalado seu próprio comitê de representantes dos trabalhadores, excluindo os candidatos que os militantes pró-sindicato haviam proposto.
Empurrados por capangas
Segundo o blog “Defesa dos direitos” a direção da Jasic acusou em seguida os ativistas de terem recolhido de modo ilícito as assinaturas para seu plano de sindicalização, sob a aparência de um pedido de medidas de segurança contra incêndio.
Os organizadores dos trabalhadores Mi Jiuping e Liu Penghua foram empurrados pelos capangas e formalmente expulsos. Quando tentaram entrar na fábrica, em 20 de julho, foram impedidos pelos agentes de segurança, alguns operários foram presos. Seus colegas mantiveram uma manifestação em frente à delegacia durante o fim de semana. Todos os trabalhadores foram depois liberados.
Em uma carta aberta (agora retirada), Mi Jiuping agradeceu a seus companheiros e enfatizou que “o direito à sindicalização é protegido pela lei chinesa e os trabalhadores exercem apenas o seu direito”. “Seria ilegal, ruim ou assustador se sindicalizar?” perguntou Mi, afirmando que “ninguém pode nos impedir de construir nosso próprio sindicato, ninguém pode destruir nossa solidariedade”.
Liu Penghua repercutiu isso em seu próprio relato público no WeChat (aplicativo semelhante ao WhatsApp – NdT). Liu exigiu que a Jasic assumisse a responsabilidade pelas agressões cometidas na empresa, assim como a transferência arbitrária dos militantes operários.
O sindicato do distrito de Pingshan anunciou em 23 de julho, que um grande passo foi dado, graças aos esforços para estabelecer um sindicato de empresa na Jasic Technology, onde os representantes da empresa estavam entrando oficialmente na fase preparatória “após dois meses de trabalho em comum”.
Esses relatos sobre o processo de criação de um sindicato na Jasic tornam difícil prever exatamente o que acontecerá na fábrica. Uma coisa, porém, é clara: os trabalhadores não podem ser demitidos por terem tentado se sindicalizar. Em vez disso, eles deveriam ser incluídos no processo e autorizados, como sindicalistas, a participar em eleições democráticas.
A Jasic Technology, fundada em 2005, fornece seus produtos e serviços em todo o país e no mundo, envolvendo várias indústrias, como a construção naval, caldeiras, petróleo, transporte de produtos químicos, construção, eletricidade, estruturas de aço, metalurgia e fabricação de veículos”. A fábrica de Shenzhen emprega cerca de mil pessoas.
Do China Labour Bulletin,
24 de julho