A pressão ocorreu ainda antes do primeiro turno. O conhecido apoiador de Bolsonaro em Santa Catarina, o empresário da Havan, Luciano Hang, gravou e publicou um vídeo ameaçando os trabalhadores de demissão, caso não votem no candidato de extrema-direita, Jair Bolsonaro (PSL).
Em Curitiba (PR), a pressão veio da rede de supermercados Condor, cujo fundador, Pedro Joanir Zonta, “preocupado” com as eleições, soltou uma carta onde pede votos para Bolsonaro, ataca os governos de esquerda dizendo que defendem o “fim da família”, “desestruturação das empresas públicas ou privadas”, “aumento do desemprego”, além da fantasia de “transformação do Brasil em uma Venezuela”, e outros absurdos.
Muitos outros exemplos “pipocaram” nas redes sociais.
Acionar os sindicatos e denunciar
Os sindicatos não podem, em hipótese alguma, aceitar essa ofensiva dos patrões. O presidente da CUT, Vagner Freitas, dá o tom “O que esses patrões estão fazendo com seus trabalhadores é absurdo, ilegal, desrespeitoso e autoritário. É terrorismo. É como se dissessem: vota no meu candidato ou fica sem emprego”.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) divulgou, no dia 1º de outubro, nota pública onde deixa claro que é proibida essa coação. Para o procurador-geral do trabalho, Ronaldo Curado Fleury, “se ficar comprovado que empresas estão, de alguma forma e ainda que não diretamente, sugestionando os trabalhadores a votar em determinado candidato ou mesmo condicionando a manutenção dos empregos ao voto em determinado candidato, essa empresa vai estar sujeita a uma ação civil pública, inclusive com repercussões no sentido de indenização pelo dano moral causado àquela coletividade” (site da CUT). Portanto é preciso denunciar ao MPT.
Após esta ação, o grupo Condor firmou acordo para divulgação de nota de esclarecimento se retratando e evitando ser multado. Já o dono da Havan está sendo processado pelo MPT-C.
Os sindicatos devem incentivar os trabalhadores a denunciar este tipo de coação e ir para cima dos patrões.
João B. Gomes
DE TRABALHADOR PARA TRABALHADOR
Na Zona Norte de São Paulo, após assembleia na Ocupação Douglas Rodrigues foi feita a discussão sobre o que está em jogo nas eleições e distribuída a “colinha” para que todos levassem para suas famílias, escolas, local de trabalho. Um companheiro que estava na assembleia, no dia seguinte, ao chegar no trabalho, se deparou com patrão fazendo reunião e pedindo voto em Bolsonaro. Ao final da reunião o patrão foi embora. O trabalhador tira da bolsa suas “colinhas” do Haddad e candidatos do PT e distribui, “fui de máquina em máquina”, disse ele, ressaltando que a recepção dos colegas foi positiva. Afinal, se Bolsonaro é o candidato dos patrões, os trabalhadores se sentem representados pelos candidato do PT.