Palestina – Continuam as manifestações o interior do Estado de Israel
Em um novo desenvolvimento, um número significativo de homens e mulheres judeus israelenses participam das manifestações que reúnem, todas as sextas-feiras nos últimos três meses, dezenas de milhares de palestinos indignados com a polícia israelense, que mata jovens palestinos e cobre as violências cometidas contra eles por gangues de criminosos.
Um militante palestino da Galileia entrevistou uma mulher judia israelense, Rachel, que estava presente na manifestação na sexta-feira, 2 de abril, em Umm al-Fahm, no norte do país. “Eu moro em Tel Aviv, tenho 52 anos e sou mãe de três rapazes. Vim para este país em 1992 com a esperança de viver em segurança e paz, mas vejo que o que nos disseram sobre Israel é uma grande mentira. O Estado de Israel não é democrático nem humano”, ela foi logo dizendo.
O que a motiva a vir aqui, na Galileia, para se juntar aos palestinos que estão se manifestando?
Venho aqui todas as semanas em solidariedade aos palestinos deste país. Eles têm cidadania israelense e Israel os considera cidadãos deste país. É possível que a autoridade de Israel esteja matando seus cidadãos, os cidadãos árabes? Desde o início do ano, a polícia israelense matou 25 jovens palestinos com carteiras de identidade israelenses. Eles foram mortos a tiros no peito ou nas costas. A polícia israelense alegou que esses jovens palestinos representavam um perigo para a polícia ou que foram mortos acidentalmente. É um ato criminoso, um ato que dá calafrios. Como judia e como ser humano, tenho o dever de sair para me manifestar e apoiar os palestinos contra os assassinatos e crimes que a polícia israelense está cometendo contra os árabes. Como judia, tenho vergonha de ser judia ou israelense.
A maneira como a polícia de Israel trata os palestinos muda sua visão do Estado de Israel ou do movimento sionista?
Escute, quero dizer algo importante. Atualmente, tenho dois filhos servindo no exército israelense e ouvi deles muitas histórias horríveis sobre os crimes que o exército israelense comete contra os palestinos. O que Israel fez em Gaza e o que a polícia israelense está fazendo contra os cidadãos árabes neste país me lembra a Gestapo na Alemanha; isso me faz pensar mais e mais e me leva a mudar minha mente e opinião sobre Israel como um Estado do povo judeu. Hoje, estou cada vez mais convencida de que a polícia e os militares israelenses estão servindo a um Estado dependente do capitalismo que visa suprimir e matar os palestinos. Agora entendo que Israel e o sionismo são uma grande mentira.
Você já ouviu falar da Campanha por Um Estado Democrático, por um só Estado democrático na Palestina?
Não, nunca ouvi falar. (Depois de explicar a ela o significado e o conteúdo da campanha por um único estado democrático em todo o território histórico da Palestina, ela expressou seu desejo de ver acontecer uma conferência-debate comum à qual participem judeus e árabes. Ela acrescentou que a ideia parecia maravilhosa, que correspondia aos interesses de judeus e árabes neste país, que não deveríamos aceitar os assassinatos, o terrorismo e a ocupação pelo Estado de Israel).
Você irá continuar a participar destas manifestações?
Sim, claro, eu e todos os camaradas judeus continuaremos nossa solidariedade com os palestinos. Onde quer que haja injustiça, ocupação e terror, devemos continuar a lutar juntos por uma vida melhor, para judeus e árabes. Devemos dar as mãos e lutar juntos contra esta injustiça e perseguição.
Obrigada por este encontro e por esta troca.
Publicado no jornal francês Informtions Ovrières
Tradução Adaias Muniz