Conferência europeia em 8 de julho foi um êxito
Militantes de 15 países da Europa durante 4 horas participaram virtualmente, em cerca de 100 pontos de recepção, da Conferência “Contra a guerra, contra a guerra social” realizada em 8 de julho passado a partir de Berlim.
Foram 33 falas, mensagens e saudações, dentre elas as de Sahra Wagenknecht e Sévim Dagdelen, deputadas do “Die Linke” e organizadoras do forte movimento anti-guerra existente na Alemanha.
A reunião foi presidida por Carla Boulboulle (da revista SoPoDe, Política Social e Democracia); Marcus Staiger (da associação Aquecimento, Pão e Paz); Evelin Genzel (do movimento Aufstehen) e Andreas Kutsche (da Aliança para a Paz de Brandeburgo e do sindicato Ver.di).
Gotthard Krupp (SoPoDe), em nome dos 9 promotores alemães, fez a introdução política: “É da maior urgência que as forças da resistência compartilhem as suas experiências e discutam como podemos nos organizar numa rede a nível europeu”.
Foi o que fizeram todas e todos que tomaram a palavra na sequência, vindos de diferentes origens, mas animados da mesma vontade de unir esforços contra a guerra e a guerra social feita pelos governos.
A gravidade da situação foi destacada: “A situação mundial atual apresenta muitas semelhanças com a situação imediatamente anterior à guerra mundial” (Marielle Leerand, Noruega). Outros oradores falaram do “risco de holocausto nuclear”.
Reunir as forças progressistas
“Obrigado por ter reunido todas as forças progressistas que lutam pela paz”, disse o italiano Maurizio Coppola, do Potere al Popolo.
“Parabéns por terem assumido a coordenação de várias iniciativas para a paz em toda a Europa. Estamos de acordo com o slogan ‘Não à guerra – Não à guerra social’, que liga a questão fundamental da paz ao movimento operário e a vários outros movimentos”, disse Evangelina Sotiropoulou, da Ação anti-OTAN da Grécia.
Coppola afirmou ainda em relação ao governo italiano, liderado por Giorgia Meloni: “A linha belicista do governo no exterior é acompanhada por uma linha belicista contra os trabalhadores em nosso país”.
Jérôme Legavre, deputado do LFI (França Insubmissa) e militante do POI, falou ao regressar da manifestação “Justiça para Adama”, proibida pelo governo de Macron.
O mesmo governo “que está obrigando a que se trabalhe mais dois anos”, em referência à reforma das aposentadorias imposta pelo governo francês.
Pedro Soares, do Bloco de Esquerda (Portugal), salientou: “Sob a cobertura da guerra na Ucrânia, aprofunda-se na União Europeia a guerra social. Os protestos em várias cidades francesas contra o assassinato do jovem Nahel pela polícia, demonstram o profundo problema social que se alastra à medida que os liberais de Macron aumentam a ofensiva contra os direitos e rendimentos de uma população cada vez mais insegura, discriminada e esquecida, que se estende ao norte e ao sul da Europa.”
Ludo de Brabander (Bélgica) concluiu: “O movimento pela paz deve continuar a convencer os sindicatos e outros movimentos sociais de que os nossos interesses convergem e que devemos fazer campanha em conjunto pela paz e pela justiça social”.
Recusa ao fornecimento de armas
Outros oradores criticaram partidos de esquerda que apoiam a guerra, a OTAN e o fornecimento de armas.
Beppe Savary Borioli (Suíça) denunciou o fato de que em seu país: “o Partido Social-Democrata colocou o seu capacete e o nosso executivo vai entregar os seus tanques”. Ele recordou que, durante a Segunda Guerra Mundial, “os suíços entregavam armas aos nazistas, faziam negócios durante a semana e, no fim de semana, rezavam pela paz”.
Andrej Hunko, deputado alemão, concluiu o seu discurso dizendo: “Como pessoa de origem ucraniana, devo dizer que a verdadeira solidariedade significa pôr fim a esta guerra. Precisamos de um cessar-fogo agora. Isso é solidariedade. A exportação de armas não tem nada a ver com solidariedade.”
Comitê de ligação e nova conferência presencial
A proposta feita na abertura da discussão por Gotthard Krupp da constituição de um Comitê de Ligação europeu foi apoiada em várias intervenções.
“Só nos ajudando uns aos outros e ajudando os povos da Europa a encontrar a via da unidade contra a guerra militar e social poderemos evitar a ameaça de uma terceira guerra mundial, cujas consequências são inimagináveis.” (Anton Schou, Dinamarca).
No encerramento, Carla Boulboulle, além da criação do Comitê de Ligação europeu, anunciou a preparação de uma nova conferência, desta vez presencial, para o início de 2024.
Ela também recordou as palavras dos revolucionários alemães Karl Liebknecht: “O inimigo principal está no nosso próprio país!” (maio de 1915) e Rosa Luxemburgo: “Neste momento de loucura armamentista e de orgias bélicas, só a decidida posição combativa das massas trabalhadoras, só a sua capacidade e disponibilidade para uma poderosa ação de massas, poderão ainda (…) preservar a paz mundial” (30 de abril de 1913).
Correspondente