Crise no Rio de Janeiro

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Com o exército na rua, o governo Pezão (PMDB) quer fazer o ajuste fiscal

O exército está na rua em todo o estado do Rio de Janeiro.

A justificativa dada por Raul Jungmann, ministro da Defesa do governo golpista, é a de que é preciso fazer uma “assepsia” no Rio (entrevista CBN, 25/07). Jungmann tenta conquistar a simpatia da população ao dizer que a presença das Forças Armadas é uma “declaração de guerra” contra o tráfico e os “bandidos”. O governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse ter certeza que a intervenção militar “vai ajudar o Rio” e que “o importante é que vai até 2018”! (O Globo, 28/07). O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), colocou a Guarda Civil Municipal “à disposição” do exército. O presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ), comemorou a decisão. A Globo golpista, é claro, apoia.

Entretanto, o drama do funcionalismo continua e Pezão, que deixou o estado à deriva, é visto com descrédito pela população. A maior parte das categorias está sem receber desde abril. Os servidores disputam cestas básicas em filas quilométricas. Como pode haver segurança, saúde, educação se o governo aplica uma política de desmonte das instituições públicas, como no triste caso da Universidade do Estado do Rio de Janeiro?

Não é coincidência que o exército esteja na rua enquanto o governo Pezão negocia com Henrique Meirelles, o pacote de ajuste fiscal, esse sim uma verdadeira declaração de guerra contra a população e os servidores do Estado.

Rio, “laboratório” do Plano de Segurança Nacional
Temer, em acordo com Pezão, colocou o exército na rua por meio da assinatura de Garantias da Lei e da Ordem (GLOs) – em que os militares podem atuar enquanto poder policial –, prevendo a ação inicial de 8.500 homens. Sérgio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse há meses atrás que o Rio seria o “laboratório” do Plano Nacional de Segurança.

De fato, parece que a ideia dos golpistas é fazer da experiência do Rio um ensaio geral. Em 24 de maio, quando 200 mil trabalhadores foram a Brasília protestar contra as contrarreformas trabalhista e da previdência, Temer também chamou o exército (fazendo uso da GLO), para reprimir violentamente os manifestantes.

Os atos no Rio contra Temer e as contrarreformas são reprimidos com brutalidade pela polícia.
Agora, às vésperas do ajuste fiscal, costurado num conluio entre o governo federal e estadual, quem pode se sentir mais seguro vendo o exército na rua?

O ajuste fiscal, ataque contra o povo do Rio
Meirelles diz que a condição para a “ajuda” do governo federal ao Rio, de empréstimos de cerca de 3 bilhões junto a bancos privados e BNDES, é a privatização da Cedae (estatal de águas e esgoto) e a venda da folha de pagamentos dos servidores para uma instituição financeira.

Sem esconder a satisfação, o jornal O Globo (28/07) festeja que, depois do Rio, o próximo estado a ser “beneficiado” é o Rio Grande do Sul.

Durante todo o período, não faltaram protestos contra o pacote de Pezão. Entretanto, os longos anos de aliança e colaboração do PT com o PMDB no estado não passaram sem duras consequências. O episódio em que André Ceciliano, deputado estadual pelo PT, presidiu a sessão da Alerj em que votou no ajuste, é um exemplo. É de se perguntar porque o PT-RJ ainda aceita este deputado em suas fileiras!

No Encontro Estadual do PT, foi aprovada a luta contra o ajuste do Pezão. Resolução justa, mas que exige a recusa, pelo PT, seus dirigentes e parlamentares, de toda aliança ou colaboração com os partidos e interesses dos golpistas.

Francine Iegelski

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