Desigualdade e coronavírus

A ONU alerta para o impacto desproporcional que a covid-19 está tendo entre as populações negras e cita o caso do Brasil como exemplo de tal fenômeno. Afro-brasileiros em São Paulo têm 62% mais chance de morrer da Covid-19 que brancos.

Num comunicado emitido hoje, a organização destaca o “aumento das disparidades” na forma como a covid-19 está afetando as comunidades, e o grande impacto desproporcional que está tendo sobre as minorias raciais e étnicas, incluindo pessoas de ascendência africana.

De acordo com a nota da ONU, em São Paulo, “as pessoas de cor têm 62% mais probabilidade de morrer da COVID-19 do que os brancos”. Dados do boletim epidemiológico da Prefeitura de São Paulo apontaram em abril que o risco de morte de negros por covid-19 era 62% maior em relação aos brancos.

Nos Estados Unidos, a taxa de mortalidade da COVID-19 para afro-americanos é relatada como sendo mais que o dobro da de outros grupos raciais. “Da mesma forma, dados governamentais da Inglaterra e do País de Gales mostram uma taxa de mortalidade para negros, paquistaneses e bangaleses que é quase o dobro da dos brancos, mesmo quando a classe e alguns fatores de saúde são levados em conta”, afirmou a entidade.

“Medidas urgentes precisam ser tomadas pelos Estados, tais como priorizar o monitoramento e testes de saúde, aumentar o acesso à saúde e fornecer informações direcionadas para essas comunidades”, insistiu.

De acordo com a ONU, tais disparidades provavelmente resultam de múltiplos fatores relacionados à marginalização, discriminação e acesso à saúde. “Desigualdade econômica, habitação superlotada, riscos ambientais, disponibilidade limitada de cuidados de saúde e preconceito na prestação de cuidados podem todos desempenhar um papel”, indicou. “Pessoas de minorias raciais e étnicas também são encontradas em maior número em alguns trabalhos que comportam maior risco, inclusive nos setores de transporte, saúde e limpeza”, afirma a ONU, em uma nota.

“Este vírus está expondo desigualdades endêmicas que há muito tempo têm sido ignoradas. Nos Estados Unidos, protestos desencadeados pela morte de George Floyd estão destacando não apenas a violência policial contra pessoas de cor, mas também as desigualdades em saúde, educação, emprego e discriminação racial endêmica”, alertou.

“É uma tragédia que foi preciso COVID-19 para expor o que deveria ter sido óbvio – que o acesso desigual aos cuidados de saúde, a habitação superlotada e a discriminação generalizada tornam nossas sociedades menos estáveis, seguras e prósperas”, completou.

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