É preciso que a CUT saia de sua “quarentena”

Reunida em 9 de junho, após a retomada das ruas por manifestações populares contra o governo Bolsonaro, a Executiva nacional da CUT rejeitou por maioria a proposta feita por João Batista Gomes e Marize Carvalho de que a central deveria convocar e ajudar na organização de mobilizações de rua – com todos os cuidados que a situação de pandemia exige (máscaras, gel, distância e segurança própria) – pelas reivindicações e contra o governo Bolsonaro.

A resolução dessa reunião diz que “a CUT não vai convocar as categorias para manifestações de massa para evitar a aglomeração de pessoas, o que pode impulsionar a disseminação da contaminação e agravar a situação sanitária”, para mais adiante afirmar que as manifestações de rua “expressam vitalidade e uma resposta contundente à situação de opressão vivida pelos trabalhadores, juventude e a população negra, a CUT apóia estes movimentos e reconhece a sua importância e legitimidade”.

Mesmo estando cientes que vários sindicatos, federações, confederações e as CUTs estaduais já convocam e participam de mobilizações de rua, alguns dirigentes ligados à Articulação Sindical e à CSD resistem a engajar plenamente a central nessa retomada, em nome de um “isolamento social” transformado em absoluto, com argumentos como o de Sérgio Nobre de que “as 120 mil mortes previstas pela pandemia tem que ir para o colo do Bolsonaro e não do nosso”.

Quem é o responsável, se não Bolsonaro?
Ora, a responsabilidade pelos efeitos dramáticos da COVID-19 no Brasil é toda do governo Bolsonaro. Ela não é dos sindicatos ou movimentos populares que saem às ruas para exigir o fim desse governo e nem tampouco poderia ser atribuída à CUT. Combater a pandemia hoje é lutar pelo fim do governo Bolsonaro, nas ruas e em unidade com os movimentos populares e da juventude.

É preciso que as entidades sindicais cutistas entrem neste debate e se dirijam à Executiva nacional para que mude essa sua atual posição paralisante.

Em 13 de junho, o Conselho de Representantes da Apeoesp – o maior sindicato filiado à CUT – adotou uma resolução que diz: “A Apeoesp apóia todas as manifestações em defesa da democracia, contra o fascismo, pelo fim do governo Bolsonaro/Mourão e pelos direitos da classe trabalhadora que vem levando milhares de trabalhadores, estudantes e outros segmentos às ruas. Ao mesmo tempo, continuamos a defender o isolamento social horizontal como única medida eficaz para conter a pandemia. Portanto, devem ser preservadas todas as medidas de prevenção ao contágio. ”

Sim, apoiar e participar das manifestações, com medidas de proteção ao contágio, é o que a CUT nacional deve adotar como orientação.

JT

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