Economia patina no fundo do poço

De 2015 a 2016, o PIB derreteu 8% – um desastre

As pressões golpistas começaram logo após a reeleição de Dilma. A Lava Jato paralisou indústrias inteiras, veio o ajuste fiscal de Levy e, ainda mais, após o golpe, os cortes de Temer, que fizeram a produção do país voltar ao tamanho de 2010.

Agora, o governo e a mídia festejam o PIB de 2017 ter crescido… 1%!

Mas não há sinal de recuperação sólida, sustentável. A política golpista rejeita qualquer estimulo ao investimento público e privado, ao consumo ou ao comércio exterior.

Ao contrário, a política é de aprofundar permanentemente as contrarreformas, os cortes de gastos públicos, incluindo os sociais, com juros altos, restrição de crédito (do BNDES às empresas, da Caixa às famílias etc.) e com aumentos dos preços administrados (energia, combustíveis…).

Tudo isso mantém o ciclo vicioso: menos contratação (pelo Estado, pela Petrobras e outras estatais) de empresas fornecedoras, menos investimentos, levam a menos empregos e menos consumo, e assim por diante.

A alta do desemprego veio acompanhada por um brutal aumento da informalidade e precarização (ver abaixo). E o país tende a manter-se numa depressão: crescimento nulo ou negativo no longo prazo, ainda que intercalado por breve recuperação em um trimestre ou dois, apenas para, em seguida, voltar a cair.

Não há possibilidade de retomada da produção industrial, pois a reforma trabalhista e a precarização por ela trazida, esmagam a massa salarial e impedem a recuperação no consumo.

Como desativar a “bomba do déficit”
Com nível de atividade tão baixo – causado ou aprofundado pela redução de gastos e investimentos públicos, pelo desmonte da indústria petrolífera e a de construção (pela Lava Jato) – a arrecadação de impostos despencou muito mais do que a queda nos gastos do governo. Isso tem gerado déficits primários crescentes. Como a taxa de juros real (paga pelos títulos da dívida do Tesouro) continua muito alta, bem acima da inflação, os gastos financeiros do governo também crescem sistematicamente. Isso tem gerado uma forte elevação do endividamento público, uma bomba para explodir no colo do próximo governo.

E a bomba só pode ser desativada com a retomada do crescimento. O que, por sua vez, só virá com a volta de gastos e investimentos públicos. O que exigirá a derrubada tanto da emenda constitucional que congela investimentos, quanto da Lei de Responsabilidade Fiscal, que impedem ampliar de gastos (sociais inclusive) financiados.

Alberto Handfas


Destruição do emprego e renda

Desde 2014, o Brasil perdeu por ano 1 milhão de postos de trabalho com carteira assinada. E ganhou 8,6 milhões de miseráveis. O país encerrou 2016 com 24,8 milhões de brasileiros vivendo com menos de um quarto de salário mínimo (dados do IBGE).

Entre 2014 e o final de 2016, o número de brasileiros que viviam com menos de R$ 220 mensais saltou de 16 para 25 milhões (12,1% da população). O país retrocedeu 10 anos no nível de “miséria extrema”.

A taxa média de desemprego de 2017 ficou em 12,7%, mais de 13 milhões de brasileiros, bem mais do que os 11,2% de quando Temer usurpou a presidência, em maio de 2016.

A pesquisa PNAD-IBGE revela a destruição de 3,5 milhões de empregos formais entre 2014 e 2017 (ver gráfico no topo). Com a reforma trabalhista de Temer, os patrões começaram a demitir trabalhadores formais e recontrata-los por temporários, sem carteira assinada.


5% bilionários têm 50% da riqueza

Estudo da consultoria Tendências mostra que a massa de rendimentos dos mais ricos (“classes média-alta e alta”) cresceu 10,3% no primeiro semestre de 2017, comparada ao mesmo período de 2016. Os mais pobres, “classes D e E”, apresentaram perda de 3,15%.

Enquanto isso, o país ganhou 12 novos bilionários em 2017, segundo relatório da Oxfam. Eles somam 43 ultrarricos. 5 deles têm riqueza igual à da metade da população. E pagam pouquíssimo impostos. Os 10% mais pobres gastam 32% de sua renda em tributos, a maior parte indiretos (sobre bens e serviços), e os 10% mais ricos gastam 21%.


Temer vende o país em Davos

Temer foi ao Fórum Econômico Mundial em Davos vender o Brasil, prometendo – com suas contrar-reformas – muito lucro às multinacionais.

Não recebeu muita atenção, tamanha a falta de credibilidade e a instabilidade política que todos conhecem. Discursando a um auditório semi-vazio, disse: “Muitos estão perguntando se nossa jornada não estaria ameaçada pelas eleições que se aproximam, mas nós já completaremos nossa jornada”.

Destacou “avanços” no setor de petróleo e gás enfatizando a diferença entre os governos de Lula e Dilma e o seu.

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